Professora teria feito comentários racistas para estudante de 12 anos

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O volumoso cabelo cacheado, unido aos olhos verdes e a pele negra sempre chamou a atenção e valorizou ainda mais a beleza da aluna da EE Cecília Rolemberg Porto Gueli, na vila Rio Branco, em Jundiaí. Porém, o que é motivo de orgulho e empoderamento para a menina de 12 anos teria sido motivo de chacota e comentários de cunho racista vindos de uma professora no último dia 10. O caso foi divulgado pelo site ponte.org, em matéria assinada por Gil Luiz Mendes. O site é especializado no debate de questões relacionadas aos direitos humanos.

A garota foi às redes sociais. Em vídeo, ela afirma: “no final da aula, a professora fez algumas críticas ao meu cabelo. Disse que é muito feio, não combina com meu olho verde, que eu precisava passar uma escova ou um creme porque o meu cabelo é muito bagunçado. No momento fiquei um pouco constrangida porque foi na frente de todos os meus colegas de classe. Chega de preconceito! Meu cabelo não é bagunçado e feio. Eu tenho cabelo crespo e não vou alisá-lo”. O Jundiaí Agora solicitou informações à assessoria de imprensa da Secretaria de Educação do Estado. Também fez contato com a advogada da família de Karen, Ieda Jesus, que foi vice-presidente da Comissão da Igualdade Racial na empresa OAB Jundiaí. Até agora, o JA não obteve retorno.

Voltando à matéria do ponte.org, a mãe da estudante conta que a filha ficou muito abalada e chorou o dia inteiro. “No dia 10, cheguei em casa por volta das oito da noite e percebi que ela estava muito triste e com os olhos inchados de tanto chorar. Pedi para ela me contar o que tinha acontecido e ela disse que durante a aula a professora começou a falar dos meninos que eles eram bonitos e usou até o exemplo do irmão dela que tem o cabelo liso e que ele se tornaria um garanhão quando crescesse. Ainda falou que as meninas tinham que se cuidar e se arrumar”, revelou a mãe.

Após o suposto constrangimento, a estudante do sexto ano do ensino fundamental procurou a coordenação da escola para comunicar o fato, mas segundo a mãe, a menina não teria sido acolhida pelo corpo docente da escola, que teria se limitado a fazer com que a professora lhe fizesse um pedido desculpa e que tudo não tinha passado de uma brincadeira.

A mãe tentou contato por telefone com o coordenador do estabelecimento de ensino e não teria sido atendida. “Eu liguei e ele me disse que não poderia me atender naquele momento porque estava dirigindo. Retornei a ligação momentos depois e ele não me atendeu mais”, relata a mãe.

A escola teria entrado em contato com a família apenas na segunda-feira (13), informando que a professora seria advertida por conta das declarações. A mãe, não satisfeita com a postura da escola, fez um boletim de ocorrência no 1º DP de Jundiaí. O caso foi registrado pela Polícia Civil como injúria racial. Em outubro deste ano, o Supremo Tribunal Federal equiparou a pena deste tipo de delito com os crimes de racismo e não podem mais ser prescritos. Caso seja condenado, o autor das ofensas pode pegar uma pena de três a cinco anos. Se o crime for praticado contra menor de dezoito anos a pena é acrescida por mais um terço do tempo.

O caso está sendo acompanhado pelo movimento Jundiaí Sem Racismo que compartilhou o vídeo feito pela estudante. O grupo repudia os fatos ocorridos na escola e a falta de iniciativa de acolhimento da professora. “O que aconteceu com esta garota em um colégio público estadual, onde a ação da professora e a não tomada de decisão e providências cabíveis para o momento, o grau de importância zero para o ocorrido, por parte da direção e da coordenação do colégio, prova que a luta antirracista em conjunto com uma educação antirracista, se faz cada vez mais urgente e necessário”, disse o coordenador da frente Vanderlei Vicitorino.(Texto: ponte.org/Foto: Google StreetView)

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