A sala de aula, palco de muitas histórias, é o lugar onde se encontram diversos elementos que moldam as relações humanas, especialmente no contexto educacional. O respeito, a experiência, o saber e a liderança formam os pilares do ensino que sustentam as interações entre professores e alunos, e entre professores mais experientes e professores novatos.
Esses valores, fundamentais para uma convivência saudável e produtiva, são ao mesmo tempo fonte de aprendizado e, muitas vezes, de tensão, especialmente quando a dinâmica entre os envolvidos não é plenamente compreendida ou valorizada. Neste ambiente, o respeito deve ser mútuo, a experiência deve ser compartilhada, o saber deve ser transmitido com humildade e a liderança deve ser exercida com empatia.
O respeito, no ambiente educacional, é um princípio fundamental. Ele não é apenas um requisito entre professores e alunos, mas também entre os próprios professores, independentemente de sua experiência. O respeito deve ser uma via de mão dupla: os alunos devem respeitar seus professores como fontes de conhecimento, enquanto os professores devem respeitar os alunos como indivíduos com experiências e histórias únicas.
A relação professor-aluno é marcada por uma assimetria de poder, mas isso não significa que o respeito deva ser unidirecional. Quando o respeito não é cultivado, a sala de aula se torna um terreno fértil para o desinteresse, a rebeldia e a falta de conexão. O professor que não se coloca com respeito ao aluno, que não considera suas dificuldades, seus limites e suas perspectivas, perde a chance de estabelecer uma comunicação verdadeira.
Por outro lado, um aluno que não respeita o professor, que desafia ou desconsidera sua autoridade de forma constante, fragiliza a relação que deveria ser de aprendizado mútuo. Quando falamos do respeito entre professores mais experientes e professores novatos, esse elemento se reveste de uma importância ainda maior. O professor experiente, que já vivenciou diversas situações dentro da sala de aula, que conhece a dinâmica dos alunos e as particularidades do ensino, pode se sentir tentado a desconsiderar as dificuldades do novato.
A tentação de olhar para o mais novo com condescendência ou ignorar as inseguranças dele é grande, mas esse comportamento vai contra o princípio do respeito. O novato, por sua vez, ao se deparar com a experiência de seus colegas, pode sentir-se intimidado, desvalorizado, ou até mesmo impotente diante das expectativas que são impostas. Portanto, é essencial que o respeito entre colegas de profissão seja cultivado de forma sincera e cuidadosa, de modo a criar um ambiente em que o novato possa aprender sem se sentir inferiorizado, e o experiente possa compartilhar sua vivência sem parecer arrogante ou autoritário.
A experiência, por sua vez, desempenha um papel crucial na formação de um bom educador, mas também é uma faca de dois gumes. A experiência do professor mais veterano, ao longo dos anos de ensino, o torna um mestre não apenas do conteúdo, mas também da arte de lidar com as pessoas, de compreender as dificuldades dos alunos, de se adaptar às mudanças no ambiente educacional.
No entanto, a experiência também pode criar uma armadura que dificulta a abertura para novas abordagens, novas metodologias ou novas formas de aprender. Aquele professor que se apoia exclusivamente na experiência adquirida ao longo dos anos pode acabar perdendo de vista as necessidades emergentes de seus alunos ou se distanciando das transformações pedagógicas que acontecem constantemente.
Por isso, a experiência não deve ser encarada como algo imutável ou definitivo, mas como um alicerce sobre o qual se constrói uma prática docente cada vez mais rica e dinâmica. Já o professor novato, que chega cheio de energia e ideias novas, carrega consigo um grande potencial para transformar a sala de aula. Mas sua experiência é limitada, e ele ainda está aprendendo a se posicionar diante dos alunos, a controlar a classe e a organizar as aulas para o ensino eficaz.
A insegurança é uma constante, mas também é um motor que o impulsiona a buscar aperfeiçoamento. No entanto, o novato precisa saber reconhecer suas limitações e aceitar a orientação dos mais experientes. A experiência dos outros, com sua bagagem de erros e acertos, é uma fonte rica de aprendizado. A relação entre os professores experientes e os novatos, quando construída com respeito e transparência, pode ser uma troca extremamente produtiva, onde a experiência do veterano é oferecida sem imposições, e a energia do novato é aproveitada de forma construtiva.
O saber, no contexto educacional, não se limita ao domínio do conteúdo acadêmico. O saber envolve a capacidade de ensinar, de se comunicar de forma clara e de despertar o interesse do aluno. O saber também envolve a sensibilidade para identificar as necessidades de aprendizagem de cada estudante e o conhecimento profundo do ser humano.
Um bom professor não é apenas aquele que transmite informações, mas aquele que desperta o desejo de aprender, que incentiva o pensamento crítico e que guia o aluno no processo de autodescoberta. O professor experiente, com seu vasto conhecimento e vivência, tem muito a oferecer nesse sentido, mas também precisa aprender a se comunicar de forma acessível e empática.
O professor novato, por mais que seja recém-chegado, carrega consigo novas perspectivas, novas metodologias e um saber fresco sobre as mudanças educacionais e tecnológicas. A junção do saber acadêmico com a prática pedagógica traz um potencial imenso de enriquecimento para a sala de aula, desde que as duas partes estejam abertas à troca.
O saber, no entanto, não é um recurso exclusivo dos professores. Ele é, na verdade, uma via de mão dupla. O aluno também possui saberes próprios, que derivam de suas experiências, de sua cultura e de sua visão de mundo. Reconhecer isso é parte do trabalho do professor. Aquele educador que apenas transmite seu próprio saber sem considerar o saber do aluno está desvalorizando o potencial do estudante.
Entretanto, o aluno que não reconhece o saber de seu professor como uma ferramenta valiosa para o seu desenvolvimento está desperdiçando uma oportunidade única de aprendizado. Quando professores e alunos conseguem criar uma troca de saberes, a relação se torna mais rica e mais significativa, e o processo de ensino e aprendizagem se transforma em algo mais profundo e transformador.
Finalmente, a liderança no contexto educacional é um elemento essencial. O professor é, por natureza, um líder. Ele guia seus alunos através do processo de aprendizagem, ajudando-os a superar dificuldades e a alcançar seus objetivos. A liderança de um professor não é autoritária, mas sim colaborativa. Um bom líder na educação é aquele que inspira, que incentiva, que motiva e que conduz seus alunos ao longo de um caminho de descobertas e crescimento durante o ensino.
A liderança de um professor experiente é visível na sua capacidade de lidar com situações adversas, de tomar decisões rápidas e de se posicionar como um modelo de respeito e dedicação. No entanto, essa liderança também precisa ser flexível, pois os alunos mudam, os contextos mudam, e a pedagogia também deve mudar.
A liderança do professor novato, embora mais incerta no início, também tem um valor imenso. Aquele que assume a responsabilidade de liderar a sala de aula, mesmo sem a experiência acumulada, está dando um grande passo. A liderança do novato se constrói com a construção de sua própria confiança, com o respeito aos alunos e com a busca constante por melhoria.
O novato também pode ser um líder, mas sua liderança precisa ser mais observadora, mais colaborativa, e menos centrada em si mesmo. A relação entre o professor mais experiente e o novato pode ser uma das mais enriquecedoras no campo da liderança educacional. O experiente pode ensinar ao novato os caminhos da prática, enquanto o novato pode ensinar ao experiente sobre novas abordagens e visões de ensino.
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O respeito, a experiência, o saber e a liderança, quando harmoniosamente equilibrados, tornam a sala de aula um lugar de crescimento contínuo para todos os envolvidos no ensino. Eles são os pilares que sustentam uma educação de qualidade, que vai além da transmissão de conteúdo e se torna um processo de transformação humana.
Para que isso aconteça, é necessário que todos os envolvidos na relação — professores experientes, novatos e alunos — estejam dispostos a aprender uns com os outros, a compartilhar seus saberes e a respeitar suas diferenças. Assim, a educação se torna não apenas uma troca de informações, mas uma construção conjunta de um mundo mais justo, mais sábio e mais humano.(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO
É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona, ainda, na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.
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