Efeito MULTIPLICADOR

efeito

No artigo anterior falamos sobre sustentabilidade, que é a busca pelo equilíbrio entre o desenvolvimento e a preservação do planeta. Há que se considerar, em continuação ao tema, que existe um efeito multiplicador, importante para reflexão e para obtermos ganhos ambientais.

Primeiro, quando se fala em efeito multiplicador podemos dizer que há tanto uma conotação positiva como negativa.

Na conotação positiva, as boas práticas são replicadas e aumentam significativamente, pois as pessoas tomam mais consciência e adotam medidas para a proteção do meio ambiente. Isso ocorre quando as pessoas veem os vizinhos separando o lixo reciclável, colocando painéis solares de geração de energia elétrica, bem como os empresários veem os concorrentes adotando práticas sustentáveis, reduzindo consumo de água, praticando a logística reversa, ficando também motivados a adotar essas e outras medidas importantes.

Já em relação à conotação negativa, muitos acabam copiando os maus exemplos. Se uma pessoa joga um inofensivo papel de bala no chão, milhões de outras pessoas podem acabar fazendo o mesmo e o resultado será vias públicas sujas, bueiros entupidos, enchentes, além de levar esse lixo para os rios e oceanos. Em outra situação, se o consumo de água ou energia elétrica são exagerados, com banhos muito demorados ou torneiras abertas além do necessário, lâmpadas acesas em espaços não utilizados, tudo isso multiplica o consumo indevido e exagerado de bens ambientais fundamentais, sendo que, se milhões de outras pessoas fizerem o mesmo, haverá escassez futura de água e energia, comprometendo cada vez mais esses recursos fundamentais e gerando em cascata mais danos ambientais. Um outro exemplo multiplicador simples é o desperdício de alimentos: se milhões desperdiçam, certamente faltará para outras pessoas, havendo necessidade de aumentar a produção, desmatar áreas protegidas para ampliação da agricultura.

Afinal, somos no planeta 8 bilhões de seres humanos, os quais consomem água, alimentos, energia elétrica e muitos outros recursos ambientais.

Em minha atuação profissional, bem como em aulas de Direito Ambiental, procuro mostrar que não se trata muitas vezes de se fazer exigências absurdas ou exageradas, mas se uma pessoa acaba fazendo algo prejudicial ao meio ambiente (jogar lixo em lugar impróprio, desperdiçar água ou energia elétrica, etc.), tendo isso como “normal”, significa que outros milhões ou bilhões de pessoas podem em tese fazer o mesmo. É o efeito multiplicador negativo, que não devemos replicar…

A educação ambiental se faz necessária para conscientização de todos, das novas gerações e também da atual, que tem a obrigação de deixar o planeta em condições iguais ou melhores do que o recebemos. Por isso vale lembrar que o Direito Ambiental tem caráter transgeracional, pois protege, afeta e envolve as gerações presentes e as futuras.

Vale a pena seguir os bons exemplos, procurar conhecimento, avaliar novas práticas e tecnologias ambientalmente corretas. São diversas possibilidades de contribuição com as práticas sustentáveis.

Por exemplo, no tema consumo e reciclagem, temos a política dos “5 R”, que envolve as práticas de “repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar”. Menos lixo é igual a mais preservação do planeta.

Todos temos condições de economizar mais água, reduzindo banhos demorados, fechando as torneiras quando não estão em uso. Outras práticas envolvem permitir a reutilização da água de chuva, por sistemas próprios e adequados, bem como fomentar a permeabilidade da água do chuva no solo, para fins de ajudar no controle de enchentes e permitir o reabastecimento dos lençóis freáticos e ter água em períodos com menos chuvas.

Também podemos adotar medidas como aquecimento solar da água para tomar banho (o que economiza muita energia elétrica), bem como para geração de energia elétrica solar (fotovoltaica). Isso permitirá que no futuro haja crescimento e que mais pessoas possam ser atendidas pelas fontes de geração de energia elétrica existentes.

Entre outras inúmeras possibilidades, vale fomentar a discussão política para que a sustentabilidade esteja cada vez mais presente. Para isso temos que conhecer e discutir esse assunto, com profundidade, cobrando dos políticos em geral a adoção de uma agenda de sustentabilidade em todas as esferas.

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Mais uma vez quero finalizar utilizando um texto do filósofo Leonardo Boff, por suas lições assertivas visando a proteção do planeta:

“Sustentabilidade como substantivo exige uma mudança de relação para com a natureza, a vida e a Terra. A primeira mudança começa com outra visão da realidade. A Terra está viva e nós somos sua porção consciente e inteligente. Não estamos fora e acima dela como quem domina, mas dentro como quem cuida, aproveitando de seus bens, mas respeitando seus limites. Há interação entre ser humano e natureza. Se poluo o ar, acabo adoecendo e reforço o efeito estufa donde se deriva o aquecimento global. Se recupero a mata ciliar do rio, preservo as águas, aumento seu volume e melhoro minha qualidade de vida, dos pássaros e dos insetos que polinizam as árvores frutíferas e as flores do jardim”.(extraído de www.ecodebate.com.br)

Vamos cuidar de nosso planeta e aplicar o efeito multiplicador positivo. Se cada um fizer sua parte, a sustentabilidade é possível de ser alcançada.(Ilustração: blogs.iadb.org)

CLAUDEMIR BATTAGLINI

Promotor de Justiça Aposentado, Especialista em Direito Ambiental, Professor Universitário, Consultor Ambiental e Advogado. E-mail: battaglini.c7@gmail.com

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