No dia 13 de junho fez 39 anos que o ator e diretor Amácio Mazzaropi faleceu. Será difícil encontrar algum adulto que não tenha visto um filme ou nunca tenha ouvido falar em Mazzaropi, mas sua relação com Jundiaí é desconhecida por muitos. Vamos relatar porque nossa cidade faz parte de sua história cinematográfica.

Jundiaí teve a primazia de ter sido a cidade onde ele montou seu primeiro pavilhão, no antigo Largo de Santa Cruz, hoje, Praça da Bandeira. A princípio, o pavilhão foi montado com panos da antiga Argos, depois, teve a cobertura com lona, tipo de circo, onde a trupe fazia ensaios. Morou com seus pais, durante algum tempo, em uma pensão na Rua Baronesa do Japi. No bairro da Vila Arens apresentou a primeira peça teatral “Divino Perfume”, de Roberto Viana. Isso em 1940, quando ainda não era famoso.

Seu primeiro trabalho profissional foi com o espetáculo “Filho de Sapateiro, Sapateiro Deve Ser”. Espontâneo, com trejeitos de caipira, logo criou fama e foi contratado pela Rádio Tupi por três meses. O sucesso foi tão grande que o contrato foi estendido para sete anos. Começava, aí, sua carreira de sucesso! Da Rádio Tupi, foi para a TV Tupi-RJ, com um programa semanal. Ficou tão conhecido que a Companhia Cinematográfica Vera Cruz – que estava no auge – o contratou; ali iniciou sua carreira no cinema.

Consta em sua biografia que, quando entrava em cena com seu andar característico de caipira, suas botas, chapéu de palha e calças pelas canelas, arrancava risadas da plateia sem ter proferido uma palavra!

Quando a Cinematográfica Vera Cruz foi à falência, em 1954, com o sucesso adquirido, fundou sua própria produtora e distribuidora de filmes, a PAM: Produções Amácio Mazzaropi. Viajava com um barracão desmontável, que chamava de “Teatro de Emergência”.

Foi aqui em Jundiaí, com essa produtora, que filmou “Casinha Pequenina”, um dos seus mais apreciados filmes. Grande parte da película foi rodada na Fazenda Ribeirão, no bairro da Ermida, e dela participaram muitos jundiaienses. Como coadjuvantes, contratou pessoas da cidade. A conhecida senhora Liberata de Paula Alves e seus três filhos participaram do filme.

Apesar de sua importância no cenário cultural brasileiro, onde conseguiu manter sucesso continuado por anos seguidos, muitos críticos consideravam seus filmes como retrocesso, isso porque, na época, havia influência do “Cinema Novo”.

Os filmes de Mazzaropi, embora muitos não tenham percebido, eram de contestação, criticando as diferenças de classes sociais e a imposição dos modelos estrangeiros; defendiam a raiz! A crítica não gostava disso e o combatia.

O filme “Tristeza do Jeca” iniciou a linha caipira de sua filmografia. Depois veio “Jeca Tatu”, outro sucesso de bilheteria. Seu humor era ingênuo e inteligente, nunca optou pela pornografia, possuía uma alegria autêntica!

Durante quase três décadas, foi recordista absoluto de bilheterias, conquistando um público de 3,5 milhões de espectadores no Brasil.
Seus caipiras simbolizavam aspectos da raiz da cultura nacional, como a busca da dignidade, da autonomia econômica e cultural do homem do interior.

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Dizia sempre: “O caipira é um homem comum, mas sem escola, é muito vivo, malicioso, pode dar lições e conhecimento a muitas pessoas da cidade, não corre atrás de ilusões ou palavras bonitas como nos discursos políticos. Há diferença entre inteligência e preparo.”

Produziu 24 filmes, sendo o último “Jeca e a Égua Milagrosa”. Estava redigindo um novo roteiro quando a morte o surpreendeu, isto em 13 de junho de 1981. Em Taubaté, no Vale do Paraíba, na antiga “Fazenda Santa”, há um museu em sua homenagem.(Foto: Agência Brasil)

JÚLIA FERNANDES HEIMANN

É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence á Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.

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