Green Building Council Brasil: Jundiaí terá 1ª casa com certificação

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O primeiro projeto residencial de Jundiaí voltado à certificação ambiental pela organização Green Building Council Brasil (GDC), que tem como missão transformar a indústria da construção civil e cultura da sociedade em direção à sustentabilidade, acaba de ser concluído. A cidade é a segunda colocação no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC-Br), por seu desempenho nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) formulados pela Organização das Nações Unidas (ONU), tem agora mais um importante marco.

Localizada em um condomínio, a residência inovadora foi projetada e construída levando em consideração vários princípios de eficiência energética, uso racional de recursos naturais e redução do impacto ambiental, entre outros. A casa conta com diversas características sustentáveis, como sistema de captação de água da chuva para reuso, painéis solares para geração de energia limpa, uso de materiais de construção sustentáveis e de baixo impacto ambiental, como madeira certificada e tintas à base de água e baixa emissão de poluentes. Além de ter sido projetada visando o aproveitamento da iluminação natural e a ventilação cruzada, reduzindo a necessidade de iluminação artificial e de ar-condicionado.

A proprietária da residência, a engenheira agrônoma e especialista em Gestão Ambiental Dorothéa Antonia Pereira Monteiro, afirmou que a decisão pelo projeto inovador se deu como um ato de gratidão ao meio ambiente.  “O meu propósito de vida sempre foi o comprometimento com a preservação do meio ambiente. São quase 40 anos de trabalho dedicados ao desenvolvimento sustentável. Não faria nenhum sentido eu realizar uma construção de forma diferente. Todo o processo do projeto voltado para a certificação junto ao Green Building foi um grande aprendizado aos envolvidos. Tenho certeza de que todos os profissionais que participaram da obra, assim como os fornecedores, saíram com um novo olhar e irão levar isso para outros projetos. São mudanças de atitudes que podem ser implantadas em novos trabalhos, em casa com a família e na sua comunidade”, destacou.

O projeto de certificação junto ao Green Building Council foi desenvolvido pela Inovatech Engenharia, empresa especializada em construções eficientes e de baixo impacto ambiental, e implantado por Larissa Murakami, então gerente de sustentabilidade, e Lara Novaes, consultora de certificação sustentável. As profissionais participaram da concepção e monitoraram todas as etapas da obra, incluindo o treinamento de toda a equipe envolvida no projeto, da arquitetura aos responsáveis pelas compras dos materiais.

Para Larissa Murakami, o projeto tem vários pontos de destaque e uma das questões foi esforço em relação à gestão de resíduos gerados na obra. “Não foi fácil, mas conseguimos. Foi um esforço conjunto para fazer a segregação na obra e conseguir dar a destinação correta para locais licenciados. Tentou-se minimizar ao máximo, pois o volume de resíduos gerados na construção civil, normalmente, é muito grande. E é gerado o tempo todo, em todas as fases da construção”, afirmou. O Centro de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (Geresol) de Jundiaí, foi um dos locais escolhidos para o descarte.

A gerente de sustentabilidade externalizou também o envolvimento de Dorothéa em todo o processo. “Ela participou de todo o processo e a certificação é o resultado de um projeto baseado em sustentabilidade e não o objetivo central. Os trabalhadores foram capacitados por nós e pela própria Dorothéa, por meio de palestras, rodas de conversas e outras atividades”, afirmou Larissa.

Já a consultora da certificação sustentável GBC Casa, Lara Novaes, enfatizou o comprometimento da proprietária com a criação de um lar que não só refletisse seus valores ambientais, mas também se tornasse um exemplo de práticas sustentáveis em Jundiaí, contribuindo para o fortalecimento de políticas públicas de preservação ambiental.  “Desde as etapas iniciais, estive envolvida coordenando estratégias para mitigação de impactos ambientais, como a poluição, erosão e sedimentação, já na implantação do canteiro de obras sustentável. Um dos destaques do projeto é o desempenho energético da residência, que contemplou um conjunto abrangente de medidas, começando pela escolha criteriosa de materiais e sistemas que reduzissem significativamente o consumo de energia. Dentre elas, as placas fotovoltaicas para geração de energia, adoção de sistemas de aquecimento solar da água, e incorporação de tecnologias com fotocélulas e sensores para otimizar o uso da iluminação externa. Tanto o projeto de luminotécnica eficiente quanto à seleção de eletrodomésticos energeticamente eficientes foram fundamentais para minimizar o consumo de energia da residência ao longo do tempo”, detalhou.

A engenheira civil também apontou algumas das dificuldades para a execução. “A coleta das informações necessárias junto ao mercado, com fornecedores, fabricantes de materiais e prestadores de serviços foi uma etapa bastante desafiadora, o que mostra que ainda existe uma lacuna no mercado quando buscamos por especificações que comprovem a sustentabilidade, uma exigência fundamental para a certificação do Green Building Council Brasil ”, explicou Lara.

Projeto Arquitetônico – O escritório Forma e Verde, de Jundiaí, foi responsável pelo projeto arquitetônico da residência sustentável. Fernando Martinho, designer de interiores e paisagista, salientou que todo projeto é um desafio e esse foi ainda maior.  “Neste projeto, além dos desafios da construção residencial, nos foi trazido a certificação ambiental, para a qual várias questões tiveram de ser consideradas. Desde o acerto do terreno, quando toda a terra de superfície foi separada para ser reutilizada na implantação dos jardins; o descarte e destinação correta dos resíduos; as especificações dos materiais de construção, cuidados com erosão, entre outras exigências.

Na arquitetura propriamente dita, foi necessário posicionamento dos ambientes e dimensões dos vãos voltados para face externa, para melhor aproveitamento da iluminação natural e exposição, visando ventilação com o mínimo uso de aparelhos de ar-condicionado e demais elétricos. Também foi dada prioridade para fornecedores locais de materiais ou mais próximo possível da obra, evitando assim, o consumo de combustíveis e a emissão de gases de efeito estufa. Com todas essas questões, o projeto foi um grande aprendizado para o escritório, e nos consideramos, a partir de agora, aptos para novos desafios desta ordem”, concluiu.

Paisagismo – Abraçando toda a residência e integrado à parte interna da casa, o projeto paisagístico teve a participação direta da proprietária Dorothéa que explicou: “O conceito do projeto foi o de utilizar grande variedade de espécies.  No total são 68, entre, arbóreas, arbustivas, herbáceas e forrações.  Entre as diversas espécies de porte arbóreo, citamos: jabuticabeira, cambuci, ipê rosa, manacá da serra, quaresmeira, araçá e o palmito-juçara, sendo essa última, uma das espécies nativas ameaçadas de extinção”.

Outra opção foi priorizar espécies altamente produtoras de flores em diversas estações do ano, com floração simultânea, o que potencializa a presença de abelhas e pássaros. “São espécies rústicas, que exigem baixo consumo de água e de adubos, priorizando-se sempre o uso de orgânicos. A maior parte dessas espécies são perenes, ou seja, não precisam ser trocadas. A reutilização da terra/matéria orgânica retirada do terreno na fase de terraplenagem e posteriormente, distribuída na fase de preparo do solo e plantio, é outro ponto de destaque. Essa prática possibilitou maior vigor das plantas, resultando em rápido crescimento e intensa floração”, salientou Dorothéa.

O sistema de irrigação também apresenta características de sustentabilidade com baixo consumo de água. O projeto contempla setores com aspersão, gotejamento e um sensor de chuva que identifica se haverá necessidade ou não da irrigação, além da utilização do abastecimento por cisterna, que armazena as águas pluviais.

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As certificações ambientais no Brasil – Atualmente existem diversas ferramentas para medir o desempenho ambiental de uma edificação. Dentre as principais estão o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), GBC Casa, GBC Condomínio, GBC Zero Energy além do selo Procel PBE Edifica e do Selo Casa Azul da Caixa. A certificação ambiental atesta que as construções são saudáveis para o meio ambiente e a melhor forma de fazer com que isso seja uma realidade é utilizar um planejamento com critérios sustentáveis para os edifícios, uma vez que eles são os grandes consumidores dos recursos naturais.

O Brasil é o quinto país com mais edificações buscando a certificação LEED, atrás apenas dos Estados Unidos, Canadá, China e Índia. A mesma ferramenta é usada em 143 países, o que permite a comparação do desempenho em consumo de energia, água ou qualidade do ar com um prédio nos Emirados Árabes, por exemplo. Inclusive, foi desenvolvida uma plataforma online chamada Arc para facilitar esta comparação de desempenho, considerando cada item da certificação, sua tipologia e localidade. O Brasil é o segundo país com maior número de projetos nesta plataforma.

Todo este trabalho começou em 1993 com o USGBC (United States Green Building Council) e segue sempre se mantendo atualizado e baseado em consenso alinhado ao mercado. A certificação LEED evolui a cada fase com a intenção de reduzir o impacto ambiental. Em 2007, chegou ao Brasil junto com a criação do Green Building Council Brasil (GCD).

A Certi­ficação Green Building foi projetada para enfrentar os desa­fios ambientais, respondendo às necessidades de um mercado competitivo. São residências que demonstram liderança, inovação, gestão ambiental e responsabilidade social e são projetados para oferecer: custos operacionais mais baixos, aumento do valor patrimonial, redução de resíduos enviados para aterros sanitários, conservação de energia e água, ambientes mais saudáveis e produtivos para ocupantes, resultando em um aumento da qualidade de vida, saúde e bem-estar, redução das emissões de gases de efeito estufa e qualifi­cação para descontos ­socais, subsídios de zoneamento e outros incentivos fi­nanceiros por parte do poder público, o que ainda não acontece em Jundiaí.(Texto: Luciana Alves de Oliveira/Sala da Notícia – Fotos: Divulgação)

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