A consciência de que tudo provém da natureza e que devemos preservá-la ainda está muito distante do ideal. Temos que educar as novas gerações, insistir no assunto, senão o planeta dará sua resposta nada agradável a todos os seres vivos. Os incêndios aqui e mundo afora são um dos exemplos nocivos de danos que contribuem para o assunto do momento: aumento dos gases de efeito estufa, mudanças climáticas, eventos catastróficos e por aí vai. Será o nosso fim?
Só para se ter uma ideia da proporção do problema, só na região metropolitana de Jundiaí, que envolve sete municípios, o Corpo de Bombeiros informou ter havido somente no ano de 2024, até agora, 1.400 incêndios em vegetação e outros 40 em edificações e áreas de risco. Agora, se por aqui o problema já é sério, você pode imaginar a hipótese do ser humano reproduzir esse comportamento mundo afora?
Os incêndios florestais são um problema de grandes proporções que afetam o mundo inteiro, resultando em graves danos ambientais, sociais e econômicos. Esses incêndios ocorrem por uma combinação de fatores naturais, como secas e temperaturas elevadas, mas são desencadeados principalmente por ações humanas.
Os riscos associados a incêndios florestais incluem a destruição de vastas áreas de vegetação, a perda de biodiversidade, o deslocamento de populações humanas e animais e o aumento na emissão de gases de efeito estufa, que contribuem para a crise climática global.
Entre as causas humanas, uma prática frequente é o uso de fogo para fins agrícolas, como a queimada para limpar áreas de cultivo ou pastagem. Essas queimadas podem, deliberadamente ou por negligência, sair do controle, propagando-se para florestas adjacentes.
Além disso, incêndios também são causados intencionalmente em atividades criminosas, com objetivos diversos, como facilitar a especulação imobiliária em áreas de preservação.
Um aspecto particular desse cenário é a atitude de atear fogo de forma intencional sem um propósito prático, mas como expressão de um distúrbio psicológico. Nesse contexto, destaca-se a piromania, uma condição médica classificada como um transtorno do controle dos impulsos. Indivíduos com piromania experimentam uma atração intensa por fogo e incêndios, sentindo prazer ou alívio ao iniciar chamas. Esse transtorno, no entanto, é raro (ou deveria ser raro) e distingue-se de outros comportamentos incendiários, como vandalismo ou crimes por ganho, já que o principal impulso do piromaníaco é o próprio ato de atear fogo, não os resultados ou benefícios. A piromania, representa um agravante dessa problemática, exigindo uma abordagem multidisciplinar que combine políticas públicas de prevenção e cuidados médicos para os afetados por esse transtorno.
Nos últimos anos, Jundiaí, o Brasil e o mundo tem testemunhado diversos incêndios florestais devastadores:
- Nos estados que compõe a Amazônia, no Pantanal e outros estados, até mesmo em São Paulo, os incêndios tem sido cada vez maiores.
- O Canadá, em 2023, enfrentou uma das piores temporadas de incêndios da sua história. Mais de 13 milhões de hectares foram consumidos pelas chamas, especialmente nas províncias de Alberta e Quebec, resultando em milhares de evacuações e impacto significativo na qualidade do ar em regiões dos EUA e Europa devido à fumaça.
- Na Grécia, também em 2023, incêndios atingiram a ilha de Rodes, assim como o Parque Nacional de Dadia, forçando a evacuação de milhares de pessoas. A Grécia tem enfrentado temporadas de incêndios intensas desde 2021, agravadas pelas altas temperaturas.
- O Chile, ainda em 2023, foi duramente atingido por incêndios florestais que devastaram cerca de 270 mil hectares e causaram a morte de pelo menos 26 pessoas. As altas temperaturas e a seca prolongada contribuíram para a propagação das chamas.
- Na Espanha, em 2022 e 2023, incêndios significativos ocorreram nas Ilhas Canárias e em regiões como a Catalunha e Andaluzia, impulsionados por secas e ondas de calor. O incêndio na ilha de Tenerife, em agosto de 2023, foi o pior em 40 anos.
- A Austrália, após os incêndios catastróficos de 2019-2020 (os “Black Summer”), continuou a enfrentar incêndios devastadores, com novas temporadas de queimadas intensas em 2022-2023.
- Ainda recentemente Portugal enfrentou enormes incêndios, causando a morte de 7 pessoas, sendo 3 bombeiros que combatiam as chamas.
Não é difícil imaginar a extensão das mortes de inúmeros seres vivos, animais inocentes, adultos, filhotes, ninhos, todos queimados vivos, muitas vezes por consequência de ações humanas, sem contar os danos à vegetação, à biodiversidade, ao ar, ao clima, etc. Quanto tempo vai demorar para haver a procriação e repopular com animais esses locais? Os animais são importantes para todo o ecossistema e até para as florestas. Quantos estão ou entraram para lista de espécies ameaçadas de extinção? Lembrando que extinção é para sempre…
Assim, quando vejo uma pessoa jogando uma bituca de cigarro acesa para fora de seu carro ou ateando fogo intencionalmente no Morro da Baleia em Jundiaí, ou qualquer outra área com vegetação, sinceramente não entendo em que mundo essa pessoa vive…
Precisamos aprender urgentemente que nossas ações têm reflexo para toda a coletividade. Se um faz algo errado, todos os demais podem querer fazer também. Se a natureza é atingida, todos nós seremos mais cedo ou mais tarde.
Finalizo com uma chama de esperança, fazendo minhas as palavras de Mário Sérgio Cortelala, em seu livro “Ser Humano é Ser Junto”:
“Muitos podem dizer: ‘Mas você ainda tem a ilusão de falar de felicidade num mundo como o de hoje? A vida é prática, é concreta, falar em felicidade é utopia’. Ao que responderei: ´Graças aos céus!´. Uma das piores coisas que pode haver no nosso cotidiano é perdermos as nossas utopias.
Nós temos uma utopia: participar da construção de uma vida feliz para todo mundo. Vida que não rareia, que não diminui, que não é marcada pela carência. Vida boa é aquela na qual consigamos afastar a falência das nossas utopias”.
Cortella concita logo em seguida um pensar e agir juntos para “não permitir o apequenamento da vida, e sim cultivar uma sociedade pautada por uma vida de paz e pela recusa à violência de qualquer natureza, e que afaste a perspectiva de que estamos condenados a uma convivência que desertifica os nossos sonhos”, ao que incluo que não desertifiquemos nosso lindo planeta, nossa casa, de onde provém todas nossas necessidades para uma vida digna.(Fontes: Chatgpt, Copernicus, Wikipedia/Foto: Chatgpt).
CLAUDEMIR BATTAGLINI
Claudemir Battaglini. Promotor de Justiça (inativo), Especialista em Direito Ambiental, Professor Universitário, Consultor Ambiental e Advogado. Vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB Subseção Jundiaí e Vice-presidente do COMDEMA Jundiaí 2023/2025. E-mail: battaglini.c7@gmail.com
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