Sindicalista, vereador e deputado federal, Hary Normanton atuou num dos momentos mais conturbados da história recente do Brasil: a tomada do poder pelos militares em 1964. Segundo as pesquisas do professor Maurício Ferreira, Normanton foi amigo do então presidente Jânio Quadros que três anos antes renunciaria ao cargo criando a instabilidade política que resultou no golpe militar para alguns e revolução para outros. O deputado foi cassado neste período, segundo familiares. A foto ao lado é histórica. Mostra a reunião que resultou na estatização da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, ocorrida no começo da década de 1960. Sentados aparecem o governador de São Paulo, Carvalho Pinto; o presidente da República, Jânio Quadro. Em pé, à direita, o deputado federal e presidente do sindicato, Hary Normanton.
Em 1961, durante uma crise aguda provocada por uma série de greves, a empresa foi estatizada. Foi quando os primeiros sinais de decadência começaram. O atendimento deixou de ser de primeira devido principalmente a saída de funcionários antigos e mudanças nas regras de controles. Dez anos mais tarde, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi incorporada à uma nova estatal, a Fepasa.
De acordo com o site da Câmara Municipal de Jundiaí, Hary nasceu em Jundiaí no dia 19 de agosto de 1922. Era casado com Ilda Pedroso e foi pai da ex-vereadora Alexandra Maria Normanton Guin. Foi eleito em 1950 para comandar a Delegacia Sindical dos Ferroviários. Também foi presidente do sindicato da categoria por 20 anos, se destacando na luta pela elevação dos salários dos empregados da Companhia Paulista de Estadas de Ferro.
Hary Normanton foi eleito vereador em 1952. Quatro anos mais tarde se reelegeu. Em ambas legislaturas ele era dos quadros do Partido Republicano Trabalhista(PRT). Em 1958, Normanton foi eleito deputado federal. Acabou se reelegendo em 1962. No dia 6 de janeiro de 1978, Ary Normanton morreu. Em homenagem, a estação ferroviária de Jundiaí recebeu o nome dele.
Prisão – De acordo com o texto Como os Deputados da Assembleia Paulista Reagiram ao Golpe de Estado de 1964, de Carlos Alberto Ungaretti Dias, doutor em História, Hary é citado no parágrafo que conta como foi o terceiro dia de tomada de poder pelos militares. Este dia ficou marcado por série de denúncias. Francisco Franco registrou que “a polícia do Sr. Adhemar de Barros(então governador) estava fechando e lacrando todos os sindicatos em Campinas”. Tinham prendido funcionários, advogados e o deputado federal Ary Normanton, do Partido Social Progressista, todos contrários ao comunismo. A prisão do parlamentar foi objeto do protesto de uma dezena de deputados que pediam providências ao Presidente. Em decorrência, Cyro Albuquerque prorrogou a “Sessão Permanente” até a segunda feira, conta Ungaretti.
Alexandra Normanton, filha de Hary, afirma que ele não foi preso em 1964 e sim cassado pelo AI5 em 1969, em decorrência do caso Márcio Moreira Alves. Meu pai não aceitou a punição do colega que discursou no Congresso Nacional contra a atuação violentas dos militares e também se posicionou de forma contrária à tortura e ao sumiço de muita gente que militava a favor da restauração da democracia no país.
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