Wilson Witzel, do PSC, era uma zebra para todo mundo. Menos para ele próprio. Em abril deste ano, o JA entrevistou Witzel, que é jundiaiense da Ponte São João. E ele anunciava não só que concorreria como ganharia a eleição para o Governo do Rio de Janeiro no primeiro turno. O dia 7 de outubro chegou e em poucas horas, Witzel passou de azarão ao primeiro lugar, com quase 42% dos votos válidos. Faltou pouco para a previsão feita seis meses antes se concretizasse. Agora, o ex-juiz federal vai disputar o segundo turno com Eduardo Paes(DEM). O Jundiaí Agora voltou a conversar com Wilson Witzel que promete acabar com a corrupção no Executivo e combater o tráfico de forma ostensiva. Embora faça questão de não demonstrar que já ganhou, o jundiaiense está com um pé no Palácio da Guanabara, a sede oficial do Governo do Rio.

Como o senhor, em abril, durante entrevista ao JA, ainda desconhecido do grande eleitorado, tinha tanta certeza que chegaria forte nas eleições?

Eu viajei o estado de ponta a ponta, conversando com as pessoas, sendo conhecido por elas e também conhecendo as necessidades dos municípios e da população. Mesmo com pouco tempo de propaganda, conseguimos passar nossas ideias para as pessoas e me apresentar como opção ao povo fluminense. Conversando com as pessoas, eu via a reação delas às nossas propostas. Agradeço a todos que votaram em mim no primeiro turno e vamos seguir com a nossa campanha, apresentando e aprofundando as nossas propostas para os problemas do Rio de Janeiro.

Qual foi o segredo para tamanha votação?

Foram mais de três milhões de votos que expressaram o desejo da população pela renovação na política do Rio de Janeiro. O povo não aguenta mais ser maltratado. O Estado vive hoje a sua pior crise e só poderá sair dela sendo administrado por um governador ético, que não tenha como objetivo enriquecer às custas do cargo público.

No dia 7, o senhor começou o dia empatado com Romário na disputa de vaga para o segundo turno. Passou o ex-jogador e o primeiro colocado, o Paes, com folga. O que acha dos institutos de pesquisa?

Os institutos de pesquisa precisam rever a metodologia de trabalho, os pesquisadores deveriam levar uma maquininha para que o eleitor digitasse o número do seu candidato, porque é assim que votamos hoje. A forma de se fazer pesquisa de intenção de voto deveria mudar, para que os números refletissem mais a realidade. Hoje o eleitor não recebe mais uma cartela para definir seu voto, ele já tem os seus números na cabeça. Os institutos deveriam fazer pesquisas espontâneas e não induzidas, para que os resultados chegassem mais perto da realidade que quer o eleitor.

Especialistas estão dizendo que a sua candidatura, assim como de muitos outros, recebeu um empurrão da popularidade de Bolsonaro. Acredita que foi alavancado por ele?

Existe uma convergência de ideias entre min e o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, principalmente no que tange a segurança pública. Acredito que o objetivo comum é colocar o Rio de Janeiro e o Brasil de volta no rumo do crescimento.

Bolsonaro deverá apoiá-lo de forma efetiva agora, participando pessoalmente da campanha?

Segundo informações já conhecidas, devido ao atentado que sofreu, Jair Bolsonaro está impedido por orientação médica de fazer esforços físicos. Não sabemos se ele poderá nos apoiar presencialmente, mas, durante a campanha do primeiro turno, estivemos com o Flávio Bolsonaro (PSL), senador eleito, e o meu partido, o PSC, já está apoiando formalmente o candidato Jair Bolsonaro.

Aliás, como será a sua campanha para o segundo turno?

A campanha seguirá conforme temos feito, indo às ruas, conversando com eleitores e participando dos debates e entrevistas que acontecerão daqui em diante para mostrar e detalhar ainda mais as nossas propostas para o Rio de Janeiro.

No fundo, já se considera eleito?

Não, de forma alguma. Vamos continuar conversando com a população, apresentando nossas propostas e fazendo uma campanha baseada na ética. Vamos esperar o resultado das urnas no dia 28, e espero um voto de confiança do povo do Rio de Janeiro ao candidato que tem maior capacidade de governar e que tem a ficha limpa.

Como vê este ‘endireitamento’ no país?  

Vejo o povo brasileiro querendo uma mudança verdadeira, exigindo governantes ficha limpa e que não tenham envolvimento com escândalos de corrupção no currículo.

O senhor está muito perto de assumir problemas gigantescos. Como o senhor vai tirar o Estado do Rio de Janeiro do vermelho?

Vamos nos engajar na recuperação econômica e da ordem no Rio de Janeiro como um todo, combatendo implacavelmente a corrupção e a insegurança, além de garantir a criação de novas matrizes econômicas para todo o estado. Vamos recuperar as atividades econômicas já consolidadas, como a agropecuária e indústria petroleira, e diversificar, de modo que eventuais crises cíclicas não deprimam a economia estadual, tal como ocorreu recentemente. Vamos atrair investimentos, inclusive de grandes fundos internacionais, para investir em Parcerias Público-Privadas nas áreas de infraestrutura e mobilidade urbana, gerando empregos e melhorando a vida das pessoas.

Como irá combater o tráfico? Acha que é possível acabar com ele?

No meu governo, vamos trabalhar com pilares fundamentais: urbanização das comunidades, investigação constante e combate aos chefões do tráfico e da milícia, além de um programa para retirada de jovens de situação de risco. A Polícia Civil será aparelhada e estruturada por meio do modelo de força-tarefa, a exemplo da Operação Lava Jato, para acabar com a lavagem de dinheiro que financia o crime. A Polícia Militar terá respaldo do governador para derrotar as gangues que assolam o nosso Estado: será autorizada por mim e receberá toda a assistência jurídica necessária para alvejar quem continuar portando armas de uso exclusivo das forças armadas, em especial fuzis.

Nesta questão, não teme pela sua vida e a e sua família?

Fui fuzileiro naval e sempre estive disposto a morrer pela pátria e para defender aquilo em que eu acredito. Me coloquei à disposição do povo fluminense para tirar o Rio de Janeiro da crise. Além disso, eu sou cristão de fé católica e confio que Deus guarda a mim e minha família.

A situação financeira do RJ e o tráfico são prioridades? Quais são as outras?

A saúde é outra grande prioridade no meu governo. Como proposta geral, vamos cumprir a Constituição e aplicar o percentual obrigatório do orçamento na saúde; auditar todos os contratos com as Organizações Sociais (OSs), mantendo aqueles que estiverem enquadrados em padrões adequados de qualidade e custo. As que não estiverem enquadradas terão o contrato rescindido. Daremos maior atenção para a solução da situação dos hospitais do Estado. Implantaremos em todos os municípios um programa de contratação de horários disponíveis em consultórios particulares, complementando os valores da tabela SUS. Vamos também ampliar a rede do Rio Imagem, levando-o a todo o estado. Por fim, vamos reabrir as Casas de Saúde conveniadas e estabelecer convênios para inserir no sistema público os leitos ociosos de hospitais públicos e particulares. Com isto, vamos zerar a fila do sistema de regulação (SISREG).

Depois das eleições pretende passar uns dias em Jundiaí para descansar?

Olha, ainda não defini o que fazer após a eleição com a minha família. Só vamos pensar nisso depois. Agora, nossa preocupação é com a eleição e em mostrar aos eleitores as nossas propostas para tirar o Rio de Janeiro desta situação calamitosa em que se encontra.

Recebeu muitos cumprimentos de pessoas da Terra da Uva???

Sim, recebi e tenho recebido muito apoio, principalmente nas redes sociais. Agradeço a todos. Este apoio e este carinho me deixam honrado e me fortalecem.