Há alguns anos, passando o Réveillon na praia, escutei de alguém, no dia 3 de janeiro, esta frase: “Neste finzinho de ano não vou fazer mais nada”. Pareceu uma frase com alguns dias de atraso, mas o autor se referia, efetivamente, ao ano que acabara de iniciar e não ao que se findara. E explicou: o ano no Brasil só começa depois do carnaval. Depois vem semana santa e assim por diante, não dá nem pra pensar em fazer alguma coisa.
Evidentemente era uma brincadeira com a forma como gostaríamos de encarar nossos deveres e obrigações, sobretudo no começo do ano quando uma enxurrada de impostos começa a chegar. Temos a sensação que trabalhamos o tempo todo para este “sócio” que nos devolve tão pouco, pois sempre temos que pagar adicionalmente pelos serviços que supostamente deveriam estar custeados por estes tributos.
O aumento da carga tributária é uma constante sob as mais diversas formas em um conjunto de variações sempre comprometendo o orçamento do contribuinte. O emaranhado legal é de tal ordem que se torna quase impossível cumprir todas as suas determinações como se esta fosse sua real intenção como tão bem exposto no livro “A revolta de atlas” da escritora americana Ayn Rand.
Empreender não é tarefa fácil tantas são as exigências, normas e regras, dos mais variados órgãos, muitas delas conflitantes, pois são emanadas por órgãos diversos que não se conversam, que tornam a realidade absolutamente inóspita para aqueles que são os verdadeiros geradores de emprego. Das legislações ao mercado, passando pela pesada tributação, a insegurança é um elemento constante. A definição de políticas públicas que protegessem quem se dispõe a empreender seria um alento para nossa economia. Mas o que se vê, na maioria das vezes, é exatamente o contrário. Mais regras e mais custos.
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É totalmente compreensível que tantos empresários, sobretudo os de pequeno e médio porte, com o passar do tempo, se desfaçam de seus ativos migrando para uma vida mais simples e sem tantos sobressaltos retirando do cenário econômico uma legião de brasileiros extremamente competentes que poderiam criar milhares de oportunidades de emprego. Essa desaceleração, aparentemente invisível, só é percebida, infelizmente, quando seus efeitos já são irreversíveis.
Todo aquele que já tentou montar um pequeno negócio, com seus próprios recursos, entende claramente a extrema dificuldade de sobreviver em condições tão adversas. Assim, o que faremos neste finzinho de ano?(Foto: Energepic/Pexels)
FERNANDO LEME DO PRADO
É educador
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