As Frenéticas, eu e o vendedor de coco

frenéticas

A campainha toca e eu estou ouvindo ‘Perigosa’ com as Frenéticas, no volume máximo.

Nem penso em atender.

Insistem.

Seja quem for, tem a obrigação moral de saber que não se interrompe alguém ouvindo uma música dessas, desafiando limites de decibéis.

Mas a pessoa deve ter ouvido que eu sou bonita e gostosa e por isso insiste.

Eu danço freneticamente, como se estivesse numa discoteca iluminada por um globo neon, usando meias soquete coloridas sobre um salto 15.

Tocam sem parar.

A música e a campainha.

Talvez não tenha entendido que eu sou perigosa. Ou entendeu e quer provar o veneno que eu tenho no doce da boca.

Eu danço pensando que talvez seja uma criança…. o doce.

Não pode ser uma criança, afinal já ouviu que eu tenho um demônio guardado no peito e uma faca no brilho dos olhos. 

É um psicopata. Deve querer que eu me junte a ele. Porque também já ouviu que eu tenho uma louca dentro de mim.

Toca ainda. 

Ah, me deixa dançar, por favor…

É alguém querendo um pouco de fogo. Isto é certeza.

Quem ééééééééééééé?

Pergunta a tresloucada dentro de mim, com o demônio saindo goela afora e a faca do brilho dos olhos já procurando o alvo.

Vai querer coco hoje?

Coco? Nãaaaaaaaao! 

Traz amanhã. Mas mistura com vodka!!!

Aí hein, a tiazinha tá muito louca!

Mas eu não paro. Danço e rio. 

OUTROS TEXTOS DE ROSITA VERAS

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CARTEIRO JOAQUIM

O ANELZINHO DE PEDRA AZUL

E canto mais alto que as Frenéticas

Eu vou fazer você ficar louco, muito louco….

Acabou a música. 

Botei a cara na janela.

Hoje não. Passa amanhã. Mas espera acabar a música, tá?!

Tá. Valeu!

E saiu rindo…(Foto: Criativa Pix Fotografia/Pexels)

ROSITA VERAS

É escritora, ghostwriter e articulista

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