Escolas: Poderá acontecer DE NOVO

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Na reunião em que estávamos, a moça comentou sobre o neto. Calado por 10 anos, para estranheza dela. Em uma situação da escola, dois colegas estavam decididos a agredi-lo. A avó foi tratar do assunto no estabelecimento escolar. Resolvido em princípio o fato, ao voltar para casa e comunicá-lo, ele a ofendeu com palavras de baixo calão e, a partir daquele dia, se tornou de agressividade com as pessoas. Temerosa, passou a verificar, com jeito, o material que ele leva para a escola e solicitou, creio que ao Conselho Tutelar de sua cidade, encaminhamento para a saúde mental. Encontra-se bastante assustada com o acontecido na E.E. Thomázia Montoro, onde um aluno de 13 anos matou uma professora e feriu outras cinco. Li, em 28 de março último, uma entrevista muito interessante sobre o assunto com Telma Vinha, que pesquisa violência nas escolas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Diz ela que no Brasil não há política pública para prevenir ataques e que: “Vai acontecer de novo, só não se sabe onde”.

Vinha classifica os ataques em dois tipos: o primeiro são os motivados por vingança, raiva. O outro, tem também sofrimento nas escolas, mas é cometido por usuários de uma cultura extremista e tem o objetivo de fazer o maior número de vítimas. Existe planejamento, que geralmente é aprendido na internet.

Defende, dentre outras questões, fortalecer e ampliar serviços de saúde mental; melhorar a qualidade de convivência, porque, em todos os casos, têm um sofrimento na escola; aumentar a inteligência da polícia; o monitoramento das redes… Cita, como exemplo, que se tem alguém suspeito, você precisa de um canal para denunciar.

A respeito do ataque acontecido em Vitória (ES) em 2022, a mãe do agressor, em entrevista recente à CNN Brasil, ressaltou que os pais devem ficar alertas para eventuais sinais de que os filhos podem dar. Comenta que ela não percebeu os sinais que o seu filho. Considerava que eram comportamentos normais da adolescência, como se fechar, ficar só dentro do quarto ou do banheiro trancado, sempre com um computador ou com um celular. O filho começou a usar roupas somente pretas e queria que a mãe comprasse o livro do Adolf Hitler paras entender a mente dele. Nos últimos seis meses antes do ataque, começou a ficar agressivo, com respostas ríspidas, sem nenhum contato afetivo. Para ela, esses meninos estão doentes, a juventude está doente e que o que eles estão fazendo é um reflexo de alguma coisa na sociedade que está dando errado.

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Li, recentemente um provérbio africano: “Uma criança que não seja abraçada por sua tribo, quando adulto, queimará a aldeia para sentir seu calor”.

Há pais, no entanto, que não conseguem perceber atitudes preocupantes dos filhos e os professores necessitariam de psicólogos nas escolas, para melhor analisarem alguns tipos de atitude e com a possibilidade de encaminhamento de imediato para a saúde mental.

Encaminhadas, por maiores que sejam os problemas, creio que sentirão o calor de sua aldeia.(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE

Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.

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