2020 marca quatro décadas dos anos em que o rock nacional ressuscitou. As bandas surgiam no eixo São Paulo-Rio de Janeiro-Brasília e mudavam a cabeça de uma geração toda. Ira! foi uma delas. Para concluir série sobre estes 40 anos, o Jundiaí Agora publica entrevistas com Edgard Scandurra, compositor e guitarrista(considerado o melhor no estilo Heavy Metal Brasil) da banda que tem Nasi como cantor:
Como foi seu início de carreira? Foi com o Ira! ?
Eu comecei a tocar, criança, quatro ou cinco anos idade… Meu irmão, 10 anos mais velho, tocava violão e guitarra e eu sempre o acompanhei de muito perto. Assim, muito jovem aprendi alguns acordes e fui tocando até que na adolescência montei minha primeira banda chamada ‘Subúrbio’ que começou com meus 15 anos de idade e acabou quando eu tinha 19, justamente quando foi servir o Exército. Em 1981 fiz o primeiro show com o Ira!, que considero uma continuação do meu primeiro trabalho autoral com o “Subúrbio”.
O que tocavam no ‘Subúrbio’?
Músicas autorais e alguns covers. Era divertido, porque fazíamos uma grande mistura de estilos tocando Jimi Hendrix e Sex Pistols sem o menor pudor.
Quando o Ira! estourou?
O Ira! começou a ficar conhecido entre 1983 e 198484, com as danceterias. Nessa época, mesmo sem um disco tocando em rádios, nossas apresentações levavam público de mil a 3 mil pessoas. Isto nos deu um bom nome entre tantos que estavam surgindo na época. Mas, estouramos (se é que isso realmente aconteceu) com nosso primeiro álbum, “Mudança de Comportamento”, em 1985. Diversas músicas desse disco tocaram nas rádios.
Flores em Você foi tema da novela ‘O Outro’. Vocês já estavam consolidados como conjunto de rock ou a abertura da novela mudou tudo?
Nós já tínhamos um nome e posso dizer que, dentro de nosso segmento, estávamos a caminho de uma consolidação. Flores em Você nos deu respeitabilidade além de sucesso. Era uma linda canção com um lindo arranjo de cordas, além de ser abertura de uma novela global de muito sucesso.
Lembra do que sentiu ao ouvir a música na abertura da novela?
Eu me lembro muito bem que nossa empresária na época me ligou e mandou ligar a televisão na Globo tal dia, tal hora que eu teria uma surpresa. Foi incrível.
Quando vocês se recusaram a usar o gorro do Papai Noel no programa do Chacrinha? Foi antes ou depois da abertura da novela?
Este episódio, que consideramos ‘o glorioso não’ foi antes foi antes da novela. Isso me enche de orgulho até hoje. Saímos do Chacrinha com a promessa de que nunca mais tocaríamos num programa da Rede Globo. Alguns dias depois estávamos no horário nobre da emissora. Foi uma vitória de nossa atitude não entreguista.
MAIS ANOS 80
SEMPRE VALE A PENA OUVIR DE NOVO SANDRA GROTH
DELPHIS FOI A VOZ DE DJALMA JORGE
DELPHIS, O CARA QUE VIU OS ANOS 80 DE CAMAROTE
PARA THEDY, DO NENHUM DE NÓS, DÉCADA DEU VOZ A UMA GERAÇÃO INTEIRA
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VIRGINIE, DO METRÔ, DEIXAVA TODO MUNDO COM O BIT ACELERADO
KLEITON & KLEDIR DEIXAM OS PAMPAS E GANHAM O BRASIL
Vocês tomaram essa atitude por que eram realmente rebeldes ou queriam criar a imagem de rebeldes?
Usar aquele gorro, nas condições que impuseram a todos os artistas que lá estavam, era algo humilhante no meu ponto de vista. Era o mesmo que enfiar a cara na privada ou não mais aparecer na TV. Veja, geralmente as ausências não são sentidas. Mas nesse caso, nossa ausência fez mais barulho do que se usássemos o bendito gorro. Consciência tranquila foi o que conseguimos com esse episódio.
Foi uma vitória…
Nossa música tocou na abertura da novela da oito. Eu achei uma vitória. E, cá entre nós, detesto fazer televisão.(Entrevista originalmente publicada em dezembro de 2019)
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