PRECONCEITO é preconceito

preconceito

A humanidade nasceu na África e isso deve ter alguma importância. Quando Nitzche declarou que todo preconceito vem dos intestinos, com certeza não estava se referindo a maneira como eles se apresentam e sim das formas, grosso e fino. Preconceito é preconceito sempre. Tanto o cordial quanto o estrutural existem e não se diferenciam em classes que os distinguiriam em grosseria e finesse.

Falar que um negro é moreninho, escurinho, pardo, cidadão de cor ou qualquer outra coisa que o valha, pode não ser um jeito muito educado de referir-se a um representante da raça, mas afrodescendente também não alivia em nada essa colocação. Uma vez que estes termos – moreninho, escurinho, pardo, mulatinho -, que aparecem nos censos e que depois por consequência são incluídos no item negro, não são os negros que os dizem e sim os próprios censores como autocensura, justamente porque eles não perguntam para os negros sua cor. Pensam, desta forma, estar evitando possível constrangimento, sem saberem que com esta atitude provocam muito mais desconforto e dão uma falsa ilusão àqueles que por um motivo qualquer pensam serem diferenciados. 

Falta ao negro se impor, não aceitar e exigir mais. Este negócio de que “com a canção também se luta irmão” só faz dos negros pagodeiros e funkeiros e os incluem no contexto do entretenimento, aquele que leva a diversão, divertindo os outros e nunca sendo cidadãos. Privilegia-se um pequeno grupo de negros que em hipótese alguma podem ser considerados legítimos representantes de uma raça. 

Esta é uma opinião particular, mas é dessa forma que eu vejo a situação: de um lado a mídia, do outro os pagodeiros e funkeiros. A grande massa de negros são meros espectadores. Sempre predispostos a aplaudirem as mais diversas imposições que os excluem numa sociedade branca, inclusive demonstrando claramente a possibilidade de sentirem, no mínimo, orgulho de serem brasileiros. O negro que nasce no Brasil o que é? 

Afrodescendente não resgata, aliás é algo decadente, só dá Ibope, nunca estatística. Mesmo que fosse ascendente não seria correto, nem politicamente. Negro é universal! Raça com direitos adquiridos. A África é grande não é a toa, a história começa e termina nas suas raízes. Não se contesta, apenas se vive. A experiência é válida, mas não faz o negro diferente. No mesmo papel não existem asiático ou europeudescendente, só brancos, somos negros!

Sou contra, devemos ser contra. É outra discriminação. Precisamos valorizar nossa história, preservarmos o sentido de Nação – africana e brasileira. Afro-brasileiros, talvez? Mas também, não sei não…A cura não chega sem sofrimento, respeito as diferenças, amizades com sinceridade, profundidade emocional.

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Racismo maior adversário do cidadão comum, devotados sim, derrotados jamais. Nunca nos deixarão no vácuo. Distraídos talvez, destruídos não. Temos de ter equilíbrio para fortalecer o núcleo, combater de forma mais contundente os casos de racismo. Agora tem nova lei. O conhecimento é a semente da prosperidade. Sem semear não há colheita e sem conhecimento impossível prosperar. Paciência, a sabedoria diz que somente a tranquilidade dos lagos é capaz de acalmar a turbulência do rio e decantar a lama revolvida pela enchente. Parece utopia. Mas a humanidade terá suas maravilhosas saídas quando estiver livre dos conflitos. A vida só é boa na corrente do bem!(Foto: Anna Shvets/Pexels)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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