E essa tal FRATERNIDADE???

fraternidade

Ouvimos muito, falamos muito, popularizamos, viralizamos e perdemos o real sentido da fraternidade. Hoje, todo mundo é irmão, todo mundo é “bróder”, todo mundo é família. Mas o que será que significa a fraternidade? Fraternidade é um termo que vem do latim frater, que significa “irmão”. Por meio da prática de trabalho em equipe, do respeito ao ser humano, do amor aos animais e à natureza, as pessoas participantes tornam-se exemplo de liderança, responsabilidade, dedicação, altruísmo e… fraternidade.

O amor fraternal é daqueles sentimentos de carinho muito forte, doação e reconhecimento, de dedicação, de interesse pela figura do outro. Ele acaba por gerar sentimentos positivos e construtivos, estando sempre na função de acolhedor, chegando até em certos momentos, levar o indivíduo a fazer grandes sacrifícios, que só seria capaz de fazer por ele mesmo ou por quem ele ame muito.

Neste sentido, ser fraterno é ser solidário com as pessoas que convivem conosco. Ser solidário com os filhos, ajudando-os nas atividades escolares, nas descobertas, nas aventuras da vida. Quando o fraterno se apresenta na figura do pai ou da mãe, estes serão mais presentes na casa, na escolha e elaboração da comida, na condução da família, no enfrentamento de doenças, até que seja o cuidador dos pais e um dia ser cuidado pelos filhos. São exemplos que só se aprendem, vivendo na intimidade da família: não se aprende na teoria, nem se aprende à distância; demanda vida íntima familiar…

Ser fraterno implica, ainda, demonstrar afeto por quem não se conhece. Esse é o amor ao próximo. Uma convivência equilibrada e agradável entre várias pessoas, uma associação ou organização com um objetivo determinado, geralmente religioso, social, cultural ou político expressam a fraternização. Se estivermos atentos, ser fraterno é um ato de responsabilidade que demanda entrega e acolhimento, de maneira voluntária e sem interesse.

A fraternidade expressa, ainda, a dignidade de todos os homens considerados iguais e garante-lhes plenos direitos (sociais, espirituais, políticos e individuais), sendo uma excelente conduta para o convívio social sadio e equilibrado. Agindo com fraternidade predisponibilizamos nosso arsenal de atitudes proativas e assumimos o papel de sentir na nossa pele aquilo que é dirigido ao outro; desta maneira, a cordialidade e a reciprocidade se faz presente e agimos muito mais seguros diante das situações enfrentadas.

Percebamos que, na fraternidade exercemos a posição de amar ao próximo (e sermos amados por ele), visto que o amor só sobrevive onde haja uma reciprocidade de sentimentos; dizemos que amamos quando se assume para todo mundo um relacionamento sem medo de ser feliz, com a certeza que mesmo que não seja para sempre, vai ser sempre para aquele a quem você vai amar, aquele que está contigo; não se tem vergonha de quem se ama. Ama-se e isto basta.

Assim percebemos que este amor, da fraternidade, é algo mútuo. Por exemplo, a expressão “ódio recíproco” significa que “ódio” é o sentimento partilhado por ambas as partes, podendo ser duas pessoas ou dois grupos. Se uma pessoa diz: “prezo muito a nossa amizade” e ouve a resposta “a recíproco é verdadeiro”, significa que essa última tem o mesmo sentimento, então, amo o outro é o mesmo que dizer: sou amado, também, por este outro: assim temos o sentido da fraternidade.

Quando notamos que não há reciprocidade, o que precisamos fazer é praticar o desapego. A melhor coisa a se fazer é dar a mesma importância que lhe é dado pelos demais. Nem mais, nem menos. Não se trata de desrespeito nem de descaso, mas é preciso compreender que a vida é uma constante reciprocidade, à medida que você faz suas escolhas elas também respingam em você!

Ao estabelecermos vínculos emocionais com as pessoas, é importante termos equilíbrio na hora de dar e na hora de receber, ou termos pelo menos proporções semelhantes. Se isso não acontece, são estabelecidas relações desequilibradas nas quais um parece ter poder sobre o outro, um parece se doar mais que o outro; este desequilíbrio ocasiona certa incompatibilidade de ações e termina por minguar a relação existente, o que não favorece para que a fraternidade se mantenha.

Percebamos que os amigos são uma preciosa ajuda nos piores momentos e uma fonte de motivação para superarmos qualquer desafio. Ter um amigo é ter um tesouro incalculável que devemos guardar e zelar diariamente, com muita estima. Quem valoriza as suas amizades nunca se arrependerá, pois receberá muito mais que aquilo que dá, consolidando o exemplo da fraternidade, até aqui exposta.

Recorremos à lembrança de que amigos fraternos elevam nossa autoestima: são eles que nos fazem enxergar o lado bom que temos em nós. Eles nos encorajam e alavancam para o próximo passo, para o próximo objetivo. A fonte de apoio surge na amizade fraterna, que nos ouve em plenitude e nos percebe com total intensidade. Estão conectados aos nossos valores morais e espirituais.

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PARCEIRO É PARCEIRO. RATO É RATO

Fazer com que nos sintamos confortáveis e acolhidos, ajudar-nos e reservar um tempo para nós são atos fraternos que precisam ser notados e reconhecidos. Gastar um pedaço do dia conosco e passar uns minutos importantes para nosso fortalecimento é algo que apenas uma amizade fraterna pode nos proporcionar. E este gesto não tem preço físico nem intelectual; tem valos moral, afetivo e espiritual. É algo que preenche nossas lacunas mais íntimas e se reflete em nossos olhares de satisfação.

Aqueles que nos dizem as piores verdades, os mais escondidos defeitos e distorções, as mais tenebrosas mazelas que trazemos escondidas em nossa vida e, ainda assim nos respeitam, esse sim são os nossos amigos fraternos. Fraternidade não é o “bródi da quebrada” nem o monge franciscano; não são tão antagônicos assim. Fraternidade é acolher com o maior dos propósitos e doar-se na maior das entregas, sem esperar a reciprocidade. Porém, ela existirá…é fraterna. Jamais caminharemos sozinhos, por ruas paralelas, se nos aprimorarmos no sentimento fraterno.(
Foto: Pinterest)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport

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