Fanny Ladeira, escritora de Jundiaí, está envolvida pela história do antigo morador da cidade, Leonardo Cavalcanti, figura importante nos anos 1920. No último dia 29 completou-se 97 anos da morte dele. A escritora fez várias pesquisas e prepara livro sobre romance entre Leonardo e e a misteriosa noiva dele, Yole Motta.
Quem visita o Cemitério Nossa Senhora do Desterro, em Jundiaí, encontra grandes personalidades em seu descanso eterno, mas um túmulo chama a atenção de qualquer visitante, mesmo de quem não conhece a história. Localizado na quadra 2, o túmulo do Dr. Leonardo Cavalcanti se tornou um ponto de fascínio, curiosidade e até mesmo um local de pedidos de ajuda para encontrar um namorado.
SAIBA MAIS SOBRE O TÚMULO DE LEONARDO CAVALCANTI
Leonardo Cavalcanti nasceu em Jundiaí em 1º de agosto de 1892, filho de Francisco de Albuquerque Cavalcanti, médico e prefeito de Jundiaí, e de Alice Ulhoa Cintra, filha do Barão de Jaraguá.
Formado na Universidade Mackenzie, aos 21 anos entrou para o mestrado de Engenharia Elétrica em Princeton em 1913. Recebeu a medalha Charles Ira Young, e trabalhou em duas grandes empresas americanas de eletricidade antes de voltar ao Brasil para exercer função na Fepasa e, em seguida, na Companhia de Energia Paulista, onde morreu eletrocutado enquanto trabalhava em uma inspeção no trecho dos fios de alta tensão, no dia 29 de abril de 1925, com apenas 33 anos.
Em homenagem, ganhou nome de rua, e apesar da trágica morte de um jovem promissor, é a estátua de uma desolada mulher debruçada sobre seu túmulo que causa a curiosidade das novas gerações.
Boatos para alguns e a certeza para outros é de que Leonardo estava noivo e se casaria nos próximos dias, e, durante o enterro, sua noiva jurou nunca mais se casar e desmaiou em cima do caixão. A cena inspirou a confecção da obra.
Sem registros formais da época, esse momento foi recontado de pessoa para pessoa e é motivo de dúvida sobre a sua veracidade para muitos, como para Fanny, que ao ler o relato duvidou. “Quando eu li sobre a história, a primeira coisa que pensei foi: será que a jovem não se casou mesmo? A dúvida me consumiu e fui atrás do assunto. Então encontrei muitas coisas. E a mais importantes delas: é tudo verdade!”
A escritora conta que a jovem retratada se chama Yole Motta, e que morreu solteira, como havia prometido, em janeiro de 1952. “Por um tempo eu não sabia se Yole era realmente a jovem noiva e também queria entender quem era a mulher que existia além da retratada naquele momento, então fui em busca da história dela.”
A confirmação de que Yole era realmente a noiva de Leonardo veio por parte dos descendentes da família dela e Fanny acredita que isso é suficiente: “não queria continuar a envolver Yole em uma fofoca da qual ela não tinha nada a ver. Não encontramos nenhum registro da época, mas a história também é passada através da fala, entre gerações e para mim foi o suficiente.”
A preocupação em ter essa confirmação é porque Fanny prepara “Yole e Leonardo”, romance baseado na vida dos dois, que será editado por Andresa Vidal e publicado de forma independente.
“Assim como a maioria dos romances de época recontados anos depois, é difícil conseguir todos os detalhes do envolvimento do casal, e, para isso, entra um pouco da nossa própria imaginação e suposição. Não há registros de como os dois se conheceram, por exemplo. Esses momentos entram na minha versão”, explica a escritora.
Para isso, Fanny mergulhou em pesquisas sobre as óperas, teatros, músicas, poesias e até mesmo em bases americanas sobre a parte de Leonardo. “Como ele estudou e trabalhou nos Estados Unidos, consegui retorno rápido sobre os arquivos disponíveis. Hoje já sei até mesmo onde ele morou durante a sua estadia em Princeton, quem eram os seus colegas de classe e de dormitório.”
Mas, o maior tesouro sobre as descobertas sobre Leonardo é o registro dele na Ellis Island. “Com toda a polêmica sobre o Will Smith durante o Oscar, eu me lembrei do filme Hitch, em que o seu personagem leva a paquera até Ellis Island para ver a assinatura de um parente e quando ele chegou nos Estados Unidos. Então pensei: Princeton é perto de Nova York. Será que haveria algum registro dele lá?”
Não só tinha a marcação da segunda entrada de Leonardo retornando aos EUA, em 1915, como outras informações sobre ele, como a cor dos olhos, cabelo e a sua estatura.
PARA MAIS JUNDIAÍ DE ANTIGAMENTE CLIQUE AQUI
O livro será lançado no segundo semestre de 2023, em formato físico e digital, mas Fanny pretende ir além e criar uma exposição no centenário da morte da Leonardo Cavalcanti, em 2025. “Seria uma grande oportunidade não só de mostrar para o grande público tudo o que consegui resgatar sobre ele, mas também de resgatar a memória de uma época tão importante da nossa cidade. Andamos pelas ruas sem saber sobre as personagens que os inspiraram e como eles se correlacionavam.”
Para ter material para a exposição, Fanny ainda acredita que encontrará registros sobre Yole nos arquivos da Caetano de Campos e espera esbarrar em outras informações sobre Leonardo. Ela pede para quem tenha qualquer registro, material ou informação sobre o casal, para compartilhar com ela através do e-mail: stefanialadeira@yahoo.com.br.
Sobre a autora: Fanny Ladeira(foto ao lado) tem 33 anos, nasceu em Minas Gerais, mas vive em Jundiaí há 15 anos. É gerente de produtos e escritora por paixão. Já escreveu 24 livros, que foram publicados de forma independente, sendo que 18 deles se passam em Jundiaí. Suas obras estão disponíveis na plataforma da Amazon. “Yole e Leonardo” será lançado em 2023 e será seu primeiro livro a também ser publicado em formato físico.
VEJA TAMBÉM
ACESSE FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES
PRECISANDO DE BOLSA DE ESTUDOS? O JUNDIAÍ AGORA VAI AJUDAR VOCÊ. É SÓ CLICAR AQUI