MILITARES

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Os militares querem impedir a posse do presidente eleito. Quem conhece um pouco da história da República brasileira não se surpreende. Desde o início da República, os militares se posicionaram como os salvadores da pátria. Isso se agrava com o advento da luta ideológica entre o capitalismo e o comunismo. As escolas militares, influenciadas pelos americanos, doutrinam os jovens militares que assumem o comando dos quartéis com a missão de impedir que os esquerdistas assumam o controle do país. Os militares estão atentos aos movimentos políticos e expressam a sua opinião por meio de artigos e entrevistas nos principais veículos de comunicação. A grande concentração militar está na capital do Brasil, sob o pretexto de proteger o regime, mas para alguns líderes da oposição é uma verdadeira espada de Dâmocles sobre a cabeça dos que querem mudanças no país.

O presidente eleito é acusado de ter ligações com a esquerda. Isso não é inaceitável para as elites brasileiras, que não abre mão dos privilégios que acumularam durante tanto tempo. O agronegócio está de olho na proposta de reforma agrária que consta do programa de um dos partidos que apoiam o governo. A burguesia nacional não quer concorrência com a abertura do mercado para a importação de produtos que possam chegar ao Brasil com preços mais competitivos. A onda oposicionista considera que a única forma de impedir que um grupo de eleitos seja articular um golpe de Estado. Para isso é necessário movimentar as forças militares. A conspiração se desenvolve rapidamente e divide o país. Os partidos se acusaram mutuamente, em debates no Congresso Nacional, de tramar um golpe de Estado e minar o sistema democrático. Há até ameaças pessoais entre os deputados. Cada grupo tem sua própria narrativa sobre a responsabilidade da crise que o Brasil vive.

A Aeronáutica é o ninho de resistência militar contra o pelotão do novo presidente da República. Apesar de não ser a principal força militar do país, perdeu para o Exército e para a Marinha, tem a tradição de se rebelar contra o governo desde uma crise que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas. Surpreende a todos a notícia que oficiais da FAB tomaram a base aérea e se prepararam para atacar tropas federais federais à rebelião. Os militares querem a derrubada de Juscelino Kubitschek, eleito em 1955, e seu vice é o autoproclamado sucessor do varguismo, João Goulart. O golpe tem como centro a base aérea de Jacareacanga, no Pará. As forças federais cercaram a base no primeiro ano do governo de JK, mas a Aeronáutica não consegue motivar nem o Exército e nem os civis.

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Os líderes da rebelião fogem para países vizinhos e são anistiados pelo Congresso Nacional. Mas o grupo, comandado pelo major Veloso e pelo coronel Burnier, três anos depois volta a tentar o golpe. Fazem o primeiro sequestro aéreo do Brasil ao capturar um avião da Panair que viajava para Manaus, e tomam aviões de caça e de transporte da FAB. Veloso e Burnier esperam o apoio da União Democrática Nacional e das forças militares. Sem sucesso. Uma rápida ocorrência do Exército faz com que a rebelião não dure mais do que 36 horas e mais uma vez os líderes sequestram aviões e aterrissam em países limítrofes do Brasil. Desta vez, Juscelino não apoia a anistia e deixa uma crise para ser resolvida pelo seu sucessor: Jânio Quadros. Ele tenta um golpe em 1961, sem êxito, e renúncia à presidência do Brasil.(Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

HERÓDOTO BARBEIRO

Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”

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