Quando imaginava o que escrever, faltando menos de 20 dias para o mandato do atual presidente terminar, imaginei que Jair não tem nada de Messias e que está morrendo de medo do que a Justiça possa fazer com ele a partir de 2 de janeiro, quando chega ao fim um dos mais trágicos governos brasileiros.
Em um evento realizado na semana que passou, durante posse de dois novos ministros do STJ(Supremo Tribunal de Justiça), Bolsonaro deixou escapar que tinha medo de ser perseguido pelo Judiciário. Diante de ministros e juízes ele deu esta informação, completando que não cometeu crime algum e que governou com honestidade. A resposta que ouviu foi de que não seria perseguido, porque a Justiça não executa este tipo de atitude. Apenas faz cumprir a lei. O fato de dizer que governou com “honestidade”, como disse, não significa que está isento de ter faltado com a justiça.
Vale lembrar que Jair Medo Bolsonaro(JMB) responde a quatro inquéritos no Supremo Tribuna Federal. Exatamente o mesmo Tribunal que foi motivo de duras críticas de JMB nos seus quatro anos de mandato. Exatamente o mesmo tribunal que ele chegou a dizer que tinha juiz que deveria sofrer o impeachment. Exatamente o mesmo tribunal que seus fiéis seguidores cansaram de ofender nas redes sociais e até mesmo diante do mesmo prédio onde funciona esta instituição.
E os quatro inquéritos não foram inventados pelo Supremo, como forma de perseguição ou vingança. Os inquéritos fazem parte de suas atitudes como mandatário máximo desta Nação. O primeiro deles fala das denúncias do ex-ministro da Justiça e senador eleito pelo Paraná, Sérgio Moro. Nele, o ex-juiz acusa o ainda presidente de interferir indevidamente nas ações da Polícia Federal. O inquérito corre, e vale lembrar que o comando da Polícia Federal foi alterado várias vezes e na conhecida reunião de 22 de abril de 2020 ele disse – alto e bom som – que precisava proteger seus filhos e seus amigos. Claro que esqueceu disso, quando a Polícia Federal prendeu seu amigo Roberto Jefferson, uma semana antes do segundo turno das eleições…
Interessante neste caso, é que o PL, partido de WC – ou Waldemar da Costa, o Neto – está tentando, no Supremo Tribunal Eleitoral do Paraná, cassação da eleição de Sergio Moro. O mesmo tribunal recomendou a não aprovação das contas de Moro. A ação beneficiaria Paulo Martins, candidato que ficou em segundo lugar na eleição e que é do PL.
O segundo é sobre supostos vazamentos de informações por parte de JMB de investigação sigilosa da mesma Polícia Federal. As informações teriam vazado em uma live do presidente. O fato estava ligado à sua constante declaração de que o voto eletrônico não era confiável.
A terceira, e que pode ser considerada uma das mais graves, gira em torno de suas declarações sobre a pandemia. Quer falando sobre medicamentos que não tinham comprovação com a Covid, quer afirmando que a vacina não tinha eficácia, além de atrasar sua compra, quer afirmar que a mesma tinha ligação com a Aids.
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As fake news sobre urnas eletrônicas e o processo eleitoral completam o rol dos inquéritos a que o ex-capitão deve responder depois que deixar o Alvorada.
Sem foro privilegiado e, se as ações continuarem na Justiça, JMB pode ter um destino não desejado por ele que é o de ser condenado. Resta esperar os fatos acontecerem. Importante é que, a partir de 2 de janeiro Jair Medo Bolsonaro deixa o Alvorada, volta para o Rio de Janeiro e fica acompanhando pela imprensa o resultado da votação no STF sobre o orçamento secreto que deve ser concluída esta semana e também do sigilo de 100 anos, decreto assinado por Jair para não se vazar informações sobre sua ação e de seus familiares. Decreto este que pode ser derrubado por Lula, que assume no primeiro dia de 2023.(Foto: Reprodução)

NELSON MANZATTO
É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.
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