Delicadeza é uma atitude de coração puro, de gente que não se permitiu, em relação às agruras do cotidiano, tornar-se pedregosa.
Conheço alguns episódios da vida da moça, que se vestiu de coragem e se fez guerreira, sem matar quem quer que seja, contudo batendo forte nas pegadas suas, em proteção aos filhos e a ela mesma. Situações difíceis que alguns consideram, mais cômodo ou menos arriscado, mascarar. Ela de forma diferente, enfrenta e não teme perigos decorrentes de assumir a verdade. Mantém, entretanto, a meiguice do coração transparente e em comunhão com Deus. A propósito, é de fé inquebrantável no Senhor que segue com ela. Encontra-se no Facebook dela, do Instagram “entendendootom_oficial”: “As tribulações devem nos lembrar apenas de uma coisa: não somos daqui”. Realmente, ela é além daqui.
Dia desses, a moça, Eleandra Ramos, partilhou comigo uma experiência sobre amar frutas, assim como ama flores.
Um dia, ela estava no quintal de sua casa comendo melancia. Deixou cair algumas sementes no pequeno pedaço de terra, próximo à parede, onde geralmente as formigas fazem seus ninhos. De repente, sem esperar, pois apenas jogou, não plantou, apareceu um pé de melancia. Questionou-se se conseguiria dar frutos e se sobreviveria às formigas. O jardineiro foi lá para aparar a gramas, mas não deixou que mexesse ou cortasse ou arrancasse o pé de melancia.
Os familiares, segundo ela, a consideraram meio doida por deixar um pé de melancia em local que não era adequado. Colocou obstáculos em algumas direções para que não passassem em cima ao manobrar o carro.
Logo, começou a dar flores, mesmo com as formigas comendo um pouco das folhas, e em seguida apareceram frutos pequeninos. Todos os dias, além de vê-las, conversa com elas e diz como estão lindas e crescendo cheios de delicadeza.
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Escreveu-me: “Meu coração se alegra com mais esta maravilha de Deus. Mesmo em meio às circunstâncias, deram frutos; mesmo estando as ramas no cimento, continuam a crescer e a florar. Tenho aprendido com as melancias”.
Quando as melancias amadurecerem, se forem boas, pretende partilhá-las com instituição que trabalha com crianças.
Em meio a tantas notícias desagradáveis, agressividade, violência, abuso sexual infantojuvenil, comentários que destroem o ser humano, ler um WhatsApp como aquele, feito de delicadeza, candura e da compreensão de que Deus fala na simplicidade e, mesmo nos momentos de argamassa, não deixa de acenar aos que se mantêm abertos ao Céu, faz um bem imenso!(Foto: Eleandra Ramos/Artigo originalmente publicado em fevereiro de 2023)
MARIA CRISTINA CASTILHO DE ANDRADE
Com formação em Letras, professora, escreve crônicas, há 40 anos, em diversos meios de comunicação de Jundiaí e, também, em Portugal. Atua junto a populações em situação de risco.
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