Mulheres negras guerreiras que ajudaram na luta contra a escravidão no Brasil, se entregaram de corpo e alma a defenderem com unhas e dentes seus princípios, na busca da honra, fonte de poder sábio e humilde. Eram guardiãs de um povo, audaciosas e com muita coragem por um objetivo comum, defenderam a liberdade e o direito de ir e vir com dignidade humana.
Mulheres que foram escravizadas no Brasil e contribuíram muito para acabar com a escravidão no país. Engana-se quem acha que a Princesa Isabel foi a responsável pela libertação dos escravizados. Como disse a cantora Yzalu, a Lei Áurea não passa de um texto morto, afinal após o 13 de maio de 1888, mulheres lutaram, e ainda lutam contra o racismo e o machismo.
Os passos das mulheres negras guerreiras vêm de longe, mesmo. Separamos 17 negras que fizeram parte de quilombos brasileiros e foram fundamentais em algum momento para a comunidade:
Dandara dos Palmares é uma das líderes mais conhecidas no Brasil. Foi contra a proposta da coroa portuguesa de condicionar reivindicações dos quilombolas. Morreu durante a disputa no Quilombo dos Macacos pertencente ao Quilombo dos Palmares onde também vivia seu marido, Zumbi.
Anastácia ajudou escravos quando eram castigados ou facilitava as fugas deles. Lutou contra violência física e sexual de um branco, recebeu como castigo uma mordaça e uma gargantilha de ferro. Viveu na Bahia e em Minas Gerais. Já no final da vida, no Rio de Janeiro, atribuíram-lhe milagres durante sua estada.
Luiza Mahin passou muito tempo na Bahia, participou na Revolta dos Males, em 1835 e da Sabrina, em 1837. Trabalhava no comércio de rua. Era mãe de Luiz Gama.
No Brasil, no dia 25 de julho é comemorado o dia de Tereza de Benguela(foto). Foi uma líder corajosa. Mulher do dono do Quilombo Quarterê no Mato Grosso. Tereza foi presa num confronto e como não aceitava a condição de escravizada suicidou-se.
Aqualtune era filha do Rei do Congo e foi vendida como escrava. Grávida, organizou uma primeira fuga. Era parceira de Ganga Zumba, avô de Zumbi. Morreu queimada.
A angolana Zeferina era líder do Quilombo do Urubu, na Bahia. Contam que ela confrontava capitães do mato com arco e flecha. Jogava capoeira e passava informações para o Movimento de Libertação.
Acotirene foi considerada matriarca do Quilombo dos Palmares. Conselheira dos refugiados na Cerca Real dos Macacos.
Adelina Charuteira era uma líder no Maranhão. Filha de escrava com um senhor, sabia ler e escrever. Vendia charutos que o pai fabricava. Descobriu vários planos de perseguição e era ativista no Clube dos Mortos, uma sociedade abolicionista.
Mariana Crioula era mucama em vila das Vassouras. Ela se juntou a escravizados na maior fuga da história fluminense, em 5 de novembro de 1838. Liderava com Manoel Congo.
Esperança Garcia ousou escrever uma carta a Gonçalo de Castro, da província do Piauí, reclamando dos maus-tratos que sofria juntamente com seu filho na fazenda Algodões.
Maria Firmina dos Reis foi considerada a primeira romancista brasileira. Além de escrever o primeiro romance abolicionista. Ursula, dedicou a vida a leitura e escrita.
Eva Maria de Bonsucesso era uma alforriada e vendia frutas. Foi agredida por um branco, denunciou-o e ele foi preso e condenado pela agressão.
Maria Aranha foi líder do Quilombo de Mola no Tocantins. Venceu todos os ataques escravistas e organizou a sociedade do local.
Na Agontime era rainha do Benin. Foi vendida como escrava no Maranhão, ganhou apelido de Maria Jesuína. Fundou a Casa das Minas e reconstruiu o culto aos ancestrais.
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Tia Samoa liderou a luta contra a escravidão no Ceará. Foi do Grupo de Mulheres Negras do Cariri, o Pretas Samoa.
Zacimba Gaba era princesa angolana e acabou no Espírito Santo. Promoveu uma revolta contra a Casa Grande e liderou o Quilombo onde foi rainha. Comandou ataques aos navios de onde resgatava negros com canos precários. Ela teria morrido em um desses.
Rainha Tereza de Quaritere foi guerreira no Quilombo do Quaritere, em Cuiabá. Comandou toda estrutura política, econômica e administrativa. Matinha até um sistema de defesa com armas trocadas com homens brancos. Ajudou na ampliação de outros quilombos no Mato Grosso.
Apesar dos maus tratos e de toda hostilidade que sofreram, essas mulheres negras guerreiras nunca perderam a ternura…

LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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