Juntar pequenos e microempreendedores em um mesmo espaço, alguns até concorrentes, para fazer com que pudessem apresentar marcas, produtos e serviços parecia loucura. Tanto que pouco mais de 140 CNPJs apareceram na primeira edição, em agosto de 2022. De lá para cá, no entanto, a feira se transformou em uma grande vitrine para MEIs (Microempreendedores Individuais), MEs (Microempreendedores) e EPPs (Empresas de Pequeno Porte). O sucesso é comprovado em números: em cinco edições, a feira já reuniu 2 mil empreendedores, juntou 130 mil pessoas no Parque Comendador Antônio Carbonari e gerou uma movimentação financeira superior a R$ 7 milhões. Idealizador desta iniciativa quando ainda estava no comando da Unidade de Gestão de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, o vereador Cristiano Lopes foi procurado essa semana pelo Jundiaí Agora para falar a respeito da feira e também de uma polêmica fala durante o Grande Expediente da sessão da Câmara Municipal, semana passada. Confira:
Jundiaí Agora – A Prefeitura divulgou recentemente os números da 5ª FENS e comemorou um recorde de faturamento dos participantes. Embora o evento seja novo, parece que já caiu no gosto da população. Como você explica isso, Cristiano?
Cristiano Lopes – A FENS é um projeto de fomento ao empreendedorismo que deu certo porque os pequenos e microempreendedores acreditaram nela. Quando surgiu a ideia, depois de uma visita que fiz com o então gestor de Governo e Finanças, José Antonio Parimoschi, às feiras de Paris, na França, e Barcelona, na Espanha, ouvi algumas pessoas dizerem que não iria dar certo, que não teria adesão. O resultado está aí, com recorde de R$ 1,9 milhão em movimentação financeira nessa quinta edição. Isso é mérito deles próprios, que ajudam a divulgar a feira e trazem seus clientes, e também da administração do prefeito Luiz Fernando Machado, por acreditar que é possível desburocratizar os serviços, auxiliar os empreendedores e dar a eles oportunidades para alavancar a marca, os produtos e serviços.
Como avalia a evolução da FENS, da primeira à quinta edição, Cristiano?
A primeira edição, em agosto de 2022, foi bem tímida. Tivemos pouco mais de 140 empreendedores participando, era tudo muito novo e não tínhamos experiência em organização de eventos desse tipo. Mas quem participou gostou muito, teve expositores que tiveram boas vendas e quem não participou também esteve no Parque da Uva e viu que era uma coisa boa, bem organizada. Hoje em dia há fila de espera para participar da FENS, que reúne mais de 400 empreendedores por edição sem cobrar um centavo deles. Tornou-se um evento para as famílias, com muitas atrações, novidades e boa comida, além de promoções e descontos exclusivos.
Você não está mais no comando da feira, mas permanece no evento e, como os próprios empreendedores disseram ao Jundiaí Agora, continua “cuidando” de todos eles. Por que?
Os pequenos e microempreendedores me ensinaram muitas coisas. O espírito que eles chegam na FENS te motiva, porque estão sempre com um sorriso no rosto, querem participar, encontrar soluções para os negócios e crescer, prosperar. Não têm tempo para ficar reclamando, achando que não vai dar certo. Eles acreditaram e abraçaram a feira de uma maneira que contagiou a todos. Como atleta profissional do motocross, sempre digo que o esporte me ensinou muitas coisas boas e Jundiaí sempre me apoiou nas competições, nas disputas internacionais e nos títulos que conquistei em mais de 30 anos de carreira. Tinha que retribuir de alguma forma e foi na política que consegui fazer isso. Com políticas públicas, seja como secretário de Esportes, de 2013 a 2016, como vereador, de 2017 a 2020, como gestor de Desenvolvimento Econômico, de 2021 a 2023, e agora, novamente como vereador reeleito.
Cristiano, na semana passada, uma fala sua na tribuna da Câmara repercutiu muito. O recado foi direto, com você dizendo que “a FENS não tem dono”. Por que fez isso e para quem foi direcionada?
Ninguém deve confundir política pública com politicagem. A FENS foi idealizada por mim, com total apoio de diversas Unidades de Gestão, mas faz parte de um grande ecossistema criado a partir do programa Jundiaí Empreendedora, executado pela Prefeitura de Jundiaí depois de ser aprovado como lei pelos vereadores da Câmara Municipal. O único intuito é o de fortalecer os pequenos e microempreendedores e dar a eles oportunidades que nunca haviam tido. Em ano eleitoral, sempre tem quem ache maldosamente que se está tirando proveito de uma situação. A FENS foi criada em 2022, não foi este ano! Hoje ela é uma política de governo, depois que aprovamos a lei que garante a realização da feira independentemente de quem esteja à frente do governo municipal. Ela não tem dono e deve continuar assim, porque nada pode ser maior que o interesse público. Eu não vivo da política, tenho minha empresa que completa 60 anos em 2024 e sempre deixei bem claro isso. Agora, se tem pessoas que estão incomodadas com este trabalho é porque não entenderam tudo o que foi feito até agora pelo empreendedorismo da cidade. Não vou dizer nomes. Os políticos passam, os governos mudam… mas as pessoas estarão aqui, fazendo aquilo que elas entendem ser importante para elas e para o desenvolvimento da cidade.
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Seu trabalho, agora, continua na Câmara Municipal como vereador, depois de ter se desligado do comando do Desenvolvimento Econômico. O que pode ser feito no Legislativo em benefício dos empreendedores?
Já temos feito isso desde o primeiro mandato, em 2017. Aprovamos leis importantes, como a que assegura a realização da FENS, a Lei Municipal de Liberdade Econômica, a que permite o uso de mesas e cadeiras nas calçadas, por bares e restaurantes, desde que não atrapalhe a passagem de pedestres e cadeirantes, a Lei de Fomento à Cultura Equestre. Criamos, também, a Comissão Especial de Empreendedorismo, Empregabilidade e Internacionalização, para elaboração de estudos, análises, levantamentos e debates a respeito deste tema. São ações que fazem parte de uma Política Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Internacionalização. Agora, junto com um grupo de mulheres empreendedoras, estamos discutindo formas e ações que potencializem ainda mais nossos pequenos e microempreendedores. Tem sido muito gratificante aprender com todas elas.
Nos bastidores da política local, seu nome tem sido tratado como um possível pré-candidato a vice-prefeito na chapa do ex-gestor de Governo e Finanças, José Antonio Parimoschi, escolhido pelo prefeito Luiz Fernando Machado para ser o sucessor no poder Executivo. Isso procede?
A expectativa em torno do nome de quem será o vice na chapa do José Antonio Parimoschi é grande e gera todo tipo de especulações, mesmo. Fico feliz por ser lembrado, mas estou trabalhando para a minha reeleição como vereador e apoio o Parimoschi para prefeito. Além de amigo, conheço o trabalho dele como gestor, a experiência de quase 30 anos na vida pública e o que ele pode fazer para a cidade em termos de qualidade de vida, desenvolvimento econômico e social. Já temos visto isso enquanto ele esteve à frente da Unidade de Governo e Finanças, então é sem dúvida a melhor opção para continuar este trabalho do prefeito Luiz Fernando Machado.
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