Uma curiosidade comum nas pessoas: como um cego lê? Muitos nos imaginam passando os dedos sobre um grande livro cheio de bolinhas. O velho e bom Braille! Isso já foi verdade. Sou alfabetizado graças ao Braille.
Com a máquina de escrever em Braille datilografava. Seis teclas definiam os sinais. Rápido e fácil. Isso me permitiu ler e escrever, mas você não entenderia. E eu só teria acesso a textos que você lê se alguém o transcrevesse em Braille para mim.
Surgiu o computador e mudou a forma de como um cego lê! Nunca esquecerei: Em 2000 compramos o primeiro. Sou atento às novidades que facilitem minha vida. Instalamos o Virtual Vision, que transforma em fala o que está escrito na tela. Estava em férias. Claudia estava trabalhando. Ela havia escrito uma matéria para o Estadão sobre dois rapazes gêmeos que faziam sucesso. Li um texto sozinho, que não estava em Braille, pela primeira vez na vida. Chorei. A partir daí podia ler jornais, revistas, artigos, bobagens, e-mails e o que quisesse. Estava livre.
A tecnologia continuou avançando. Os celulares ganharam os aplicativos que transformam escritos em fala também. Com isso, tive acesso aos livros digitais e audiolivros. Abriu-se um outro universo.
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Há alguns anos fomos a uma Feira para Reabilitação e algo nos fascinou. Tratava-se de uma minúscula câmera acoplada em uma haste de óculos, que transforma em som qualquer coisa que esteja escrita na frente da pessoa que o estiver usando. Desde páginas de livros até placas de ruas. Era um investimento alto. Hoje tenho quase tudo proporcionado pela tecnologia no celular.
Quando me aposentar, provavelmente o comprarei. Agora o custo–benefício não compensa. Mas é bom saber que isso existe.(Foto: Mikhail Nilov/Pexels)
JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA
Formado em Psicologia na Universidade São Francisco (USF) e Psicanálise pelo IPCAMP(Instituto de Psicanálise de Campinas). Atua no AMI (Ambulatório de Moléstias Infecciosas da Prefeitura de Jundiaí) e em consultório particular. É deficiente visual. WhattsApp: (11) 982190402.
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