
Os vereadores Rodrigo Albino e Madson Henrique fizeram, na sessão da Câmara Municipal de Jundiaí, terça-feira(30), duras críticas à Parada LGBT+ de Jundiaí. O evento foi realizado no domingo passado(28), pela ONG Movimento Aliados, no Espaço Expressa, o antigo Complexo Fepasa. O evento repercutiu na Câmara de Jundiaí. Eles reclamaram da presença de crianças na parada. Madson, inclusive, convocou os vereadores conservadores a aprovarem um projeto que proibirá a presença de menores de idade “em eventos realizados com dinheiro público, em espaços públicos onde há palavrões, xingamentos e desrespeito”. Albino afirmou que no evento havia pessoas de seios de fora e lembrou a discussão sobre a adultização em todo país. O Jundiaí Agora entrevistou o psicólogo Marcelo Limão(foto acima) sobre o assunto:
Como o senhor avalia as críticas dos vereadores?
Quanto ao aspecto moral, esse pessoal conservador quer blindar as crianças. Não quer que elas sejam expostas a estímulos de demonstrações de afeto ou mesmo exposição de corpos. Mas são as mesmas crianças que vão à piscina ou praia, onde as mulheres estão praticamente seminuas. A sexualidade da criança é um tabu. Freud(foto principal), que é o fundador da Psicanálise, falou sobre este tema. Não se trata de sexualidade relacionada à relação carnal. É uma sexualidade de libido que todos tivemos na infância. O menininho de cinco aninhos fica mexendo no pipi. A menininha fica mexendo na pepeca. E nós, adultos, com a nossa cultura, dizemos que isso não pode. Isso é a sexualidade infantil e esteve presente em todos. Mas, para algumas pessoas é melhor blindar a criança do que lidar com esta questão. É mais fácil isolá-la de certos conteúdos.
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É possível que uma criança ou adolescente que assista uma parada LGBT+ se torne homossexual por causa do evento?
Estes vereadores conservadores devem pensar que a sexualidade, a orientação sexual ou a identidade de gênero, é aprendida de fora pra dentro. Acreditam que se a criança observar irá aprender. Este é um equívoco básico. A orientação sexual e a identidade de gênero são coisas pessoais, únicas e que vêm de dentro pra fora. É um fenômeno biopsicosocial. As pessoas nascem do jeito que são e trazem o gênero em seus corpos. O ambiente não irá influenciar. Na verdade, a pessoa olha para o ambiente e percebe nele as escolhas que quer fazer. Então, quando se exclui crianças e adolescentes de uma parada do orgulho LGBT+ também se pretende excluir a comunidade LGBT+.
Então, manifestações como as dos vereadores não seriam apenas para proteger as crianças?
O argumento de que se quer proteger as crianças é falso. Já a criança impedida de assistir ao evento não terá a formação completa já que não observou exemplos de casais homoafetivos ou de pessoas trans. Quanto ao corpus seminus, pergunto: e o Carnaval? Vamos criar lei para desfiles, blocos, bailes só a partir dos 18 anos? O problema não são os corpos seminus. O grande objetivo é apagar as existências LGBT+. E, para isto, usam discursos que contaminam corações e mentes.(Foto: blogs.diariodepernambuco.com.br)
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