FIKS: A mente do mundo do faz de conta

FIKS

Talvez você já tenha criado uma história inteira na sua cabeça, sobre uma situação, com alguém que mal conhece ou com algo que você desejava muito, um enredo que jamais existiu. Talvez já tenha viajado na sua mente para fugir de um ambiente ou uma situação da sua vida, criado um mundo onde tudo acontece e dá certo para você – mas, isso, apenas na sua mente. Assim são as fiks: uma fantasia psíquica, onde se cria um enredo para que a mente possa aliviar a dor, frustação ou desilusão. É uma tentativa de minimizar a dor, criando um mundo de faz de conta. Nele tudo acontece de maneira perfeita e o grande “protagonista” consegue todas as conquistas de uma maneira até que romântica. Um exemplo de fik e realidade de criação que está tomando conta das pessoas e dividindo muitas opiniões é a maternidade reborn.

Pessoas estão usando bonecos realistas para trazer uma experiência de maternidade e muitos estão usando para preencher lacunas, traumas, superar perdas. As fiks, essa nova febre, têm uma função emocional muito forte. Ela traz espaço para viver o que ainda não foi vivido, completando o que falta ou tentando curar aquilo que dói. Mas, até onde o que parece ser inofensivo e divertido pode tomar proporções maiores?

A principal gravidade das fiks, que são fugas psíquicas, é a desconexão do presente e realidade vivida. A pessoa pode ficar tão presa em um mundo paralelo onde não conseguirá mais diferenciar o que é realidade e o fruto das fantasias mentais, se apegando demais ao que não é real. Ao criar a confusão, quando precisam enfrentar situações cotidianas, essas pessoas são tomadas pela frustação e não pertencimento. É como se a vida estivesse travada, pois, na realidade, os resultados são totalmente diferentes do que se é criado. A atmosfera que era para ser de cura e ressignificação se torna nocivo. Se pararmos para pensar, uma pessoa, que busca uma cura em algo imaginário não consegue se associar ao mundo e perde laços verdadeiros. Idealizar um amor que nunca existiu ou cuidar de um bebê reborn com a intensidade de um vínculo real pode soar como expressão de afeto, mas muitas vezes revela a tentativa silenciosa de curar uma dor que a realidade não soube acolher, carrega o eco de uma dor não elaborada.

A fantasia pode até aliviar as dores da alma. Todavia, pode nos impedir de crescer, de buscar a cura e construir bases mais sólidas e fortes para a nossa vida. Precisamos realmente olhar para o que nos fere e curarmos definitivamente as feridas, trazendo o verdadeiro entendimento aos nossos sentimentos. Apenas assim conseguiremos superar em definitivo aquilo que nos faz tão mal. Entendermos a nossa realidade atual da maneira como ela é traz a compaixão, empatia e ressignificação à nossa trajetória. Entendemos que não podemos nos aprisionar aquilo que nos feriu, mas, podemos e temos o poder de mudar a nossa realidade para o que tanto idealizamos, mas, com ação de execução e não da invenção.

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Ficar apenas no faz de conta em sua vida, pode ser um grande sinal de que sua alma está clamando por ajuda, pedindo para que você possa escutá-la e dar voz ao que precisa. Ao invés de buscar maneiras de aprisioná-la, é preciso abrir espaço para acolhê-la e alimentá-la da melhor maneira, trazendo-a para conviver com você e buscando a cura definitiva para o que tanto está machucando. Realidades que não existem, fiks, podem até ser os protagonistas, os autores ideais. Mas só viveremos nossa vidas quando ousarmos fechar o livro do imaginário e começamos a escreve na realidade nossa história.

ROBERTA TEIXEIRA PERES

Gestora, terapeuta holística, especialista em desenvolvimento humano, Eneagrama. pós-graduada em neuromarketing e PNL Aplicada em gestão de pessoas.

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