José Leme do Prado Filho. Meu pai, o mestre das boas histórias

José Leme do Prado Filho
José Leme do Prado Filho(de terno e gravata), durante visita de José Mauro Vasconcelos, autor do livro “Meu Pé de Laranja Lima”, em 1973. Ainda na foto: Ulisses e Lucemi Nutti Moreira

Algumas pessoas que leem estes artigos que escrevo aqui no Jundiaí Agora e conhecem a história da minha família me lembram que meu pai, o professor José Leme do Prado Filho, escreveu, por muitos anos, uma coluna diária em um jornal local aqui na “terra dos papudos” como ele se referia à nossa Jundiaí. Suas crônicas eram caracterizadas pela informalidade graças a sua habilidade de escrever como quem está conversando e que agradava tanto seus leitores que se sentiam participantes de um bom “bate-papo”. Muitas de suas crônicas foram transformadas em um livro organizado pela saudosa e querida professora Mercedes Cruañes Rinaldi.

Perguntam-me se não poderia retomar este estilo em meus escritos, mantendo uma certa tradição, na linha do “filho de peixe peixinho é”, o que envaidece, mas me é muito difícil, pois nem tudo é transmitido geneticamente e não tenho esta verve de contador de histórias bem desenvolvida. De todo modo, contando com o beneplácito dos leitores, vou relembrar alguns episódios do Pradão, como era conhecido meu pai(na foto de terno e gravata), pois meu avô, o professor José Leme do Prado, era o Pradinho. Ambos com suas vidas ligadas ao Ginásio Rosa no qual foram diretores e professores.

Diz a lenda, contada por ex-alunos que frequentaram a escola nos anos 1960, que quando faltava um professor o Pradão era encarregado de substituí-lo para alegria dos alunos. Parece curioso dizer isto, pois, em geral, professores substitutos costumam ser chatíssimos. Entram para falar de alguma coisa da qual há pouco ou nenhum interesse. Não era o caso do professor José Leme do Prado Filho. Qualquer que fosse o assunto, um evento recente ou alguma coisa de um passado distante, lá ia ele discorrendo com desenvoltura enquanto mordia a própria língua, um hábito impossível de evitar. Suas falas eram pontuadas por episódios emocionantes que comoviam os alunos que acreditavam em tudo o que ouviam independente da veracidade das afirmações.

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Como convém a um bom romancista, incluir alguns elementos de realidade associados a uma boa dose de criatividade pode resultar em uma boa história. Se bem interpretada se transforma em espetáculo. Esta era uma de suas habilidades e a praticava com enorme maestria sendo, por isso, lembrado por tantos que o conheceram e especialmente aqueles que foram seus alunos nas mais diversas idades, depois de tantos anos.

Faria aniversário no próximo dia 29. As recordações familiares são inevitáveis. A saudade da convivência e das histórias contadas sem nenhuma preocupação com os personagens, fictícios ou não, que eram incluídos para ilustrar. Era possível escutar por horas. Não sei como se adaptaria a estes tempos de internet, mas certamente gravaria suas crônicas para alguém digitar.

FERNANDO LEME DO PRADO

É educador

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