Com a aproximação do dia 13 de maio, quando se comemora a “Abolição da Escravatura”, data festejada por muitos e segregada por tantos outros, vou escrever um pouco sobre o negro Cândido da Fonseca Galvão – Obá II da África – um dos primeiros lutadores contra o racismo.
Embora tenha realizado muitas ações patrióticas, Cândido está em completo esquecimento. Se o leitor nunca ouviu falar sobre ele, seguem informações:
Cândido da Fonseca Galvão nasceu na Bahia, no ano 1845, filho de africanos libertos, brasileiro da primeira geração. Por direito de sangue, recebeu o título de Obá II porque era neto de Abiodum, último soberano a manter unido o grande império de Oió ou Oyó, na África.
Cândido lutou na Guerra do Paraguai (1865-1870) e foi condecorado, por bravura, como oficial do Exército Brasileiro. Ao retornar, fixou residência no Rio de Janeiro e era reverenciado como príncipe Obá II pelos escravos e alforriados.
Cândido assumiu papel importante nos momentos decisivos da abolição. Sua figura de homem ereto, com dois metros de altura e modos de soberano, chamava a atenção de negros e brancos da época. Era um príncipe afro-brasileiro que usava uniforme de alferes do Exército. Usava linguagem crioula e expressões em nagô.
Escravos libertos e homens brancos sem preconceito o admiravam e contribuíam, financeiramente, para a publicação de suas ideias, reunindo-se em quitandas e praças para lê-las.
O combate ao racismo e a defesa da igualdade entre os homens foi um dos pontos mais importantes de seu pensamento. Explicava: “Deus manda que, quando o varão tiver valor, não se olhará a cor”.
Com isso, contrariava as concepções senhoriais. Orgulhava-se de ser negro e, por não acreditar em superioridade pela cor da pele, tinha amigos brancos e muitos inimigos também! Chegou a publicar poesias abolicionistas e antidiscriminatórias:
“Não é defeito preto ser a cor/ é triste, pela inveja, roubar-lhe o valor”.
“É triste ver um país tão novo, onde não reina uma civilização colimada porque ainda há quem apure a tolice do preconceito de cor”.
Cândido da Fonseca Galvão – Obá II – foi um precursor abolicionista sem ideias separatistas. Faleceu dois anos depois da abolição da escravatura, em 1890.
Hoje, passados 133 anos da assinatura da Lei Áurea, ainda encontramos muita divisão de ideias referentes a ela.
Por que é questionada?
Porque a lei da abolição da escravatura tinha, apenas, dois artigos concisos:
“1º. É declarada extinta, desde a data desta Lei, a escravidão no Brasil.
2º. Revogam-se as disposições em contrário”.
Não houve preocupação com o destino dos negros libertos e muitos vagavam pelas ruas pedindo comida. Logo depois, foi editada outra lei que mandava prender o negro que fosse encontrado “vadiando”. No mínimo, um paradoxo!
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Discussão inesgotável para os historiadores do segundo maior país escravagista do mundo e o último, do Ocidente, a abolir a escravatura!
Só para ilustrar: Portugal foi o primeiro país do mundo a abolir a escravidão e a Mauritânia foi o último.
JÚLIA FERNANDES HEIMANN
É escritora e poetisa. Tem 10 livros publicados. Pertence à Academia Jundiaiense de Letras, á Academia Feminina de Letras e Artes, ao Grêmio Cultural Prof Pedro Fávaro e á Academia Louveirense de Letras. Professora de Literatura no CRIJU.
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