Quando os militares governavam o Brasil e Pelé era unanimidade mundial sobre o melhor jogador do mundo, uma frase deste atleta que conseguia driblar até a bola, chegou a causar polêmica no País. Dita nos tempos em que os militares governavam nosso país, exatamente quando, na década de 1970, estes homens fardados decidiram que o eleitor não votaria mais para cargos executivos – presidente e governadores – o considerado “atleta do século” frisou, com segurança que “brasileiro não sabe votar”!
A frase dita, não depois de uma partida de futebol, mas numa situação difícil para o País, no campo político, dividiu opiniões nos quatro cantos do País e, quem sabe, do Universo. A lembrança de tal frase, perto de 50 anos da comemoração do dia em que foi proferida tem sentido e vale uma reflexão mais profunda: os homens que se consideram políticos e salvadores da Pátria estão em Brasília – alguns poucos dias da semana, diga-se de passagem – para analisar e formalizar uma reforma política neste País sem jeito para políticos, mas com muito jeito para politicagem.
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A frase escrita acima, mesmo com erro de formatação, pois contém duas vezes a palavra “políticos” serve simplesmente para enfatizar que esta classe ainda não sabe fazer o que a palavra diz: política! E a reforma circula por todos os corredores da Praça dos Três Poderes e não se sabe se será concluída até o final do mandato de todos aqueles que querem mudar o que diz a legislação eleitoral e partidária.
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Sem analisar este contexto, mas recordando a frase do “atleta do século” – e já estamos no século seguinte… – tiramos da cartola, sem qualquer passe de mágica, o nome de Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República do mesmo país de Pelé e agora Senador, desta mesma República que contestou a frase do jogador. Afinal, o brasileiro sabe ou não votar e o que tem Collor a ver com isso poderia questionar o desavisado leitor! E vamos aos finalmente, envolvendo mais homens que se metem a fazer política no Brasil.
No ano de 1992, imagino que 20 anos após a frase do jogador, Fernando Collor renunciou à Presidência da República para fugir ao impeachment, mas perdeu seus direitos políticos por oito anos. E acusação era clara: corrupção! Situação muito parecida como a que vive esta mesma classe de homens da qual Fernando Collor de Mello se mostrou mestre. Nesta semana, juízes e promotores e investigadores e demais envolvidas na Operação Lava Jato, concluíram que Fernando Collor de Mello é, exatos 25 anos depois da acusação anterior, réu, acusado de – pasmem!!! – corrupção!
NELSON MANZATTO
Jornalista profissional diplomado, tendo trabalhado no Jornal da Cidade de Jundiaí, Diário do Povo de Campinas, Jornal de Domingo de Campinas, Diário Popular de São Paulo e Jornal de Jundiaí. Foi editor-chefe dos jornais Diário do Povo, Jornal de Domingo e Jornal de Jundiaí e sempre trabalhou nas editorias de Política e Economia. Também trabalhou em Assessoria de Imprensa. É membro da Academia Jundiaiense de Letras e tem quatro livros publicados: Surfistas Ferroviários ou a História de Luzinete (Vencedor de Concurso Literário), Contos e Crônicas de Natal (com cinco textos premiados), Momentos e No meu tempo de Criança. Mantém um blog literário: blogdonelsonmanzatto.blogspot.com