Música Popular Preta

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Era uma vez! Assim, convencionou-se o começo de muitas histórias e narrativas e ao mesmo tempo, convenceu-se, que assim deveria ser e assim é até agora. No caso dos pretos, como nunca tiveram muitas histórias (até têm muitas) a serem contadas, instituiu-se a célebre frase. A primeira vez ou o primeiro negro a conseguir tal coisa na música, nos negócios, nos esportes, na televisão, etc, etc e etc!!! Tudo com a raça negra é e tem sido o tempo todo assim. Tanto que Hollywood inventou uma outra frase em contrapartida que também é muito repetida em todos os filmes que pretensamente, prestam favores aos pretos, e eles reticentes, concluem com: “já é um bom começo”.

Segundo a revista Raça, haverá em Ribeirão Preto, em 14 próximo, um dos maiores festivais do país. O João Rock será, ‘pela primeira vez’ a oportunidade para que a alma da música preta brasileira possa ocupar um lugar de destaque, com força e merecimento. E a promessa é de que os artistas negros não serão apenas parte do balé, coro, backing vocal, ritmistas ou percussionistas. Eles serão o coração pulsante do próprio evento. Espero que não seja só marketing.

Neste ano o Palco Brasil será inteiro dedicado à música preta brasileira. Um gesto simbólico, mas também urgente, para reconhecer a riqueza cultural, a ancestralidade e a potência (sem polêmica), de artistas que ajudaram a construir a trilha sonora do nosso país. Todos os gêneros como samba-rock, soul, funk e charme vão ecoar nas vozes e nos instrumentos de nomes como Seu Jorge, Sandra de Sá(foto), Tony Tornado, Paula Lima, Hyldon, Cláudio Zoli, que levarão nas canções histórias de luta, amor e liberdade. 

Sandra de Sá falou:

– Estar em um palco que celebra a música preta brasileira é histórico, é mais do que um simples show. É um encontro com as nossas raízes.

Disse isso emocionada. E eu me lembro, que ela foi uma das primeiras a trocar a sigla MPB (Música Popular Brasileira) e mencionar “Música Preta Brasileira” e insistiu tanto nisso, que o eco está crescendo. Acho até que sem tempo, pois demorou muito para ser admitido. Mas, é uma boa continuidade, já que o começo já tinha sido sugerido “há mais tempo…”

O evento contará também outros dois palcos – João Rock da diversidade musical e o palco Fortalecendo a Cena – que vai mergulhar no trap e na música urbana, mostrando que a nova geração também carrega essa herança com força e competência. E o palco Aquarela dedicado a vozes femininas, em apresentações que prometem emocionar.

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O João Rock deste ano espera receber 60 mil pessoas. Mais que um acontecimento, será um momento digno e de muita afirmação.  Um festival onde a música preta não será mais só coadjuvante e sim protagonista, como sempre desde sua descoberta sempre mereceu.

É o sonho que obriga o homem a pensar, como diria o escritor Milton Santos.(Foto: redes sociais Sandra de Sá)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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