Confissões de uma transsexy: ‘Jundiaiense repara até na cor das UNHAS’

Os jundiaienses são muito observadores. Reparam até na cor das unhas dos outros. É claro que não são todos. Eu diria que quase 90% da população é assim.

Como transsexual sempre retorno à cidade. E volto de bem com a vida, com autoestima. Quando dou meus passeios, as pessoas continuam me olhando e cochichando. Parece que sou um alienígena.

Mas já foi pior. Antes eu era o centro das fofocas, das críticas, da homofobia. Quando entrava em algumas lojas, um funcionário passava a me seguir. Pensavam que eu iria furtar algo. Não perguntavam se eu precisava de algo. Eu me sentia envergonhada, para baixo.

Era difícil ver as pessoas me criticando por ser trans. Usavam termos baixos como ‘viado’, ‘traveco’. Pessoas sem cultura. Sem formação. Sem condições de tratar um ser humano.

Também fui ignorada em hotéis e pensões. Muitas vezes fui deixada falando sozinha em lojas, supermercados. Até gerentes faziam isto.

Também tinha de lidar com engraçadinhos que, em grupos, apontavam para mim e diziam um para o outro: ‘a sua mulher chegou’, ‘sua namorada está aí’. E davam gargalhadas.

Um dia, policiais invadiram a pensão onde eu estava. Procuravam uma travesti que havia assassinado um PM. Algumas de nós foram agredidas com murros. A pressão foi total. E a criminosa não estava ali.

Naquele mesmo dia decidi ir para São Paulo. Voltei uma semana depois. Cai na depressão. Tive arritmia cardíaca. Fui parar no hospital. A cena dos policiais na pensão na saia da minha cabeça.

Tive síndrome do pânico. Tinha medo de comer, de sair do quarto, de conversar, de assistir televisão e até de beber água.

Alguns trans diziam que eu iria morrer, que eu tinha HIV, que estava doente. Era só isto que eu escutava delas. Eu chorava. Tentei me matar várias vezes. Mas Deus estava por perto e me impediu.

Passei fome. Fiquei pele e osso. Mas Deus enviou um anjo, a tia Maria, que trabalhava na pensão. Ela me deu força e me ajudou a superar. A depressão se foi e voltei a viver.


MARIA FERNANDA

Transexual, 26 anos. Está escrevendo um livro com suas histórias. (@soubelasim)

 


VEJA TAMBÉM

CLIMATÉRIO E MENOPAUSA: MUDANÇAS NA PELE, CABELOS E UNHAS TÊM SOLUÇÃO. VEJA VÍDEO COM A GINECOLOGISTA LUCIANE WOOD

COMO FAZER COM QUE O ATO DE ESTUDAR SEJA MENOS CHATO. A ESCOLA PROFESSOR LUIZ ROSA SABE…

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES

PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI