Embate no CONGRESSO

CONGRESSO

A oposição tenta bloquear a votação dos projetos do governo no Congresso Nacional. Ela acusa o governo de estar infiltrado por esquerdistas que querem implantar o socialismo no Brasil. Nada escapa a um duro debate no plenário, nem mesmo as relações internacionais do país ficam de fora. A esquerda rotula a política norte-americana para a América Latina de imperialista e por isso faz forte resistência contra a instalação de novas empresas estrangeiras no Brasil e o envio dos lucros obtidos aqui para as suas matrizes na Europa ou nos Estados Unidos. O tema reforma agrária é uma constante nos discursos e a oposição diz que o agronegócio é responsável pela balança comercial favorável. Repudia com veemência os movimentos agrários rurais que são turbinados com dinheiro externo, dizem os líderes da direita. A mídia está fortemente envolvida no debate político e deixa clara sua narrativa. Ora à direita, ora à esquerda.

Os partidos de esquerda apoiam o governo e desejam transformações sociais mais profundas, entre elas a reforma agrária. Com isso, grandes proprietários de terras que praticam o agronegócio rejeitam o que chamam de desapropriação de propriedade privada e burla da Constituição do Brasil. Querem que os terrenos para fins de reforma agrária sejam pagos em dinheiro. Os governantes apoiam a tese da presidência de que os remuneradores devem ser por meio de um papel conhecido como Títulos da Reforma Agrária. Estas duas posições antagônicas acirram os debates entre as bancadas partidárias no Congresso Nacional – e o debate chega a um ponto sem retorno. Afinal de que lado está o presidente da República? Dos latifúndios ou dos camponeses que almejam a posse de terra para plantar e melhorar a vida de suas famílias?

OUTROS ARTIGOS DE HERÓDOTO BARBEIRO

SUPREMO AMEAÇADO

MILITARES

SEM SAÍDA

Manifestações públicas são marcadas pela esquerda e pela direita, principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo. O presidente faz um começo e anuncia o começo da reforma agrária nas terras próximas às estradas federais. Isso repercute imediatamente no Congresso Nacional e as bancadas do agronegócio partem para o tudo ou nada. O clima político do Brasil é de animosidade e de radicalismo. A direita incentiva os militares a derrubarem o governo sob o argumento de que o presidente é associado aos comunistas e é corrupto. As tropas saem dos quartéis e marcham de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. O presidente João Goulart viaja para Brasília e de lá vai para Porto Alegre. Na madrugada de primeiro para dois de abril o Congresso Nacional se reúne e declara vaga a presidência da República sob o argumento de que Jango fugiu. O presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declara vaga a presidência da República e empossa o presidente da Câmara, o deputado Ranieri Mazzilli. A direita vence a esquerda e se apossa do governo. Ela se preparou para governar até a próxima eleição presidencial direta, agendada para 1965. Isso nunca ocorreu.(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO

Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES