O escritor George André está prestes a DESAPEGAR

George André Savy está prestes a desapegar. Está pensando em doar boa parte do acervo que acumulou ao longo dos 51 anos de vida. São livros, revistas, fotos, e todo tipo de materiais sobre transporte coletivo, uma das paixões dele. Jundiaiense, George é um dos colaboradores do Jundiaí Agora. Ele estudou no Conde de Parnaíba, Albertina Fortarel, Colégio Professor Luiz Rosa e Etevav, onde fez o curso de Meio Ambiente. Trabalhou em empresa de ônibus urbano durante a década de 90, área que tem conhecimento desde a juventude, e posteriormente seguiu pela área literária, revisando livros e publicando livros, entre eles Marvin, que foi parar na Feira do Livro de Lisboa, no ano passado.
George é daqueles que teimam em dedicar a vida ao exercício da cidadania e da cultura, fazendo também palestras em colégios e instituições diversas por todo o Estado. Tudo isto num país que não dá muita importância nem para a cidadania e muito menos para a cultura. A foto principal, e 1986(acima), mostra parte do material guardado por George. A quantidade e qualidade chamavam a atenção há 32 anos e rendeu uma exposição na Casa da Cultura. A entrevista sobre o acervo que poderá ser doado em breve:
Você é um colecionador?
Sim, sou colecionador de fotografias, cartões postais e todo tipo de material referente a transporte, principalmente ônibus. Por ser escritor, tenho um bom acervo literário, porém não coleciono livros.
Conhece outras pessoas com tantas ‘coleções’?
Conheço várias, de muitas cidades e boa parte destes colecionadores também são da área de transporte. Alguns deles possuem acervo maior que o meu.
Por que não se desfez de nada até hoje?
Entendo que coleção não se desfaz, até o momento em que, no tempo certo, se encontre um “herdeiro” para a coleção ou alguém que tenha o cuidado e a estrutura necessária para zelar por esse material todo num espaço adequado, que proporcione acesso aos pesquisadores.
Que tipo de material guarda em sua casa?
O acervo maior é de fotografias, de 10 a 11 mil fotos em papel fotográfico, guardadas em álbuns. Setenta por cento destas fotos são de ônibus, as restantes são de cidades (em todos os ângulos), pessoas e assuntos sociais, meio ambiente e eventos.
Tem ideia de quantos livros e revistas possui?
Cerca de 180 livros de autores da cidade, regionais, nacionais e estrangeiros.
Revistas aproximadamente 500, sendo 50% sobre transporte (incluindo nacionais e estrangeiras) e os demais 50% de assuntos diversos, como Meio Ambiente, política, cidadania, literatura, humor (revista Mad) e exemplares isolados da Veja, IstoÉ, Manchete, etc.
Há alguma publicação rara? Se sim, detalhar?
Alguns exemplares do jornal O Repórter de Jundiaí, da década de 1940 e outras publicações extintas da cidade, como o Jornal do Calçadão (aproximadamente 70% das edições) e o Folhetim, com quase todos os exemplares. Um livro que pode ser considerado raro é do professor jundiaiense Celso Fonseca Jr., “O instrutor de Voo”, publicado em 1984.
Este material ocupa quantos cômodos?
Dois cômodos.
Pretende doar este acervo? 
Estou analisando esta possibilidade. Não pretendo me desfazer de imediato, apenas estou pesquisando para saber se há pessoas que se interessem em zelar pelo material futuramente.
Já se imaginou sem todos estas publicações? Não ficará com a sensação de estar faltando um pedaço?
Vejo pelo lado da preservação da história de uma pessoa, de seu trabalho e do assunto referente. Não sentiria “faltando um pedaço” pelo fato de não ser apegado a bens materiais, mas acredito na importância de se guardar o bem material com o mesmo carinho que guardei por todos esses anos, essa é minha preocupação. A continuidade da coleção em outras mãos.
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