A ordem parte do presidente republicano. Não pode ser contestada. Afinal, ele é o comandante em chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos. Inclusive da Marinha, que domina a base naval de Guantánamo, no sul da ilha de Cuba. A popularidade do presidente é alta e pouca gente está disposta a entrar em um debate sobre enviar prisioneiros para um lugar isolado e inadequado para manter pessoas presas. De uma forma geral, a população quer se ver livre de pessoas que acredita trazerem prejuízos para a nação e até mesmo colocar em risco a segurança nacional. A Cruz Vermelha Internacional quer visitar as prisões na base. Há suspeita de que a CIA está por trás das prisões fora do território americano, com a anuência do presidente da República. Exportar pessoas condenadas pela justiça não faz parte da história americana.
O espírito nacionalista reascende com toda força. Os indesejáveis no continente precisam ser imediatamente mandados embora. Eles ameaçam a sociedade americana e este é um dos temas defendido pelo presidente para cooptar apoio da opinião pública. Entidades de direitos humanos americanas e internacionais fazem críticas ao encarceramento em Guantánamo, não só pela precariedade das prisões, mas por negar o direito de defesa judicial garantido na Constituição dos Estados Unidos. Há relatos de maus tratos, cerceamento de banho de sol, e tortura física para obtenção de confissões. A mídia nacional e internacional publica reportagens sobre a prisão e o mundo toma conhecimento de violação de direitos de que os Estados Unidos frequentemente acusam outros países. “Acuse os outros daquilo que você faz”, dizem os grupos mais radicais defensores dos direitos humanos. O governo, por sua vez, diz que a prisão deve ser usada para deter os piores estrangeiros ilegais que ameaçam o povo americano.
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O presidente republicano sofre uma derrota no Senado. Ele quer a instalação de tribunais militares internacionais e que os presos sejam submetidos à lei antiterrorismo. Quer inclusive imunidade para os interrogadores que usarem métodos condenados na Convenção de Genebra. Alega que o crime praticado pelos terroristas, e que abalou toda a sociedade americana, deve ser punido com rapidez e máximo rigor. George W. Bush diz que, se não fosse a lei, o grupo terrorista Al Qaeda teria praticado outros atentados nos Estados Unidos. A opinião pública americana ainda não se recuperou do trauma provocado pelos atentados que destruíram as Torres Gêmeas de Nova York, parte do Pentágono em Washington e a queda de um avião de passageiros na Pensilvânia. Nem o ataque contra a base americana de Pearl Harbour, que lançou os Estados Unidos na Segunda Guerra mundial, atingiu tanto o moral nacional. Mais de 700 pessoas povoam a prisão militar de Guantánamo. Apesar das críticas, o governo não volta atrás. Reportagem publicada pelo jornal inglês The Times diz que Bush sabe que parte dos prisioneiros é inocente e eles estão presos por causa de sua origem étnica e religiosa. O grupo Al Qaeda tem origem no Oriente Médio. A reação aos atentados terroristas é uma forte bandeira para Bush tentar a reeleição e manter os suspeitos presos em Cuba.(Foto: Engin Akyurt/Pexels)
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HERÓDOTO BARBEIRO
Heródoto Barbeiro é jornalista do Record News, R7 e Nova Brasil (89.7), além de autor de vários livros de sucesso, tanto destinados ao ensino de História, como para as áreas de jornalismo, mídia training e budismo. Apresentou o Roda Viva da TV Cultura e o Jornal da CBN. Mestre em História pela USP e inscrito na OAB. Acompanhe-o por seu canal no YouTube “Por dentro da Máquina”
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