PRÊMIO para negros e índios na literatura. Absurdo?

prêmio

Na semana passada tomei conhecimento de dois concursos literários, específicos e bem direcionados, esclarecedores e com objetivos bem definidos: Prêmio Machado Preto de Literatura, para autores negros, e Prêmio Borduna Bordo de Literatura, para escritores indígenas. Os gêneros aceitos são poemas/poesias, prosa poética, minicontos e microcontos. Para valorizar a “diversidade na literatura”, os prêmios são exclusivamente dedicados para pessoas escritoras que se autodeclaram negros e/ou indígenas. Pois bem! Uma senhora branca, participante de um grupo de literatura onde apareceram os tais editais de convocação dos concursos, comentou com as seguintes palavras:

– Imaginem só se a coisa pega, que absurdo concursos, com participação só de negros, só de índios??? Gente onde vamos parar desse jeito???

Podem parecer estranhos, mas não deixam de ser apropriados. Pois a literatura branca, feita de forma tendenciosa, muitas vezes usam de palavras que sugerem propagandas enganosas e mesmo usando palavras encontradas com definições nos mais conceituados dicionários de Língua Portuguesa, classificam essas etnias, que causaram tanto espanto nessa senhora, como: ‘índios’, ‘silvícolas’ e ‘selvagens’. E os negros como ‘africanos’ ‘escravos’ e também generalizam que os descendentes são ‘filhos de escravos’. Aí eu pergunto:

– Está cômodo assim? Até quando vai ser deste jeito? Por que deveríamos aceitar e não mudar esses “pensamentos tortos” que denigrem as imagens dos índios e dos negros?

Neste país hipócrita, a maioria dos aventureiros vieram para se dar bem na vida. Nos seus países de origem fugiram da guerra, pobreza e fome. Hoje se sentem donos desta terra, mesmo com a maioria dos nomes de cidades, estados, coisas, localidades, acidentes geográficos, e muitos costumes têm nomes indígenas e africanos, inclusive a rica culinária. Aí tem alguma coisa errada. Essas culturas ilustram o cenário brasileiro no universo. Qual é o problema? 

A atual transição planetária está trazendo tudo isso à tona e teremos que seguir em frente na acessibilidade e na meritocracia. A minha atuação não combina com a sua ação. Aceita ou rejeita? Paramos ou continuamos? Teremos que garantir, no mínimo, o básico que é a dignidade. Os filhos e filhas da Diáspora Africana, onde cidadãos negros foram arrancados de suas terras para serem escravizados, obrigatoriamente e com maus tratos, inclusive nas terras onde os índios já habitavam “os verdadeiros donos da terra” foram invadidos e massacrados.

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Precisamos realmente de mais educação para transformar a realidade. Nossa origem, nossa cor, qual o preconceito? Nem é inclusão ou exclusão, é só reconhecer o que está certo e terá que ser aceito. A tática da esperança nem sempre é a melhor. Teremos de exaltar a beleza da essência para que não haja mais a possibilidade de se apropriarem do talento alheio. O poder da vontade liberta! Caminho de volta. O Roger Waters, criador do Pink Floyd, disse:

-Existe a raça humana. Somos todos africanos!

Coisa impactada. Não devemos dissimular coisas feias com palavras gentis. Aqueles que vivem sempre querendo enganar, são uns tolos, sempre irão achar quem os ludibriem. Precisamos mesmo de almas gentis para elevamos o padrão de conforto para todos. Amor sustentável. Vida de inspiração. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

LUIZ ALBERTO CARLOS

Natural de Jundiaí, é poeta e escritor. Contribui literariamente aos jornais e revistas locais. Possui livros publicados e é participante habitual das antologias poéticas da cidade.

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