O golpe do MANÉ

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Ao ser questionado em novembro, em Nova York, sobre o código-fonte das urnas eletrônicas, por um bolsonarista frustrado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, respondeu: “Perdeu Mané, não amola!” A frase rivalizou na internet e virou piada. A intensão de Barroso não foi menosprezar o questionador, mas foi dizer que a eleição estava resolvida. Jair Bolsonaro agora vive como turista nos Estados Unidos, depois de abandonar a Presidência dois dias antes de encerrar seu mandato.

Para quem achava que a história do Mané – ou Manés, ou os que não aceitam a derrota nas eleições – estava resolvida, foi puro engano. O Mané não se dá por derrotado. Já estava nas portas dos quartéis, pedindo intervenção militar, estava na redes sociais criticando e ofendendo o presidente eleito. E o Mané foi agravando a situação: no dia da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva, em 12 de dezembro, houve tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal. Ainda no mesmo mês a Polícia Federal descobriu uma bomba colocada em um caminhão, para explodir perto do aeroporto de Brasília. Câmaras de segurança identificaram os Manés.

Houve uma calmaria a partir disso, Lula tomou posse, mas tudo voltou ao que era antes: movimento intenso de manifestantes junto aos quartéis e a triste ação dos Manés terroristas ao invadirem o Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal. Objetivo era criar um clima institucional e provocar o golpe. Bolsonaro se mantém em silêncio!

Houve prisões de terroristas e a democracia não foi abalada, porque os três poderes se mostraram unidos, diferentemente dos últimos quatro anos. Ah, claro! Bolsonaro se mantém em silêncio! Vitória da Democracia.

Os Manés são obrigados a deixar as portas dos quartéis e retomar suas vidas, como se houve isso sem o sonhado golpe com intervenção militar. Mas – e sempre existe um mas… – o senador Marcos do Val (Podemos-ES) aparece nas redes sociais e concede entrevista à revista Veja e diz que foi chamado pelo agora ex-deputado Daniel Silveira o chamou para uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, com o objetivo de preparar um golpe e evitar a posse de Lula. A reunião ocorreu dia 9 de dezembro, segundo o senador, e a atuação do senador se resumia em se reunir com o ministro do STF, Alexandre de Moraes, e gravar uma conversa, tentando fazê-lo dizer que alguns dos processos, teria ferido a Constituição. Isso seria suficiente para viabilizar um processo para impedir a posse de Lula.

O senador afirma que manteve a reunião com Moraes, de quem é amigo há muitos anos, – por isso a ideia de Silveira colocá-lo no plano. Do Val, diz que alertou o ministro e ligou para Silveira para informar que estava fora do plano.

No mesmo dia em que o senador faz tal denúncia – e já deu seu depoimento à Polícia Federal – o ex-deputado Daniel Silveira é preso por determinação de Alexandre de Moraes. Silveira é o mesmo que obteve indulto de Jair Bolsonaro, após se condenado a 8 anos de prisão. Dia 1º, Silveira perdeu a imunidade, pois deixou o parlamento.

Se não bastasse tudo isso, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, que está preso por suposto envolvimento na ação dos terroristas no dia 8 de janeiro, ficou surpreso ao saber que em sua casa foi encontrado uma minuta de um decreto de golpe de Estado. Este Mané diz que não sabe quem fez o texto do plano, Waldemar Costa Neto, presidente do PL, partido do Jair, garantia que muita gente tinha cópias do plano, mas depois se desculpou sobre isso.

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E AGORA, JAIR?

Resumo da ópera: a ideia de golpe, que sempre passou pela cabeça dos Manés, se deteriorou. Silveira e Torres estão presos, muitos inquéritos na Polícia Federal foram gerados por conta dos atos terroristas em Brasília. Terminou o visto diplomático de Jair Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos em avião da FAB e com recursos pagos por todos nós, decidiu continuar por lá, agora com visto de turista. O prazo do visto é de seis meses e, segundo se sabe, ele quer ficar mais tempo por lá, para “clarear a cabeça”.

Seis meses é tempo suficiente para preparar sua vida para o futuro. Quem sabe passar um tempo junto com Torres e Silveira. Até porque, o golpe do Mané não deu certo!(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

NELSON MANZATTO

É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.

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