Entramos em uma nova fase da tecnologia. De acordo com o McKinsey Global Institute estima-se que as tecnologias de IA e automação poderiam, em teoria, sistematizar atividades que hoje ocupam cerca de 57 % das horas de trabalho nos Estados Unidos. Simultaneamente, cerca de 40 % dos empregos caem em categorias com alto potencial de automação segundo Robotics & Automation News. Outro levantamento confirma que embora o impacto varie fortemente por país e setor, um em cada quatro empregos já está em risco de transformação por IA e automação digital, conforme a International Labour Organization. Por que isso importa para negócios? Porque essa não é mais apenas uma questão de eficiência operacional: afeta diretamente estratégia de talentos, custos de mão-de-obra, modelos de contratação, redistribuição de tarefas e até risco social/regulatório.
Vejamos o que as evidências nos mostram. Primeiro: a automação atingirá sobretudo tarefas, não necessariamente empregos inteiros, pelo menos não de imediato. Depois da adoção de agentes de IA e robótica, o trabalho humano será redesenhado com humanos, agentes e máquinas colaborando. Esta estimativa refere-se ao potencial técnico de mudança, não a uma previsão de perdas de emprego.
Segundo: o impacto não será uniforme. Para trabalhadores em início de carreira ou em funções rotineiras de escritório, as evidências já mostram sinais preocupantes. Um estudo da Stanford University apontou um declínio de até 13 % no emprego para jovens de 22 a 25 anos em ocupações altamente expostas à IA. Terceiro: embora o temor seja substituição, a realidade tende mais à reconfiguração de tarefas, por exemplo, documentos que eram preparados inteiramente por pessoas agora são gerados ou esboçados por IA. Isso exige que os humanos passem a supervisionar, interpretar, contextualizar. A própria McKinsey afirma que mais de 70 % das habilidades procuradas hoje são usadas tanto em trabalho automatizável quanto não-automatizável. Quarto: para as empresas, o desafio vai além da tecnologia. É cultural e organizacional. Quase todas as empresas investem em IA, mas apenas 1% se considera madura na integração de IA nos fluxos de trabalho.
Certo, mas então por que os executivos e RH não podem ignorar isso?
Custos de mão-de-obra e competitividade: se parte da tarefa que sua empresa paga caro pode ser feita por IA ou agentes autônomos, a pressão para reduzir salários, horas ou migrar para modelos híbridos aumenta.
Talento e retenção: os novos perfis desejados mudam. Haverá valorização maior para quem gerencia a IA, interpreta os resultados, ou conecta humanos/máquinas. Funções que ficam somente com execução rotineira correm risco real.
Reestruturação e contratos: parcerias com fornecedores de IA, contratados que realizam data labor (alimentação de modelos) ou terceirização tornam-se parte da equação; a governança desses arranjos importa para compliance, ética e reputação.
Imagem pública e política: em tempos em que um em cada seis empregadores já preveem cortes pelo uso de IA em 2026(lembrando que teremos eleições e Copa do Mundo neste ano), resiliência empresarial e gestão de mudanças e comunicação com colaboradores será crítica.
Mas, como sempre, isso não será ainda o fim dos tempos, mas o princípio. Para dar um norte segue algumas recomendações práticas:
- Faça um mapa de tarefas simples para identificar quais atividades da empresa são de alto volume, codificáveis, repetitivas, essas são as mais vulneráveis à automação.
- Invista em up-skilling e re-skilling. Traduzindo: prepare seu quadro para funções que requerem supervisão de IA, interpretação, criatividade, empatia, portanto habilidades que permanecem humanas.
- Redesenhe fluxos de trabalho, porque ao adotar IA, não apenas automatizará tarefa por tarefa, mas reconfigurará como humano e máquina colaboram — isso maximiza valor potencial.
- Monitore métricas de impacto, como por exemplo, produtividade, qualidade, redução de custo-por-tarefa, mas também engajamento dos funcionários. A adoção malfeita pode gerar work-slop, que nada mais é que, automação superficial ou geração de pouco valor, como apontado por estudos do MIT Media Lab.
- Sempre prepare o plano B social/regulatório porque mudanças no trabalho geram escrutínio. Empresas que anteciparem políticas de transição justa (como realocação, treinamento, comunicação transparente) irão reduzir riscos.
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A revolução da IA no trabalho não é uma hipótese futurista é questão para hoje. Embora o impacto em empregos inteiros ainda seja moderado em alguns contextos, a transformação de tarefas está em curso e acelerando. Para empresas, entender essa transição como uma oportunidade competitiva pode ser um diferencial. Quem conseguir redesenhar o trabalho, treinar o talento e medir os ganhos estará à frente. Quem mirar apenas em cortes e tecnologia isolada poderá enfrentar queda de produtividade, problemas de talento ou risco reputacional. Em última instância: o valor real estará em como as empresas reconfigurarem o quem faz o quê e não apenas em quem será substituído.(Foto: Gemini)

ARTUR MARQUES JR
É cientista de dados e especialista em IA aplicada, com sólida atuação em educação digital e inovação. Coordena a pós-graduação digital na Cruzeiro do Sul Educacional e é PhD em Ensino de Matemática, Mestre em Física Computacional e Astrofísica. Atua como palestrante, mentor, cofundador do Grape Valley, é VP Fiscal do Hosp. GRENDACC e já foi VP da DAMA Brasil.
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