A jundiaiense Marina Takejame Galafassi(na foto, à direita), de 44 anos, é uma das sócias da Universo Uia, empresa de jogos de tabuleiro e cartas. Mas não jogos cheios de lutas, guerras, violência ou ganância. A ideia é oferecer experiências lúdicas cheias de diversidade, equidade, representatividade e inclusão. Diversão politicamente correta em contraponto aos jogos ditos ‘tradicionais’. O Jundiaí Agora entrevistou Marina:
A senhora nasceu em Jundiaí?
Sim. Mudei para São Paulo quando fui fazer faculdade e fiquei lá pra 15 anos. Voltei no final de 2011 quando meu filho tinha quase um ano.
Qual a sua formação profissional?
Sou formada em Comunicação Social, Relações Públicas
Sempre gostou de jogos de tabuleiro?
Sempre gostei muito de jogos de tabuleiro e principalmente de cartas.
Como surgiu a ideia de criar jogos que fogem das temáticas tradicionais de guerreiros bombados, lutas, conquista de território e dinheiro?
O desejo de criar jogos surgiu para mim e minha sócia, Thays Leonel (na foto, à esquerda) com a maternidade, quando percebemos o quanto os jogos eram estereotipados e com mecânicas que estimulavam coisas que não gostaríamos de exercitar com nossos filhos.
Existe a preocupação de inserir minorias, inclusão, representatividade nos seus jogos?
A Uia nasceu pra isso. A ideia toda é mesmo desenvolver e fazer a curadoria de jogos para mais equidade, representatividade e respeito à diversidade.
Estas ideias têm sido bem aceitas?
Muita gente hoje se preocupa com isso. Os jogos foram muito bem aceitos e todos procuradas por lojas de brinquedos inovadoras, lojas de presentes e principalmente muitas escolas, que além de ter esses temas como prioridade atualmente, usam de ferramentas lúdicas para o aprendizado.
Qual foi o primeiro jogo criado por vocês? Como é? Foi um sucesso?
O Duelo foi nosso primeiro jogo. É um jogo de argumentação em que fica claro que para ter uma habilidade ou fazer algo bem feito o físico, gênero e raça são pouco relevantes. A gente fez o jogo pensando nas crianças mas fomos surpreendidas pelo grande número de adultos, adolescentes e escolas que se interessaram.
A Universo Uia já existia ou foi consequência? Quando a empresa foi criada?
A Uia nasceu no início de 2020, quando ainda nem sabíamos que o mundo ia parar um pouco com a pandemia… A gente já estava desenvolvendo os personagens do Duelo e seguimos até o lançamento em maio de 2020.
A senhora conta com apoio de profissionais para criar os jogos? Como é o processo de criação?
Thays e eu lideramos o processo, mas é sempre um trabalho bem colaborativo. No caso do Duelo nos juntamos com Daniela Elias (pedagoga) e Marcelo Carneiro (psicólogo infantil) para desenvolver o jogo. Já no 7famílias, a Thays fez a direção de arte e selecionou sete artistas incríveis, de regiões diferentes do país e diversos entre si, para que cada um desenhasse uma das famílias, o que deu uma cara linda ao jogo.
Quantos jogos existem hoje?
Por enquanto temos dois jogos físicos prontos, outros dois pra baixar em PDF e mais alguns ainda em fase de desenvolvimento.
Além dos jogos ditos ‘tradicionais’, como vocês enfrentam a concorrência dos games que utilizam a violência ao extremo como atrativo?
Olha… A parte mais difícil é o investimento para produzir em escala que deixe o preço competitivo. As grandes empresas produzem em volumes que barateiam muito custo. Eu não acredito que a violência ou o uso dos estereótipos sejam atrativos, mas o alcance e produções em larga escala que as grandes tem são os maiores desafios.
Existe algum estudo que aponta como serão as crianças que hoje jogam games violentos ou que enfatizam valores como dinheiro e vitória sobre o outro?
Nós somos uma geração que cresceu jogando war, banco imobiliário, jogo da vida entre outros que estimulam a guerra, o capitalismo, o patriarcado e a manutenção do status quo. Não conheço estudo, mas vemos claramente o quanto nossa sociedade é voltada a esses valores.
E como serão os adultos que na infância que tiveram experiências com brinquedos como os que a senhora produz?
Acreditamos que as experiências lúdicas tem o poder de transformar a cultura e por isso esperamos produzir jogos que exercitem mais empatia, mais respeito à diversidade e compreensão de que as diferenças nos enriquecem como sociedade.
A senhora tem filhos? O que eles acham dos seus jogos? A senhora permite que eles brinquem com jogos ‘tradicionais’?
Eu tenho um filho, o Davi de 12 anos. Ele gosta dos jogos e entende a importância de trazer esses temas para discussão. Claro que permito que ele brinque com os jogos tradicionais e inclusive jogo com ele eventualmente. Mas temos também um olhar crítico em relação a eles. Vejo em meu filho uma atitude de maior colaboração numa partida de banco imobiliário, como também já substituímos as casas de vingança do jogo da vida por ideias mais construtivas. Mas o que gosto mesmo é de trazer essas produções inovadoras, da Uia ou de parceiros, para nossa mesa e assim plantar uma semente mais benéfica.
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