EXUS: Guardiões elegantes, gentis, cavalheiros

exus

A luz no fim do túnel não tem nenhuma importância se comparada ao luar do sertão em noite de cheia ou um clarão dum farol numa curva de enseada. Exu é um orixá responsável pela comunicação direta entre os dois mundos (o físico e o espiritual), tão humano e respeitado que os encarnados se tornaram íntimos deles. O tratam de compadre, amigo, o homem, companheiro, rei da noite, parceiro, guardião. Os exus são confiáveis, honestos, justos, respeitáveis, bem humorados e algumas vezes até brincalhões, despojados que muitas vezes mesmo parecerem desinteressados mas estão nos observando atentamente e depois nos surpreendendo com o veredito correto. 

Sempre terminando um diálogo com a cortesia de um fidalgo e se despedindo cordial e respeitosamente. Muitas vezes até com um abraço, símbolo universal da fraternidade. Ah! Isso eles são, muito fraternos, mesmo que as vezes se irritem e até falem alguns palavrões, nada fora do contexto. Sempre desviando uma energia ruim, pegando desprevenido o opressor e levando-o para o lugar certo dele ser doutrinado e espalhando brilho sagrado para o povão. De quem são admiradores e benfeitores, se houver merecimento do interlocutor. Grandes incentivadores da valorização da vida, os exus estimulam opiniões e informações corretas para o verdadeiro entusiasmo por viver. Bom combate do lado certo nada fica difícil.

É o orixá guardião das aldeias, casas, feiras e de outros lugares onde se realizam negócios. É o senhor das encruzilhadas onde os caminhos se encontram. E também o mensageiro entre os homens e os orixás, o responsável pelo contato entre o Orum, mundo espiritual e o Aiyê, mundo material. O principal símbolo de Exu é o ogó, porrete de madeira em forma de falo.

Exu (que na língua iorubá significa esfera) é a divindade mais controversa do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Exu é a ordem, aquele que multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana.

Muitas são as conclusões e equívocos relacionados com Exu, o pior deles é associa-lo como um deus voltado para a maldade e para a perversidade. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano, porque não é completamente mau, nem completamente bom, assim como o homem é um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.

LEIA OUTROS ARTIGOS DE LUIZ ALBERTO CARLOS

MAMA ÁFRICA

TAMBORES ANCESTRAIS

MPB, MULHER PRETA BRASILEIRA(RIDICULARIZADA)

Na África está associado ao poder da fertilização e a força transformadora das coisas. Nada se faz, portanto, sem sua permissão. Só através de Exu que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodunmaré. Nos rituais ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo ocorra, corretamente, sem interrupção e com a devida proteção. E de garantir que sua função de mensageiro entre o Orum, mundo espiritual e o Aiyé, mundo material, seja plenamente realizada.

É importante ressaltar que os exus não têm amigos nem inimigos. Protegem sempre aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores. Sempre sensatos, querem situações pacíficas, mas são mestres em resolver contendas. Mas cuidado. Felicidade não faz alarde!(Ilustração: jornal.ufg.br)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

VEJA TAMBÉM

PUBLICIDADE LEGAL É NO JUNDIAÍ AGORA

ACESSE O FACEBOOK DO JUNDIAÍ AGORA: NOTÍCIAS, DIVERSÃO E PROMOÇÕES