O Carnaval nas redações de Jundiaí, no início dos anos 90, tanto de jornais, quanto de rádios (ainda não tínhamos as emissoras de TV na cidade), era de causar alvoroço. Até quem não gostava de dar plantão, se voluntariava. Era pela notícia? Nem sempre. Os muitos clubes que já existiram na época (Esportiva, Grêmio, Caxambu, Uirapuru, Nacional e Metalúrgicos) ofereciam ótimos ‘open bares’ para receber os profissionais da imprensa que iam para as pautas de fusca.
Cheguei na redação do Jornal de Jundiaí em janeiro de 1990. Antes estava no departamento de paste-up (montagem da edição no gabarito de couchet para ser transferido para o fotolito na época AC – Anterior a Computação gráfica). Sou dos antigos. Fui para ser diagramador e nesta transição comecei a arriscar em textos. Resumindo, cai na escala de carnaval.
Naquele ano, além da cobertura jornalística, o JJ promovia um concurso entre os clubes sociais da cidade, para ver quem proporcionava o melhor carnaval. Éramos divididos em duas equipes para circular pelos salões. Eis que neste ano, um dos motoristas não apareceu por motivos etílicos adquiridos e a solução foi um dos jornalistas assumir a responsabilidade de conduzir o fusca.
Na minha turma tinha Mônica Gropelo, Luiz Ricardo da Silva, Marina Silva, Raquel Balarin e o fotógrafo Zezinho Santos. E eis que o Ricardinho resolveu dirigir. Detalhe: ele tinha uma moto CG e digamos que a habilidade do guidão não era a mesma em um volante.
Saímos da sede do jornal, ali na Baronesa do Japi e o roteiro era Uirapuru, Caxambu, Nacional, Clube São João e Grêmio. Foi na Ponte São João que a coisa começou a ficar engraçada. A baliza do Ricardinho até aconteceu de forma satisfatória. Entramos no salão, circulamos entre os foliões, marcamos presença na salinha da imprensa para uns bons drinques e fomos pegar o carro, que estava estacionado na rua. Lá, a Mônica se encontrou com algumas amigas e falou que estávamos indo para o Grêmio encerrar a noite, digo fechar o bar, ops, concluir a pauta.
E quando chegamos para pegar o fusca, dois motoristas nos ‘travaram’. Com todo rosário de xingamentos pensados e ditos, a Marina Silva, a mais leve de todos, encostou em um dos veículos que estava sem o freio de mão. Ah.. empurramos o mais distante que conseguimos, apontamos todo mundo no fuscão (nós e as amigas da Mô) e seguimos viagem.
Contornamos para sair pela Frederico Ozanam, e no semáforo que levava para o viaduto da Torres Neves, a Mônica deu a ideia de todos descermos do carro e fingir uma pane, abrirmos o capô, tipo algo animado. Só que ela fez sinal para nós que estávamos amontoados no banco de trás para não sairmos. O Ricardinho abriu o capô olhou para todos e disse: vocês não vão descer? Nãooooo, em coro.
Ele foi obrigado a ir fechar o capô e quando saiu, a Mônica Gropelo assumiu o volante, fechou a porta, assim que ele foi para o lado do motorista, o semáforo abriu, ela engatou a primeira e virou para o viaduto. E aquela cena de ver o Ricardinho correndo atrás do fusca pelo viaduto ficou na memória.
Na portaria do Grêmio, chegou a ‘equipe que cresceu’. O esquema foi pegar a credencial de todos, pois o nome estava na listagem da portaria, falar para irem entrando no intuito de não ‘tumultuar’ o acesso. Eu e a Mônica ficamos conferindo os nomes e todo mundo entrou. Só não contaram as credenciais e o tanto de gente que passou a catraca.
O fim da pauta transcorreu tranquilamente, encontramos a segunda equipe que já estava lá no ‘cercadinho da imprensa’ no mezanino, junto com os demais colegas das redações de jornais e rádios. Eu só queria entender, o motivo da gente subir na cadeira para dançar? Talvez era a máxima da loucura que esta geração de jornalistas gostavam de fazer para se mostrarem radicais…(Foto: Gemini)
MIGUEL ÉDI GOMES
É jundiaiense, tem 53 anos. É formado em jornalismo pela UniFaccamp e atualmente faz parte da equipe da Assessoria de Imprensa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.
VEJA TAMBÉM
PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA
ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES
