EU CREIO. E creio muito…

eu creio

Não é por vocês que venho com esta temática, mas, angustiantemente me pego pensando em minhas crenças. Eu creio e creio muito. Mas muito mesmo. Ao ponto de me sentir, de certa forma, até místico, porém isso não me impede de pensar. Tenho por mim que, como propõem a Ciência, os espaços onde se desenvolvem os domínios do Saber, da Crer, do Sentir e do Fazer têm ligações mas são distintos, possibilitando-nos usar e abusar de cada um destes, sem que tenhamos que ficar nos perguntando porque temos esta ou aquela postura. Temos e basta.

Depois das duas últimas crônicas um grupo de amigos muito queridos me questionou sobre meu estado de humor. Bem do tipo: ‘que bicho te mordeu?’ Ou: ‘desta vez feriram feio’. E minha resposta foi sempre: não, hoje eu já não permito que me firam ou me mordam ou me aborreçam, porque defendo-me com a sutileza de um sagitariano com a metade cavalo bem atenta. Não me aborreceram nem me molestaram, apenas não me permito sorrir para a falsidade, para a dissimulação.

Faço exercício diário para ser o mais direto possível, não vacilo e não deixo ninguém no vácuo, para que não tenham que apontar para mim e dizer: faça como quiser e não permita que façam o mesmo! Jamais. Faço para o outro aquilo que quero que façam para mim. E, este período de festas natalinas em mais um ano que avança no século XXI, com uma juventude pós-moderna e uma geração de velhotes modernosos com comportamentos mais estranhos que nossos adolescentes de 15 anos, não posso deixar dúvidas sobre o que eu acredito e o que eu quero para mim.

Acabo de chegar do jantar. No restaurante, na mesa ao lado dois senhores de seus 60 anos, contavam um para o outro de suas aventuras em Las Vegas. Inclusive eu olhei umas 10 vezes para ambos, pois a conversa estava em tom muito alterado, como se procurassem plateia, que se resumia a mim e nos dois garçons que nos serviam. A conversa era patética na melhor das avaliações. O mais “estragadinho” dos senhores contava em voz estridente das bravatas que fz na cama com três escort girls, também conhecidas como ‘acompanhantes’. Entre uma intimidade e outra, a que éramos levados a dividir com ele, diante da altura da conversa mentirosa, ele ria porque a esposa e a filha haviam ficado no quarto do hotel, esperando por ele que saíra para jogar. Inimaginável? Não! Muito real.

Este alpinista social, representante da sociedade de nossa cidade – e que aqui transpira moralidade, família e tradição – consegue ter uma vida dupla e se sentir um atleta sexual num país onde nem sei se ele fala a língua natal. E mais: na noite de Natal deu para a esposa e a filha um “voucher” de um cruzeiro marítimo pelo Caribe. Grande exemplo de chefe de família. Posso achar tudo normal? E espero que me digam que este é um caso isolado…

Tentei mudar de mesa e de posição porque não era obrigado a ouvir tanto absurdo, mas optei por ser breve e me retirar, uma vez que o ambiente estava bem contaminado. E volto a perguntar: fica claro, neste exemplo, o que sinto pelo período que circunda as “noites felizes, noites de Paz”? Diante de tanta insensatez, chego a crer que Papai Noel deva ser um calhorda também. Não é possível outra explicação.

Tive o imenso prazer de cear com amigos, onde a troca de presentes foi uma mera formalidade. O carinho e a lealdade reinante eram explícitas e fortes, não deixando dúvidas sobre a consistência das relações humanas existentes no grupo. Ainda temos oásis que se pontuam aqui e ali, onde a conversa ainda é algo agradável e não beira ao banal nem ao imoral. Pude perceber a alegria de um jovem que parte para a Alemanha, numa viagem de aprendizado e trabalho, com total apoio da família e amigos. Entendem o que chamo de vida sadia?

E a passagem do ano se aproxima cada vez mais rápida com suas amostragens significativas: alguns felizes por terem prosperado financeiramente, outros contentes por não terem se adoecido, outros demonstram contentamento por haver descoberto o “verdadeiro” amor (não sabia que havia o falso amor, salvo melhor juízo) num clima de grandes expectativas. Mas me pergunto: será a passagem da meia noite de 2023 para o primeiro segundo de 2024 que vai mudar algo? A coisa é o relógio? O tempo?

LEIA OUTROS ARTIGOS DO PROFESSOR AFONSO MACHADO

FALSA MAGIA

NOVO TEMPO?

MAS SEMPRE SERÁ UMA DESPEDIDA?

AH, A DESPEDIDA…

Não acredito que tal magia dependa apenas ao tempo sem a nossa colaboração: 2024 será da maneira que nós fizermos. Faremos nossa história sem repetições e sem acomodações; acolheremos quem nos  fizer bem, teremos distância dos personagens tóxicos que se encontram em todos os círculos sociais e desejaremos um tempo suave e tranquilo, porque todos temos direito a ele, sem exageros mas moderadamente e constante. Acredito ser o que todos queiramos.

Pessoalmente peço que minha Fé aumente, minha Saúde se estabilize e a Paz esteja por onde eu for. Pretendo voltar a viajar, a visitar meus queridos e a recebê-los, o que não fiz neste 2023. Quero crescer em Sabedoria e Acolhimento, sem me tornar um cordeiro. Espero ser compreendido para fortalecer alianças. Que em 2024 meus amigos sejam escandalosamente felizes e que estejamos mais próximos. Será que peço muito, para Quem já me deu o dom da Vida?(Foto: Kate Andreeshcheva/Pexels)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Leciona na Faculdade de Psicologia UNIANCHIETA. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES