O Hospital São Vicente(HSV), em Jundiaí, divulgou o balanço contábil referente ao ano passado. O Passivo a Descoberto(dívidas) da instituição soma R$ 110.811.898,11. De acordo com o documento publicado na Imprensa Oficial da última quarta-feira(25), o déficit está relacionado às contingências trabalhistas e civis, empréstimos bancários, aumentos de salários a pagar em função de saldo de banco de horas e prorrogação de pagamentos aos fornecedores. A direção do HSV alega, no balanço, que “permanece em constante avaliação do cenário apresentado nas demonstrações financeiras tomando providências para readequar as despesas e promover o equilíbrio econômico-financeiro, melhorando o valor do passivo descoberto para continuidade das operações”. As ações que serão tomadas passam pela revisões de contrato e pelo quadro de pessoal; negociação dos valores em aberto com fornecedores; tratamento do banco de horas para redução e regularização e ações para captação de recursos.
O Jundiaí Agora questionou a direção do HSV, item a item, sobre as ações tomadas para o equilíbrio das contas. Através de nota, o hospital repetiu as informações do balanço e não explicou como acabará com as dívidas: “enquanto entidade filantrópica e referência em alta complexidade para toda a região, enfrenta desafios naturais à gestão de um grande hospital público, que demanda altos investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologia e recursos humanos. O déficit reflete este cenário e vem sendo acompanhado de forma responsável pela administração atual. Apesar dos desafios financeiros, o São Vicente mantém o compromisso com a assistência de qualidade e segue adotando uma série de medidas administrativas para otimização de recursos, revisão de contratos e estratégias para ampliar suas fontes de receita. Todas as ações seguem critérios técnicos e legais, com foco na sustentabilidade da instituição e, sobretudo, na continuidade do atendimento à população. A direção permanece em diálogo com fornecedores, parceiros e órgãos competentes, e reitera seu compromisso com a transparência e com a melhoria contínua da gestão hospitalar”.
Histórico – No início deste ano, o Executivo e o HSV protagonizaram queda de braço envolvendo a renovação do convênio para gestão e operação da Rede de Atenção Pré-Hospitalar de Jundiaí, formada pelo Pronto-Atendimento(PA) Central, PA Hortolândia e PA Retiro, todos sob a responsabilidade do hospital. Este convênio foi firmado em agosto de 2023, durante a gestão Luiz Fernando Machado. O valor mensal estipulado foi de R$ 4.509.468,08, sem reajustes durante as prorrogações feitas em 2024.
Gustavo Martinelli venceu as eleições municipais e, quando assumiu em janeiro deste ano, a Prefeitura iniciou negociações com o hospital para a renovação do contrato, solicitando documentos detalhados, como plano de trabalho e planilhas de custos. O Executivo exigia transparência. “Após análise técnica das informações enviadas pelo hospital, foi constatado que o reajuste proposto, de 22,33% (elevando o valor para R$ 5.516.538,89), não era compatível com as metas previstas e também deveriam ser ajustadas”, conforme matéria publicada no site do Executivo. Com base nesses dados, a Prefeitura apresentou ao hospital uma proposta de renovação do contrato por 12 meses, com ajustes técnicos e valores compatíveis, ou, alternativamente, uma prorrogação por três meses enquanto se concluem os novos estudos. A direção do HSV não deu resposta, a Prefeitura suspendeu o convênio e começou a procurar outras instituições para assumir os trabalhos nos PAS.
Em março, o HSV trocou o superintendente “para se alinhar à nova gestão da Prefeitura”. Somente no final de abril é que o Conselho Municipal de Saúde(Comus) aprovou um novo contrato de um ano, com reajuste de 6,45% e com melhorias de atendimento à população como redução no tempo de espera para triagem e exames; maior integração entre o hospital e a Secretaria de Saúde, compartilhamento de informações em tempo real; atendimento mais humanizado, com capacitação das equipes e foco na experiência dos pacientes e canais de escuta para que os usuários possam opinar sobre os serviços prestados.
Em maio, através de requerimento ao prefeito Gustavo Martinelli, o Colegiado de Vereadores da Câmara de Jundiaí pediu a contratação, em 90 dias, de empresa especializada em auditoria para avaliar as contas do Hospital São Vicente(HSV). Os vereadores já tinham informado que pediriam auditoria do Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde(Denasus). Sobre a dívida do hospital, o requerimento afirmava que “há divergências nas informações sobre o valor da dívida do HSV, com estimativas variando entre R$ 9 milhões e R$ 12 milhões”. A dívida é quase 10 vezes o maior valor que os parlamentares especulavam. Não há informações sobre a contratação da empresa de auditoria nem da vinda de auditores do Denasus a Jundiaí.
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