Mudar para NÃO MUDAR

mudar

Gostaria de apenas escrever, sem ter que desenhar. No entanto, como estamos com quase 50% em cada uma das vertentes, penso que deverei desenvolver minhas habilidades artísticas e desenhar: mudar para não mudar. Tristeza maior que esta somente se encararmos a bala, bem cantada pela Jojo Todynho, em “que tiro foi esse”. Sinceramente, se o que vivemos não é o caos, juro que não faço ideia do que o seja.

Mas tenho um compromisso íntimo que me impede de traçar projetos ou elucubrações políticas partidárias, mas mantenho em mim a chama que me fora acessa pelo meu professor Paulo Freire, nos tempos de Unicamp, que dizia ser necessário manter a esperança viva, tornando-se por si só um ato revolucionário, num país como o nosso. Acredito nisso e acredito nessa revolução que começa internamente e vai se alastrando para os meus próximos mais próximos e se estende para outros espaços.

E a conversa sobre a mídia, como fica? E nossas reflexões sobre os avanços e retrocessos que a mídia fugaz opera em nossas cabeças, alterando nossos processos cognitivos e afetivos? Pois bem, para esta semana apenas digo: a mídia com seus agentes me assusta. Não pela mídia em si, mas pelos seus agentes: desta vez eles conseguiram ser mais audaciosos, burlando estatísticas e projetando situações que não existiram, nem existiam e tão pouco existirão. Não foi deslize da mídia, foi desfaçatez dos agentes que usaram dela para induzir raciocínios enviesados. Nada como um dia após a eleição!!!

Decepções, surpresas indigestas, mentiras, descasos, revelações paradisíacas, milagres, enganações são componentes  deste “show” de horrores que nos amedronta, não diante do novo, porque nenhum dos cenários é novo, mas das aberrações que se nos são plantadas. Não falo por enigmas, falo com inteligência suficiente para um adolescente me entender sem deixar dúvidas sobre meus olhares.

Chocante a situação a que nos submetemos, diante do resultado final e parcial, visto que a batalha terá um outro momento decisivo. Porém, a quem interessará este futuro resultado? Quando colheremos os frutos dele? Quem nos possibilitará melhores participações no mundo futuro e no mercado mundial? Como atacaremos uma suposta crise de saúde pública ou educacional, com o quadro capenga que nos cerca? Temos chance? Durante meu período de aluno do segundo grau, livros e aulas apontavam para a possibilidade de sairmos de país emergente para um país em franco desenvolvimento.

MAIS ARTIGOS DE AFONSO MACHADO

SINAIS DOS TEMPOS

COISAS DO TEMPO…

SEMPRE TEM ALGO MAIS

Entretanto, depois de 30, 40 anos, verifico que retrocedemos e já não temos muita chance de assumirmos um desenvolvimento palpável, com essa pobreza de espírito que nos rodeia. Este senso de inércia é-nos possibilitado por falta de uma liderança ativa e prudente que nos aponte rumos e portas por onde avançaremos, como deveria ser. A quem ouvir? A quem pedir ajuda? Na ausência da motivação que nos permita romper limites e mudar, vamos esperar que nossa comunidade tenha perspectivas de autonomia e liberdade, para proceder com inteligência e espírito de coletividade.

Por estes tempos, prefiro parar por aqui. Não me encontro em situação de voos altos, mas nada me deterá. Farei rasantes e terei cautela, mas minha história eu deixarei escrito, ainda que me custe gotas de sangue e espírito de solidariedade, não vou me corromper.(Ilustração: Pngtree)

AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES