MILITARES, ora os militares!

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No final de mandato de João Figueiredo, em 1985, os militares, que implantaram a ditadura no Brasil em 1964, disseram alto e bom som, que estavam devolvendo o País aos brasileiros e que jamais voltariam a se envolver em política do Brasil.

Mas os governos civis viveram uma fase realmente de apreensão: Tancredo foi internado uma noite antes da posse e estava muito mal, mas sua preocupação era não assumir e os militares se manterem no poder. Veio Sarney e o País ganhou uma nova Constituição para dizer, exatamente, que as Forças Armadas deveriam se manter nos quartéis. Depois tivemos o desastre chamado Fernando Collor que foi cassado. Itamar Franco veio com a função de apaziguar o Brasil e fez um governo de unidade. Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, era ministro da Fazenda e foi o responsável pelo lançamento (não pela criação) do Real.

Isso fez com que ele se elegesse presidente e fosse reeleito. Foi sucedido por Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. No ano de 2006, perto das eleições, estourou as denúncias do Mensalão, mas o governo Lula driblou a situação e ele foi reeleito, tanto que fez a sucessora, Dilma Rousself, eleita em 2010 e reeleita em 2014. Mas a situação política se agravou e o PT afirma até hoje que houve um golpe em 2016 com o impeachment de Dilma e a chegada de Michael Temer. Como de Itamar, o governo foi de transição, mas Sérgio Moro criou a República de Curitiba e condenou Lula à prisão, tirando-o da disputa à Presidência em 2018.

A campanha daquele ano serviu para levar ao Poder Jair Bolsonaro, que venceu Fernando Haddad. A facada ajudou Bolsonaro a se eleger, pois praticamente não fez campanha, passando parte do tempo internado. Mas ao assumir, o capitão mostrou-se forte e se cercou de militares para governar o Brasil. Ao entrar o Planalto, olhava-se para a direita e via militares, olhava para a esquerda via militares. Em todos os ministérios haviam militares. E Bolsonaro dizia que jogava dentro das quatro linhas da Constituição que impedia golpe de Estado.

Entre impeachment e um governo “sem corrupção” o Brasil andou dentro da pandemia e um infindável número de denúncias contra Bolsonaro, primeiro por falta de vacinas e seu desprezo às mortes, depois a Fake News implantada no Brasil pelo gabinete do ódio que tinha entre seus integrantes, Carlos Bolsonaro, filho do Jair. No andar da carruagem, o STF cancelou o julgamento de condenação de Lula, afirmando que o processo não correu no tribunal competente.

O medo de Bolsonaro se tornou real e Lula venceu as eleições. Bolsonaro se escondeu um bom período, não cumprimentou o vencedor, não se declarou derrotado, não completou o mandato. Viajou para os Estados Unidos, um dia antes do final do governo, ainda como presidente e o brasileiro pagou a viagem…

Mas a história não termina aí. Oito dias após a posse de Lula, os terroristas invadiram os palácios dos três poderes, destruindo o que encontravam pela frente. Só não destruíram a democracia! As prisões aconteceram, incluindo militares suspeitos de envolvimento nestas ações e ao dar espaço para os manifestantes se alojarem nas portas dos quartéis.

A falsificação de um atestado de vacina, onde o principal suspeito era o ajudante de ordens do Jair, Mauro Cid, que acabou preso. Surgiram documentos, um decreto de golpe, outro documento com o mesmo objetivo, é achado com Anderson Torres, ministro da Justiça na gestão do Jair. E mais militares apareceram envolvidos nesta situação, até mesmo o pai de Mauro Cid. E o cerco aumentou! Cid perdeu a paciência e faz acordo de delação premiada. Dentre as declarações dele está o anúncio do golpe que Bolsonaro queria implantar e chamou os comandantes das Forças Armadas. Segundo Cid, apenas o ministro da Marinha teria aceitado participar do golpe.

Como não houve acordo entre os comandos militares, talvez pela declaração comentada no início deste texto, veio invasão do dia 8 de janeiro e mais de mil prisões com vários destes terroristas com julgamento e condenação realizados. Na semana passada, o general da reserva, Augusto Heleno, integrante do Governo do Jair, foi convocado a depor na CPMI dos atos golpistas. Claro que negou envolvimento, mas muitas mentiras saíram de sua boca com relação a isso.

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Na sexta-feira, o também general de reserva, Ridauto Fernandes, acabou sendo envolvido no 8 de janeiro e foi alvo, da Polícia Federal, de busca e apreensão. Este general estava entre os terroristas que invadiram os palácios dos três poderes, mostrando que seu sonho de consumo estava ligado ao golpe militar no Brasil.

Enfim, nem todos os militares são apoiadores de Jair e o cerco aperta cada vez mais para o homem que se diz incorruptível. Triste ver que ele é suspeito na história das joias sauditas, já teve seus direitos políticos suspensos e que se imaginava líder de um golpe no Brasil. O ex-capitão Jair chamava os militares de “meu exército”. Em breve deverá ter a prisão decretada. E os candidatos nas próximas eleições que se unirem a ele, poderão dar um tiro no próprio pé!(Foto: Agência Brasil)

NELSON MANZATTO

É jornalista desde 1976, escritor, membro da Academia Jundiaiense de Letras, desde 2002, tendo cinco livros publicados. Destaca-se entre eles, “Surfistas Ferroviários ou a história de Luzinete”, um romance policial premiado em concurso realizado pela Prefeitura de Jundiaí. Outro destaque é “Momentos”, com crônicas ligadas à infância do autor.

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