Dois estudantes que estavam no ônibus invadido por bolsonaristas, ontem(3), na avenida da 14 de Dezembro, em Jundiaí, negaram agressões aos manifestantes. A acusação foi feita por Heber Costa ao Jornal da Região. Costa relatou que a confusão começou quando o ônibus passou pela manifestação e alguém atirou um objeto que acertou o pai dele. Os adolescentes, explicou, estariam gritando ‘Lula’. Ele afirma ainda que a vidraça do ônibus teria sido quebrada pelos jovens. Um dos garotos se feriu com os cacos.
Numa coisa Heber e os estudantes concordam: havia policiais no local(foto). Um relatório, segundo ele, foi feito para o comando do 4º Batalhão. O caso foi registrado na Polícia Civil. Foi feito um boletim de ocorrência de lesão corporal tendo dois alunos da ETEVAV Antônio Vasco Venchiarutti como vítimas. No caso dos danos ao ônibus também foi registrado um boletim de danos. O Jornal da Região registra ainda o pedido de desculpas aos estudantes feito por um dos organizadores das manifestações contrárias à eleição de Lula.
“Lutar pela democracia” – O estudante atingindo por estilhaços de vidro contou que o grupo, na saída da escola, decidiu que iria se manifestar ao passar pelo ato dos bolsonaristas. “Já no ônibus, na volta, decidimos expressar nossas ideias de forma pacífica e lutar pela democracia. Não concordamos com aquilo(a manifestação em apoio a Jair Bolsonaro). Ao passar pela avenida 14 de Dezembro mandamos o Bolsonaro tomar no c...(vídeo acima). Mostrei um moletom vermelho para os manifestantes. Não xinguei nenhum deles. Xinguei o Bolsonaro. Não há justificativa para a agressão deles”, contou. Teria sido neste momento que um manifestante jogou uma pedra no ônibus. “Ele queria me acertar. Eu estava na janela e a pedra atingiu o vidro, felizmente. Um dos cacos acertou meu rosto. Sangrou bastante”, disse o estudante que tem 18 anos.
A partir daí, conforme relatou o aluno, os bolsonaristas começaram a bater na lataria do coletivo. “O motorista parou e abriu a porta. Eles entraram e passaram a falar coisas do tipo ‘diz agora o nome do Lula’, ‘xinga o Bolsonaro de novo’. Passaram a questionar até estudantes que estavam quietos, que não tinham feito nada. Tentaram arrastar um garoto de 17 anos para fora do ônibus. Ele não estava fazendo nada. Todo mundo protegeu este colega. Não deixamos. Nós éramos maioria. Ficamos juntos. Nada aconteceu. Os bolsonaristas desceram do ônibus e continuaram ameaçando a gente. A Polícia estava lá o tempo todo. Os policiais não fizeram nada em nenhum momento. Só depois que o motorista desceu e perguntou se eu precisava de uma ambulância é que policiais vieram até mim e questionaram se eu queria registrar o caso na delegacia, juntamente com o motorista”.
O rapaz conta que durante o confronto, uma mulher ‘totalmente pacífica’ entrou no ônibus e tentou acalmar estudantes e bolsonaristas. “Entendo que dentro do grupo deles existam pessoas de bem. Ela tranquilizou todo mundo’, concluiu.
Um outro aluno do Colégio Técnico também foi ouvido pelo Jundiaí Agora. Ele também negou que estudantes jogaram objetos nos manifestantes. Assim como a vítima da pedrada, ele disse que um bolsonarista arremessou uma pedra no ônibus. O adolescente conta que os estudantes, no momento da pedrada, se jogaram no chão. “O motorista parou e abriu as portas. Eles entraram e começaram a dizer que somos ‘filhinho de papai”, que eles estão ‘lutando por um Brasil melhor’. Também xingaram a gente. Eles foram até um menino que estava na janela, o mesmo que foi atingido pelos cacos de vidro. Depois, o ônibus começou a andar e o motorista parou novamente. Entraram mais homens. Eles tentaram puxar um estudante pelo braço. Quase houve briga. Uma mulher entrou falando que o movimento deles é pacífico mas que não deveríamos provocar. É engraçado. Se é pacífico porque atiraram uma pedra na gente? Ficamos uns 15 minutos parados na pista até o motorista seguir o itinerário. Ele ficou conversando com policiais. Não sei o que trataram. Ficamos assustados”, concluiu.
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