De ponta CABEÇA

CABEÇA

Entro direto no assunto que relatei semana anterior: minha saúde. Quando se pensa que a trégua está a vista, vem a Vida e nos esfrega na cara que ela sempre pode nos surpreender: a cirurgia de urgência. Alguns amigos se assustaram pelo fato de não haver recorrido a eles. Isso é urgência. Isso é ficar de ponta cabeça, sem possibilidade alguma de reagir. Não deu tempo de assustar.

Quando as coisas acontecem e tiram nosso fôlego é preciso rever cada um dos princípios e cada um dos pilares que alicerçam nossas relações e nossa Vida. Ficar de ponta cabeça é um momento de intensa reflexão; a cada vacilo surge novo olhar e novo posicionamento. É uma forma de avançar e de garantir posicionamentos, advindos de um período de caos.

A certeza de um diagnóstico preciso e a companhia de um médico amigo, que informa, orienta e conforta, resultam num crescimento que favorece novas etapas. Lógico que o incômodo do corte e seus pontos, que a postura corporal e o coquetel de remédios dão cores fortes ao momento, mas o resultado é favorável.

Socorro

Não estou sentindo nada

Nem medo, nem calor, nem fogo

Não vai dar mais pra chorar

Nem pra rir

Quando, de quebra, se ganha uma bactéria e uma flebite, parece que nossa cabeça entra num liquidificador e gira desnorteadamente, num descompasso frenético e mirabolante: ficamos, de novo, de ponta cabeça. Isso possibilita um desarranjo mental. Mistura de medo e de desespero em função do novo. Coisa nunca vivida e temida, mas não se caminha só por estas paragens.

Estranhas paragens, muitos exames, muitos remédios, muitas idas e vindas ao hospital (quatro vezes por dia) para dar conta do tratamento. E mais exames. Horas de soro, contatos com pessoas diferentes (o haitiano, a menina amputada, o senhor sem família, o casal bêbado), além das conversas com os técnicos de enfermagem e os enfermeiros (porque os médicos apenas olham para os pacientes).

Quanta aprendizagem. Quanta experiência.

Lógico que não gostaria de repetir a última parcela do meu susto recente, entretanto não poderia deixar de dizer que vivi aquilo que me competia: fui a fundo em minhas ressignificações. Percebo que foram dias de um silêncio dolorido e pesado, pois passava tempos sozinhos em meu apartamento hospitalar. Dormia com meus pensamentos e acordava agradecido por ter aqueles estranhos favorecendo minha vitória diante do problema. O corpo de enfermagem foi essencial para meu reencontro e cura.

Resta-me vencer a tal bactéria e me safar desta flebite, mas tenho fé de que as coisas estão à caminho, basta manter o passo e o compasso, com vigor e com certeza de estar trilhando a estrada e não o atalho: a certeza de estar, mais uma vez, sendo senhor da minha história.

Socorro

Alguma alma, mesmo que penada

Me empreste suas penas

Já não sinto amor, nem dor

Já não sinto nada

Enquanto isso, no Reino da Marmelada, temos um fato cômico, se não fosse cruel: o Paraguai prende o Ronaldinho. Como passo muitas horas no hospital, recebendo o medicamento via soro, converso com todos ao meu redor e ouço opiniões das mais variadas. Muitos acham que a coisa é bem mais séria do que podemos imaginar.

Em especial sabendo que a questão do passaporte está ligada a situações financeiras que ainda não estão esclarecidas. Outro detalhe, o volume do investimento é demasiadamente alto e havia conhecimento de causa sobre estes fatos, o que não inocenta o atleta, que já se envolveu em outros imbróglios mas foi isentado de culpa, em terras tupiniquins, por ser notório.

Absurdamente o governo paraguaio tem insistido que não interessa a fama nem a notoriedade, quando se comete um crime. E para quem ainda não percebeu, foi um ato de insubordinação à segurança do país vizinho: o uso de um passaporte falso vulnerabiliza todo um esquema de segurança nacional; portanto é coisa de bandidagem. Só não ficou claro, ainda, mas logo se saberá, a motivação para uso de tal documento, se é possível entrar no país com uma carteira de identidade.

Fica imperioso perceber que coisas mais cabulosas estão por vir e que “não há virgem neste puteiro”, muito menos respondendo com o nome de Ronaldinho. O irmão nem se manifesta, mas haverá o momento em que veremos quem foi massa de manobra nesta articulação, porém deixa claro que neste meio existe muita coisa que desconhecemos, mas aos poucos vão sendo desveladas. Não dá para deixar impune pessoas que buscam levar vantagens de modo fraudulento, seja lá quem for. Que se pague pelo preço da ousadia insana.

Socorro, alguém me dê um coração

Que esse já não bate nem apanha

Por favor!

Uma emoção pequena, qualquer coisa!

Enquanto isso, em tempos de corona vírus, vemos as cenas cotidianas mudando de trajes. As máscaras estão em todos os lugares, apesar do governo informar que ainda não é para tanto, pois isso pode gerar um problema quando elas se fizerem necessárias, se elas forem necessárias. Mas não podemos baixar guardas para a dengue, para o sarampo e para a gripe sazonal que nos persegue a anos.

Sim, necessitamos manter em alerta nosso quadro de saúde para enfrentarmos as propostas que a Vida nos oferece, sem ficarmos de cabeça para baixo. A saúde física mantida favorece um desempenho mental satisfatório ou ideal e este equilíbrio nos favorece para gozar uma excelente qualidade de Vida.

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AFONSO ANTÔNIO MACHADO 

É docente e coordenador do LEPESPE, Laboratório de Estudos e Pesquisas em Psicologia do Esporte, da UNESP. Mestre e Doutor pela UNICAMP, livre docente em Psicologia do Esporte, pela UNESP, graduado em Psicologia, editor chefe do Brazilian Journal of Sport Psychology. Aluno da FATI.

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