LOBO DE GUBBIO, Francisco de Assis e o Meio Ambiente

Há um conto interessante que reflete também a importância de consciência para melhoria do equilíbrio do meio ambiente e de respeito para com tudo. Trata-se do Lobo de Gubbio, cidade da Úmbria, na Itália, e a forma como Francisco de Assis resolveu um problema grave.

Em Gubbio havia um lobo feroz que amedrontava a todos, atacava pessoas e animais. Todos andavam armados para proteção e pretendiam tirar a vida do lobo, para que a paz pudesse retornar. Quando Francisco de Assis chegou naquela cidade, estranhou o medo do povo e refletiu que a culpa não era apenas do lobo. Francisco ofereceu-se para ajudar, saiu ao encontro do lobo, sozinho e desarmado, com paz no coração. O lobo perigoso foi ao encontro de Francisco e estava pronto para devorá-lo, mas ao perceber as boas intenções dele, pois o tratava como um irmão, mudou seu comportamento.

São Francisco anulou a violência com carinho e compreensão, conversou com o lobo, prometendo-lhe que todos da cidade iriam cuidar dele e dar-lhe abrigo e alimento até o fim de sua vida, além de amizade e carinho. O lobo não precisaria mais ferir ou matar nenhuma pessoa ou animal do rebanho daquela cidade.

O povo deixou a raiva e passou a tratar o lobo como irmão, que morreu de velhice e todos da cidade ficaram sentidos.

Em um primeiro momento pode parecer apenas um conto, uma estória, algo que não poderia de fato ter ocorrido da forma narrada. Entretanto, traçando um paralelo entre a atividade de adestradores de animais, envolvendo a doma de cavalos chucros, de cães ferozes e outros, nos aproximamos da realidade vivida por São Francisco, pois é com carinho e paciência, com recompensa envolvendo alimento, abrigo e outros cuidados, que os animais mais ferozes não resistem à aproximação e carinho daqueles que verdadeiramente lhes tratam bem. Aliás, a doma no passado baseada em violência e medo, deu lugar à doma racional, com carinho e respeito, com resultados muito superiores. Animais em apresentações circenses também foram proibidos, pois afinal é algo desnecessário e muitas vezes levando a maus-tratos. Em Jundiaí e Itupeva, o Ministério Público obteve sentença proibindo a prática de rodeios com provas de montaria e similares, com uso de sedém e outros instrumentos voltados a causar incômodo e que fazem os animais saltarem, pois geram maus-tratos aos animais. São algumas situações que demonstram a evolução do ser humano com maior respeito aos animais…

Vez ou outra, infelizmente, vemos situações de maus tratos a animais, com agressões e até mutilações, fruto da completa falta de respeito com esses seres vivos, os quais nos oferecem carinho, companhia e gratidão.

Recentemente em Sorocaba houve um caso grave de repetida violência contra um cão, gravada pelos vizinhos, em condomínio de luxo. Anos atrás ocorreu situação semelhante em Jundiaí, onde a dona foi filmada espancando um pastor alemão, amordaçando o animal com uma fita adesiva no focinho. Providências foram tomadas, o animal retirado da pessoa, que foi processada criminalmente. Depois a agressora ainda queria que o animal lhe fosse devolvido, o que por certo foi negado pela Justiça, dando ao animal um outro dono, uma outra família, que passou a tratá-lo como merece.

Maus tratos é crime, tem repercussões graves, revelam o desvio de personalidade de pessoas que precisam de tratamento, antes que mal maior aconteça em suas vidas ou de outras pessoas.
A Declaração Universal dos Direitos dos Animais, editada pela Unesco, órgão da ONU, em Bruxelas, Bélgica, em 27 de janeiro de 1978, dispõe que todo animal tem direito ao respeito, à proteção do homem, e não será submetido a maus-tratos ou atos cruéis, nem ao abandono, entre outras disposições de proteção e cuidados.

Ao adotar um animal, qualquer que seja ele, temos que ter consciência de suas necessidades, do período em que viverá, não podendo com o tempo “enjoar” dele e passar a tratá-lo de forma indevida, como se o animal fosse responsável pelos problemas maus resolvidos de seus donos. Devemos ver nos animais o carinho e gratidão que eles tem por nós. Isso leva ao crescimento emocional e espiritual.

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Aliás, esse carinho, gratidão e cuidado deve nos inspirar com todos os seres vivos, fauna, flora, bem como perante os recursos naturais e todos os demais humanos.

Afinal, voltando novamente a Francisco de Assis, “é dando que se recebe”. Nem precisaria dizer que quem planta desprezo, ódio, violência, só há de colher consequências dessa natureza. Já quem planta atitudes de carinho, de respeito à vida e ao meio ambiente, há de colher uma vida com felicidade e verdadeiro sentido.

CLAUDEMIR BATTAGLINI

Promotor de Justiça do Meio Ambiente de Jundiaí. Professor universitário e especialista em Direito Ambiental.

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