Toda última segunda-feira do mês, o Canal Brasil, apresenta Negritudes. São 12 horas ininterruptas de entrevistas, filmes, mídias e reportagens. Coisas atuais e antigas, mas com o objetivo de mostrar e demonstrar os avanços e retrocessos. Tudo relacionado com a raça negra e com trechos autênticos de programas e documentários. Ensaios e flashes do Roda Viva, da TV Cultura, reportagens com datas de apresentação originais. Algumas são preto e branco, o que realça o conteúdo e teor das verdades incontestáveis, a força de existência. Razão de viver, força e resistência.
Outro dia, numa entrevista apresentada pelo Negritudes, um repórter perguntou ao gigante Grande Otelo:
– No Brasil tem racismo? O brasileiro é racista?
Grande Otelo respondeu:
-Sim, tem. E o povo é racista. Se não tivesse, você estaria me fazendo esta pergunta?
Saída de mestre. Lucidez e esperteza acima da hipocrisia. O repórter meio desenxabido ficou sem saída. Mas, insistiu na pergunta, o Brasil é um pais racista???
Lógico que é. E não vou mais responder essa pergunta, arrematou Grande Otelo, de forma majestosa, definitiva, incisiva e sábia. Então, coisas como estas ainda fazem pautas nas reportagens atuais, parecendo disco de vinil riscado. Sempre enguiçado num único mesmo ponto. São os novos assuntos dos sempre velhos temas.
Um político em Santa Catarina autorizou bolsas de estudo para alunos milionários e quando o assunto é cota para negros são sempre motivo de desconforto e desavenças. Eu particularmente acho impossível alguém ser analfabeto ou ignorante no ano de 2025, em pleno século 21. Mas tem quem se passa ‘por’ só para dificultar a evolução das pessoas.
Não existe força suficiente para expressar, porque não adianta. Sempre terão argumentos para darem o contra para as cotas e se recusam a justificar o porque das bolsas.
Não vai ser possível, provar inocência ou culpa. Caetano Veloso disse uma vez que é incrível a força que as coisas parecem ter quando precisam acontecer. As cotas foram aumentadas para 50%.
– Meus dentes não são perfeitos, mas, eu não ligo pra isso. Gosto mais da sinceridade do meu sorriso!
O despertar de uma consciência, nova era para as negritudes. Risco ou arrisco da palavra, flor da pele (preta), tantas primaveras. A vida continua florindo e fluindo, observo os dois lados. Não conheço muitas pessoas maldosas, mas conheço a maldade das pessoas.
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Claro, tanto faz, não tem jeito mesmo. Sério? Não totalmente. A fé é o que a gente pensa, o amor é o que a gente faz. Verdade e lógica! Compreender, pensar ou entender. Para decifrar dilemas sociais.
Coisas que se defende e acredita. Enquanto a sociedade não evoluí, o círculo vicioso torna-se um ilusionismo feito um caleidoscópio Equivocado e inexplicável. Teremos de despertar consciência coletiva, a cultura presente em todas as manifestações públicas de poder. Existe gente que parece que foi criada por lobos.(Foto: Globo Filmes/Divulgação)
LUIZ ALBERTO CARLOS
Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.
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