Pode parecer estranho, mas tem gente que não gosta do Natal. A fisioterapeuta e professora universitária Regiane D. Sperandio(foto) é uma delas. Jundiaiense, ela diz que quando era criança adorava a data. “Minha família era simples e eu nunca ganhava o que pedia. Mesmo assim ficava feliz com os presentes que recebia, principalmente depois que descobri que o tal velhinho não existe. Daí, o pai dela morreu num 27 de dezembro. “Naquele ano não teve festa e o Natal nunca mais foi o mesmo”, lembra.
Normalmente, nesta época do ano Regiane viaja com o marido, o filho de 14 anos(que adora o Natal) e a enteada. “Fazemos algo simples apenas para nós ou jantamos em algum restaurante. As crianças adoram presentes, o que não é um problema para mim. Aliás, adoro presentear as pessoas. Não ligo de estar com eles mesmo fingindo que estou feliz”, revela.
O Natal tem uma tradição nas empresas: o amigo secreto. A fisioterapeuta não se incomoda com a confraternização. “A sociedade impôs que isso é um coisa relacionada ao Natal, mas poderia acontecer em qualquer encerramento de ciclo de uma escola ou empresa”, explica.
O Natal dos sonhos de Regiane seria não ver as pessoas serem tão consumistas. “Poderiam fazer uma boa ação com o real espírito natalino. Infelizmente, a data virou apenas comércio”, conclui.
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Imposições – A psicóloga esportiva Cláudia Zammarian mora em Jundiaí desde 2013 e também não é fã do Natal. “Não é que eu não goste da data. Com o passar do tempo, sinto que ela foi se distanciando do significado original. Para mim, tornou-se uma data mais comercial, cheia de compromissos que, às vezes, não trazem a essência do espírito natalino: amor, gratidão e união. O verdadeiro espírito do Natal fica em segundo plano”, explica.
Além disto, a família dela não mora em Jundiaí. “A do meu marido é daqui e sempre é muito difícil a decisão de onde vamos passar a noite ou o almoço. É preciso se dividir, se justificar todo ano. Talvez seja daí que venha o meu desconforto com a data”.
Ela se diz “incomodada” com a obrigatoriedade que existe em muitas família de se gastar um dinheiro que muitas vezes não se tem para estar junto com pessoas que não trocaram mensagens ou que se reuniram ao longo do ano. “Não generalizo. Sei que existem muitas famílias que são unidas por aí e que o Natal só é mais um encontro, mas também sinto que não estou sozinha nesta reflexão”.
Cláudia ama a ideia de reunir a família no Natal. “Gosto das decorações, da mesa bonita, dos risos compartilhados e do momento de proximidade. No entanto, o que me incomoda são as imposições: ter de estar em vários lugares ao mesmo tempo, agradar a todos, justificar-se se não puder comparecer”. Ela lembra que a data mexe com as emoções de grande parte das pessoas. “Com a família reunida sempre tem o parente que perguntará dos relacionamentos amorosos, da vida, se você já tem casa própria, onde trabalha, o que faz da vida. Haverá debates políticos. Todas estas conversas se potencializam porque estamos no final do ano, cansados, e a tendência disso é gerar mais discórdia do que união”, diz.
Todos os anos a psicóloga esportiva tenta evitar os amigos secretos. “Apesar de ser uma tradição popular, vejo que a brincadeira tem se tornado menos sobre a diversão e mais sobre atender expectativas. Muitas vezes as pessoas se sentem desconfortáveis, seja porque tiram alguém que não têm tanta afinidade, seja pela pressão de encontrar um presente que agrade ou se encaixe num orçamento que nem sempre é acessível. Acho que o amigo secreto poderia ser mais simbólico, com pequenos gestos ou trocas significativas, resgatando o propósito de criar um momento descontraído e genuíno”, afirma.
E qual seria o Natal dos sonhos da psicóloga esportiva? “Seria simples e cheio de significado: uma celebração em casa, sem formalidades, com roupas confortáveis e uma mesa acolhedora, talvez com petiscos ao invés de grandes pratos tradicionais. O momento mais especial seria sentar juntos, acender velas, fazer uma oração e refletir juntos de forma intimista sobre tudo o que há para agradecer. Depois disso, algo leve e alegre, como jogos e risadas, que reforcem o laço com quem amo. Para mim, o Natal perfeito não precisa de excessos, mas de sinceridade, amor, união e alegria compartilhada”.
Muito comercial – A gestora Roberta Peres(foto acima), de 35 anos, também é jundiaiense, colabora com o Jundiaí Agora e não aprecia o Natal. “Depois que meus avós falecerem a data deixou de ter a mesma tradição. Passamos a não celebrar, a família do meu pai, tinha essa tradição mais ativa. Então, foi perdendo o encanto. No caso de reuniões, só com pessoas mais íntimas. Não esperamos pela ceia”, afirma.
Para ela, “o espírito do Natal deveria estar presente todos os dias em nossa vidas. Não em uma data específica. A celebração precisa ser diária e se fazer presente independente do calendário. Vejo que tudo é muito mais comercial”.
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