Quando era pequeno, minha mãe sempre alertava a mim e a meus irmãos, de que o diabo só ensina a fazer coisas erradas, nunca esconder. A gente ouve, cresce mas não esquece. O espaço que disponho aqui não seria suficiente para mostrar as ações de Satanás, mas é interessante a gente refletir um pouco sobre o que tem acontecido neste Brasil de Deus. Digo de Deus não para fugir do assunto, mas para tentar afirmar que as coisas têm conserto. Pode demorar ‘trocentos’ anos, mas a frase filosofada por minha mãe sempre vai ter sentido.
No ano passado, o então presidente Jair Bolsonaro baixou um decreto impondo sigilo de cem anos para ações pessoas dele e da família. Sempre que questionado por algum assunto pessoal, JB sorria e dizia que “daqui 100 anos você vai saber!” Hoje, a gente para pra pensar e analisar o que este homem que deixou o Brasil antes de terminar seu mandato, com viagem para os Estados Unidos paga por todos nós, e vai entender o que dizia minha mãe.
O sigilo de 100 anos é apenas uma das ações do homem. Seguro de que seria reeleito, JB chegou a afirmar, em abril do ano passado, que “só deixo a Presidência se Deus tirar a minha vida!” ou “só Deus me tirada cadeira presidencial!” Não foi preciso tanto: o desafeto das urnas eletrônicas perdeu a eleição e saiu do cargo por conta própria, só para não passar a faixa para seu sucessor. Nada disso precisou da ação de Deus!
Fora do cargo, as coisas começaram a aparecer: a história dos índios Yanomamis, abandonados pelo poder público e dominados pelos garimpeiros porque o mesmo poder público lhes deu liberdade de ação. Mas o fato veio à tona!
A história do sigilo de 100 anos acabou vazando um momento: o que mostra que JB tomou a vacina contra a Covid. A revelação foi feita pela Controladoria Geral da União, ministro Vinícius de Carvalho, em entrevista à CNN. Para um dos maiores incentivadores das fakes, dizer que esta informação é mentirosa, perde sentido. Carvalho chegou até dizer que a vacina foi a Janssen.
OUTROS TEXTOS DE NELSON MANZATTO
Mas como também minha mãe dizia que “mentira tem perna curta”, as ações vão se revelando. Claro que nem tudo é política: semana passada foi relevada a denúncia de trabalho escravo na produção de vinho no sul do Brasil, um fato lamentável, mas que, também, o diabo não ensinou a esconder.
Está na hora deste País entrar nos eixos porque minha mãe sempre tinha razão, quando dizia que “o diabo ensina fazer, mas não ensina esconder!”(Foto: redes sociais)
NELSON MANZATTO
É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.
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