As plantas fazem fotossíntese, retirando gás carbônico do ar e devolvendo oxigênio, essencial para a vida humana na Terra. Até aí, nenhuma novidade. Ledo engano, caro leitor, pois aí está um verdadeiro milagre que acontece na natureza. Milagre, que vem do latim miraculum, que é “maravilhar-se”, pode ter a conotação religiosa e talvez seja quase isso: somos abençoados por receber diariamente o ar que respiramos, renovado, sem pensar nisso nem tampouco precisar saber como, porque, quando, quem.
No entanto, em uma simples folha, um complexo sistema de estruturas dá suporte para um não menos intrincado e muito bem orquestrado processo de transformação: da energia que vem da luz solar em energia química, que é utilizada pela planta para crescer, florescer, frutificar e alimentar os animais e a nós.
O inicio dos conceitos científicos que contribuíram para o conhecimento do mecanismo da fotossíntese vêm lá do final do século XVIII, começando por Priestley, em 1776. De lá até hoje, muitos já se debruçaram em um sem fim de experimentos que permeiam áreas da biologia, química, físico-química e chegando nesse leque, de materiais, sempre desvendando um pouco mais, mas não tudo, do que acontece nessa síntese, mediada pela luz.
Vamos encarar o desafio de descrever um pouco onde se processa esse fenômeno? Tomemos uma folha: ela é formada de vários órgãos. Na sua superfície existem os cloroplastos (imagem abaixo), bem pequenos, que variam de 5 a 10 micras de diâmetro (1 micra equivale a 0,0001 cm) e ocorrem em número que varia de 10 a 100 (veja a imagem). Neste cloroplasto, por sua vez, há um ambiente extremamente organizado de diferentes membranas, cuja unidade são os tilacóides. Mas a “cereja do bolo” ainda está por vir: distribuídos por toda a folha temos seus pigmentos, principalmente as clorofilas, que é “o cara” na conversão da energia solar em química, nosso milagre. Ficamos por aqui, porque adiante só com aulas, livros e estudos!
Flores, frutos, chuva, raios e relâmpagos, ondas do mar…seguem seu ciclo, ao nosso redor, e vivemos usufruindo, de forma natural, sem nos preocuparmos com eles. No entanto, o ser humano, pensante e curioso, entendeu desde o inicio de sua existência que deveria compreender e depois, imitar esses processos, se quisesse sobreviver. E assim o faz há milênios, pois é garantido: afinal estamos tratando de fenômenos que ocorrem a milhões e bilhões de anos, gerando e tirando a vida.
Como já dissemos uma vez, a aventura do conhecimento não pára, pois se avançam os anos, as tecnologias, e mais passos são dados por pessoas que mantêm as perguntas para a natureza, fonte inesgotável de respostas, avançando bocadinhos na compreensão do mundo.
Quem já não brincou falando que “ia fazer fotossíntese”, ou melhor, que ia tomar sol? Alguém levou a sério e hoje pesquisas brasileiras avançam na fotossíntese artificial, de forma a resgatar o gás carbônico da atmosfera, um dos vilões do aquecimento global e, por consequência, das mudanças climáticas em curso, vilões de nossa sobrevivência no planeta.
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Com tecnologia de ponta, nanotecnologia (lembram-se que 1 nanômetro equivale a 1 milímetro dividido por 1 milhão?) e muito estudo envolvido, equipe liderada pelo Prof. Gouveia (POLI/USP) está tentando reproduzir materiais que possam absorver determinada faixa de luz e realizar nossa fotossíntese, pesquisa inédita e de grande impacto positivo para outras tantas, no mundo todo. (https://bit.ly/2JIV0fT).
Quer mais brincadeiras? Que tal pegar “a energia das ondas do mar”? Ou “guardar vento”? Pois é, meu amigo, a França utiliza desde 1966 uma das formas de aproveitamento da energia dos oceanos, que é a das marés, e países como Holanda, Japão, Portugal, para citar alguns, já utilizam essas e outras formas com grande sucesso. Para fechar, a multimilionária General Eletrics, a GE, inaugurou em 2018 uma nova plataforma de armazenamento de energia oriunda de torres eólicas, sim, de vento, chamada Reservoir (ou reservatório, em francês). Daqui a pouco, traremos notícias de qual é a cor do “rasgo em cortina”…em breve!!
Para saber mais:
http://revistapesquisa.fapesp.br/2005/07/01/nas-ondas-do-mar/
http://infraroi.com.br/tag/ge/
ELIANA CORRÊA AGUIRRE DE MATTOS
Engenheira agrônoma e advogada, com mestrado e doutorado na área de análise ambiental e dinâmica territorial (IG – UNICAMP). Atuou na coordenação de curso superior de Gestão Ambiental, consultoria e certificação em Sistemas de Gestão da qualidade, ambiental e em normas de produção orgânica agrícola.
CRÉDITOS DAS IMAGENS:
. Principal: Eliana Corrêa Aguirre de Mattos
. Imagem 2:https://bit.ly/2Dj1ly6