O Brasil está presente em diversas formas e seções no Festival de Cinema de Berlim, a Berlinale, que termina no próximo dia 25. Considerado um dos eventos mais importantes do mundo na área cinematográfica, a participação brasileira se faz marcante por meio de longas, coproduções e curtas.
Concorrendo ao prêmio do público, que escolherá o vencedor da sessão ‘Panorama’, o filme Betânia, de Marcelo Botta, foi aplaudido em pé na estreia mundial no último domingo no Zoo Palast e trouxe até o Bumba Meu Boi para Berlim.
Já o “Urso de Cristal”, que agracia os melhores da sessão ‘Generation’, que visa o público juvenil, poderá ser o resultado da mostra do curta Lapso, da mineira Caroline Cavalcanti, exibido pela primeira vez no festival nesta terça-feira abrindo o programa de quatro curtas e mostrando a história de uma garota de dezoito anos, apaixonada por skate e deficiente auditiva que se apaixona por outro adolescente ao prestar serviços comunitários em uma biblioteca.
Shikun é um filme dirigido pelo diretor Amos Gitai, que teve sua estreia prestigiada pela ministra da Cultura da Alemanha, Claudia Roth, no último domingo. Filmado em Israel, seu diretor trouxe uma mensagem de paz e união entre Israel e Palestina, discursando pelo fim dos conflitos. O Brasil integra a lista de produtores do longa ao lado da França, Suíça, Israel e Reino Unido por meio de João Queiroz Filho, que trabalhou no projeto como produtor executivo .Shikun está na sessão ‘Berlinale Special’.
Outra coprodução brasileira é com a diretora alemã Nele Wohlatz. Dormir de Olhos Abertos, trabalho em conjunto com Taiwan, Argentina, Brasil e Alemanha, foi filmado no Recife e é falado em mandarim, espanhol, inglês e português. No sábado, ao ser apresentado ao público, a língua principal foi inglês seguido do mandarim. O diretor de Bacurau, Kleber Mendonça Filho, é o representante brasileiro na coprodução do longa. A ideia da diretora era mostrar que, independentemente de onde estamos, muitas vezes nos sentimos sem pertencer a lugar nenhum. Com um tom de comédia e vários trocadilhos, aborda temas sérios como trabalho escravo, violência, barreiras de linguagem, entre outros, encaixando-se bem na sessão ‘Encounters’, na qual está sendo exibido.
Recente no Festival, criada em 2020, a seção também premia o melhor filme, direção e tem até um prêmio especial e é conhecida por ser uma “sessão alternativa” por trazer filmes com estilos alternativos. Foi aqui também que veio parar o longa Cidade; Campo, de Juliana Rojas, de Campinas, que mostra em quase duas horas duas situações de mudanças e perdas, na primeira, a mudança do campo para a cidade, na segunda, o contrário.
No ‘Forum Expanded’, uma seção mais poética, social, variada e até política, temos o curta Quebrante, que estreou também na última segunda na Berlinale. Da paulista Janaina Wagner, também artista plástica, o curta faz um paralelo de uma caverna com a Transamazônica, por meio de diversas metáforas.
Se alguma das produções e coproduções brasileiras serão ou não premiadas, só saberemos no final desta semana. Mas o fato de estarem no Festival de Berlim já é a abertura de vários caminhos, novas parcerias e cobiçada divulgação para todo o mundo, tanto dos trabalhos quanto das diferentes visões e aspectos da cultura brasileira.

SANDRA MEZZALIRA GOMES
Jornalista jundiaiense em cobertura especial para o Jundiaí Agora. Mora na Alemanha há duas décadas
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