CONFISSÕES de uma transsexy: ‘Cheguei em Jundiaí via cafetinagem’

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8 de fevereiro de 2020

Eu me chamo Maria Fernanda. Sou transsexy. A partir de hoje vou contar um pouco das minhas experiências em Jundiaí. Serão as minhas confissões. Sou de Castanhal, Pará. Cheguei aqui há alguns anos com o sonho de me realizar como transexual, buscar os sonhos que tinha quando menino. Deixei para trás família, estudos, amigos. Vim para Jundiaí sem ter medo de enfrentar a vida. Mas cheguei via cafetinagem e logo cai nas ruas para fazer programas.

Foi um processo bem triste. Ter que passar noites em claro, no frio. Não conseguia clientes. Fui humilhada. Vândalos passavam e jogavam ovos, garrafas, sacos de lixo e até urina. Chorei sim!

Várias e várias vezes naquele frio em busca de dinheiro para pagar a diária, outros trans me zoavam porque eram mais bonitas. Eu não sabia me maquiar, me vestir e nem arrumar o cabelo.

Apanhei de clientes. Eles sabiam que estava começando e era inocente de tudo. Em programas em que acabava sendo assaltada, vários colocaram armas no meu rosto. Pelas ruas, riam de mim. Ou me xingavam.

Os anos passaram e eu conquistei meu espaço aos poucos. Conheci pessoas do bem que foram me ensinando a me arrumar, me comportar, me maquiar. Deixei de ser inocente, boazinha. Comecei a ser má com quem não merecia a minha bondade.

Injetei silicone industrial em meu corpo. Aí as coisas começaram a melhorar. Os clientes passaram a me enxergar de outra maneira. Comecei a ganhar bastante dinheiro. Porém, tudo ia para a cafetina. Quando acabei de pagar a conta que tinha, ela foi assassinada.

Fui morar em São Paulo. Coloquei seios de silicone. Passei uma temporada na capital. Também me colocavam para ficar nas esquinas. Correram atrás de mim com um facão. Em Indianópolis até tentaram bater em mim com um taco de beisebol. Só por não aceitar quem sou. Mas, apesar de tudo, com certeza sofri mais em Jundiaí do que em São Paulo.(Foto redes sociais)